capitulo 4: tentativas em vão ( parte 9)
Helena entrou em casa com o coração acelerado, ainda processando a surpresa da encomenda. Ao abrir a porta, encontrei uma cesta repleta de chocolates finos, uma garrafa de vinho italiano e um buquê de rosas vibrantes. Ela hesitou por um momento, sentindo uma mistura de curiosidade e desconforto. Com um movimento rápido, pegou o cartão que acompanhava os presentes e leu: ´ "Em cada passo, uma luz que reluz, Tua beleza é um sol que seduz. Neste presente, um pouco do meu carinho, Um brinde à beleza que há no caminho. Mesmo impossível, quero que saiba Que há uma grande admiração que nunca se acaba."— Estevão.
Helena leu aquilo e sentiu o estômago revirar. Não podia acreditar no que via; era ousado demais, e errado. Ela se afastou um pouco da mesa, tentando se recompor. Como ele se atrevia a paquerá-la? Estevão era um homem casado, da idade de seu pai, e tinha dois filhos. Um suspiro pesado escapou de seus lábios enquanto ela balançava a cabeça em desaprovação. Era imoral e completamente inaceitável.
:_ isso só pode ser uma piada, uma brincadeira de muito mal gosto. eu não posso acreditar muito menos aceitar, isso é totalmente reprovável
:_ minha filha, por que esse homem anda mandando presentes para você?
Helena olhou para Sebastiana , chamou a antiga babá para o canto e confessou:
:_ Tiana ,já faz um tempinho que esse cara vem me paquerando, desde a festa que meus pais fizeram. Eu sinto os olhares que ele me lança. Ele já foi claro comigo e até tentou me presentear com uma joia, que eu recusei, é claro. Mas hoje, ele me encontrou no vilarejo e, com a maior cara de pau, veio falar comigo como se nada tivesse acontecido
Sebastiana indagou, os olhos arregalados em choque:
:_ minha filha esse homem anda te assediando ?
:_ não diria essa palavra, mas é totalmente chato toda essa situação, ele não percebe que papel mais ridículo
:_ é melhor se desfazer desses presentes antes que seu pai veja isso. Ele não vai suportar saber
:_ eu sei, mas eu tenho que encontrar uma forma de para-lo
Helena deu uma pausa dramática, olhando pela janela enquanto pensava no que fazer. Ela não queria estragar o final de semana que seria curto, muito menos ir confrontar Estevão. Respirou fundo, franzindo a testa ao imaginar o mal-estar que isso causaria em Joane. Embora Joane tivesse agido errado com Inês, Helena não queria ferir uma mulher. Ela passou a mão pelo cabelo, sentindo a tensão em seus ombros. A verdade é que não poderia continuar sendo cortejada por um homem casado. Sabia que se não agisse, poderia dar a impressão de estar omissa e conivente com toda aquela situação. Com um suspiro profundo, decidiu que precisava tomar uma atitude, mas o que?
:_ Tiana, me ajude a jogar isso fora de forma que meus pais não vejam. Não quero trazer problemas ao meu pai, que sempre teve esse homem como um amigo.
:_ claro minha linda
:_ obrigada , Tiana. Eu vou me vestir e vou falar pessoalmente com ele.
:_ minha filha, isso é perigoso. Esse homem pode fazer algo contigo
:_ não, creio que não, Tiana. Vou até a casa dele e invento uma desculpa, enfim
:_ é totalmente perigoso, Heleninha! Esse homem pode sentir-se ameaçado, e a esposa dele pode se sentir desrespeitada
:_ eu sei, Tiana, mas se eu não fizer nada, vai passar a impressão de que estou gostando da situação, sabe? Mais cedo ou mais tarde, podem dizer que eu até correspondo, e não quero que ninguém duvide de mim, do meu caráter.
Sebastiana soltou um suspiro, entendendo a aflição da moça. Ela passou a mão no rosto de Helena, que ainda estava úmido por causa da piscina, em um gesto de carinho
:_ esse Estevão sempre foi assim minha filha, é melhor só jogar fora e só isso.
Helena , ainda em dúvida, balançou a cabeça em sinal de negação e, mais uma vez, explicou sua necessidade de esclarecer aquela situação
:_ essaspessoas de São Jorge costumam se deixar levar pela opinião alheia. Eu não quero ficar mal falada nem envergonhar o nome da minha família, do meu pai. Entende, Tiana?
Sebastiana segurou a mão de de Helena com firmeza, determinada a apoiá-la
:_ então me deixe ir contigo
:_ não creio que seja necessário, não quero te envolver nessas situações
:_ minha linda você é como uma filha para mim. Eu não posso admitir que você se coloque em uma situação de risco sozinha, sem ninguém para te ajudar. Olha, eu sei que já é uma mulher, mas para mim você será sempre uma menina
Helena brilhou os olhos e sorriu para Sebastiana, sentindo-se tocada pelas palavras dela
:_ eu sei Tiana, e eu agradeço todo o seu amor e cuidado. Saiba que você mora em meu coração, mas é algo totalmente embaraçoso
:_ seus jamais vão admitir que eu te deixe em uma situação de risco sozinha, Heleninha
:_ tá bom, Tiana, você tem razão. Bem, eu vou me vestir e você pode me acompanhar?
:_ claro que sim linda
:_ vou deixar um aviso aos meus pais
Helena subiu as escadas, ainda sem saber se a atitude que estava prestes a tomar era a correta. O coração batia acelerado, e ela não sabia bem o que dizer, mas estava determinada a não carregar a culpa por algo que não era sua responsabilidade, Virou as costas e chamou por Sebastiana, sua voz um pouco trêmula
:_ Tiana, por favor, guarde este bilhete. Eu entregarei nas mãos de Estevão
Sebastiana olhou para ela com preocupação, mas assentiu, disposta a ajudar.
Helena vestiu o primeiro vestido que encontrou no cabide. Não estava preocupada com a aparência, apenas em não usar algo curto demais. Calçou um par de sapatos confortáveis que ficavam bons para dirigir, pegou sua bolsa e um óculos de sol. Seu cabelo ainda estava molhado da água da piscina, o que a tornava ainda mais sensual. Desceu as escadas com a chave do carro em mãos e questionou se Sebastiana estava pronta.
:_ estou sim filha
:_ podemos ir então Tiana, vai ser rápido não quero prolongar a conversa
Sebastiana também pegou sua bolsa
:_ avisou seus pais , filha?
:_ vou deixar uma mensagem de voz no whatsapp
ainda sem saber o que, ao menos, iria falar, saiu de casa ao lado de sua antiga babá, que sempre estava disposta a ajudar, cuidar e proteger Helena. Enquanto caminhavam, ela sentia a pressão crescer em seu peito, mas também a segurança de ter Tiana ao seu lado.
A família Gomes morava no vilarejo que ficava a cerca de 10 a 15 minutos da fazenda dos Reis. Sebastiana , avisou Helena que havia retirado uma foto em seu celular do que Estevão lhe mandara.
:_ caso esse homem tente te passar como mentirosa
:_ obrigada, Tiana. Eu não havia pensado nisso. Ainda bem que você fez
:_ eu lamento muito que esteja passando por essa situação, esse senhor tem idade para ser seu pai e agindo assim
:_ ainda por cima é um homem casado, totalmente desrespeitoso comigo e com a Joane
:_ de acordo minha linda, e embora eu ache arriscado sua atitude de ir confronta-lo você tem razão em colocar um basta
Ao chegarem na casa da família Gomes, foram atendidas por Paulina, funcionária do lar, que as recebeu com um doce sorriso.
:_ boa tarde dona Sebastiana
:_ boa tarde Paulina
Paulina e Sebastiana eram conhecidas, pois, como moravam em uma cidade pequena do interior, a maioria das pessoas se conhecia. Embora Paulina ainda não conhecesse Helena, cumprimentou-a com um sorriso caloroso. Helen, um pouco nervosa, então perguntou:
:_ a dona Joane se encontra?
:_ dona Joane não está, mas creio que ela não demora
:_ ah , sim. O senhor Estevão está? Gostaríamos de falar com ele, viemos da parte do meu pai
:_ sim, ele se encontra, mas está no escritório. Não sei se poderá atendê-las
Sebastiana, percebendo a necessidade de insistir, conduziu a conversa.
:_ Paulina, nos faça esse favor, por gentileza. Viemos da parte do senhor Tadeu dos Reis. Pergunte se seu patrão pode nos atender. Esta é a menina Helena dos Reis
Paulina assentiu, um pouco relutante.
:_ bom, eu vou perguntar, porém não garanto nada
:_ tudo bem
Paulina foi até o escritório de Estevão, deu duas batidinhas leves na porta e ouviu o resmungo do patrão.
:_ entre!
:_ seu Estevão, me desculpe incomodar. Eu sei que o senhor está ocupado, mas...
Estevão não deixou que Paulina continuasse falando
:_ fale de uma vez!
:_ tem uma moça que veio falar com o senhor, uma tal de Helena. Parece que é filha de Tadeu dos Reis
Estevão arregalou os olhos, levantando-se em um susto.
:_ peça que ela entre, por favor. Não, melhor... eu vou atendê-la
Apesar da idade, Estevão era um homem muito atraente. Estava vestido com uma gola polo e uma bermuda, já que estava em casa. Sentiu o coração pulsar forte ao saber que Helena havia ido até a sua casa procurá-lo. Desceu as escadas com um sorriso no rosto, mas ao se deparar com Sebastiana ao lado da moça, o sorriso se desfez um pouco.
:_ Helena
:_ boa tarde, senhor Estevão
:_Que surpresa agradável a sua presença!
:_ eu gostaria de tratar um assunto com o senhor
:_ claro que sim, vamos ao meu escritório por favor
Sebastiana se dirigiu com Helena ao escritório na casa da família Gomes. Ela não queria deixar a moça sozinha, temendo que Estevão pudesse fazer algum mal a ela. puxou duas cadeiras para que as mulheres pudessem se sentar, tentando manter a educação.
:_ por favor senhoritas
:_ não precisa pois o que eu tenho para falar é rápido!
Helena então o-encarou nos olhos de Estevão, determinada a deixar claro que não estava ali para conversas longas.
Victor ainda se encontrava atormentado por causa de Ana Beatriz. Ele caminhava de um lado para o outro em seu quarto, perdido em pensamentos confusos. Não podia enganar a si mesmo; ainda gostava dela, mas se lembrava do quão ela desfez seu amor. Ela preferiu continuar insistindo em uma paixão não correspondida, fadada ao fracasso. Seu orgulho não o deixava esquecer o que passou, que Ana Beatriz seguia obcecada por Otávio. enquanto, por outro lado havia Luísa, uma mulher doce, bonita, inteligente e esforçada, que o amava. Sempre foi apaixonada, fiel, sincera e cheia de qualidades. Ele sentia o peso da consciência ao pensar que não poderia fraquejar e enganar Luísa. Foi difícil resistir ao beijo de Ana Beatriz, que estava ali, carente, sozinha, entregue a qualquer aventura que pudesse por alguns minutos ou horas, apagar o amargo desamor que lhe invadia.
Gabriela estava em casa naquela tarde de sábado, ainda cansada pela rotina entediante. Ligou a televisão em um canal infantil para que sua filha Cecília assistisse, e, enquanto se acomodava no sofá, decidiu verificar algumas mensagens de texto no celular. Parou na conversa que tinha com Bruno, seu primeiro e único amor, e pai de Cecília. ficou encarando por longos minutos a foto de perfil dele, acariciando a tela com a ponta dos dedos. Um suspiro de tristeza, mágoa, medo e desamor escapou de seus lábios. Falou baixinho para si mesma:
:_ como é possível, meu amor, que estamos vivendo isso? Você tão longe de mim e da nossa filha. Aliás, você nem acredita que Cecília possa ser sua filha...
ainda suspirando, ela olhou para o rosto de sua filha. Os olhos brilhavam de inocência, e o rosto lindo tinha um rubor pêssego nas bochechas. O sorrisinho com os dentinhos que já começavam a aparecer iluminava ainda mais seu semblante. O cabelinho avermelhado, era uma marca registrada de Gabriela. ao ver a ingenuidade e os olhos brilhantes de Cecília, lágrimas inundaram seus olhos. Gabriela fez um afago na cabeça da filha e, com a voz suave, disse:
:_ Você é minha fortaleza, minha menina
Os cabelos avermelhados e cacheados de Gabriela desciam suavemente por seus ombros, enquanto seus olhos verde-emeraldinos brilhavam como joias preciosas. Sua beleza era marcada pela pele clara, salpicada de poucas sardinhas, e um leve blush que realçava sua jovialidade. A delicadeza de seus traços a tornava irresistivelmente meiga. Após Bruno, Gabriela não pensou mais em encontrar um novo amor. O coração dela ainda pertencia ao pai de sua filha. Ela sabia que, se ele descobrisse a verdade , poderia nunca mais a perdoar. Muitas vezes, ficava perdida em pensamentos, imaginando o que teria acontecido se as coisas fossem diferentes. O medo de sua reação a acompanhava em cada momento, como uma sombra constante.
Gabriela foi a mulher que Bruno mais amou em sua vida. Sua paixão de adolescência, a conexão entre eles era real e apaixonante. Cada olhar trocado, cada riso compartilhado, construía um laço que parecia inquebrável. No entanto, o amor dos dois foi abruptamente interrompido pelos pais de Bruno, Estevão e Joane. quando descobriram o namoro escondido do filho com Gabriela, a reação foi feroz. Eles não aceitavam que Bruno se envolvesse com uma moça pobre, de origem humilde, tão diferente dos planos que tinham para a vida dos filhos.
Gabriela decidiu mandar mais uma mensagem a Bruno, puxando assunto com a desculpa do exame de DNA de Cecília. Era uma maneira sutil de se aproximar e iniciar uma conversa com o pai da sua filha. Enquanto digitava as palavras, seu coração batia mais rápido; talvez, quem sabe, essa fosse a oportunidade de reacender aquele amor do passado. Ela enviou a mensagem e ficou esperando ansiosamente pela resposta, lembrando de todos os momentos que viveram juntos. Bruno sempre foi o amor da sua vida, e a ideia de reviver algo entre eles a enchia de esperança. Enquanto isso, Bruno estava em seu quarto, descansando e jogando vídeo game. Com o celular no silencioso, ele não ouviu o aviso da mensagem que chegava pelo WhatsApp. Imerso em sua partida, ele estava alheio ao turbilhão de sentimentos que se desenrolava do outro lado da tela, onde Gabriela aguardava, cheia de expectativa e nervosismo.
Estevão observou Helena, e, por alguns segundos, se perdeu na beleza da jovem. A forma ousada como ela o encarava o deixava ainda mais intrigado e feroz. Ele se aproximou, com um sorriso desafiador, e disse:
:_ então , senhorita Helena, me diga, por favor, o que devo à sua agradável presença?
Helena respirou fundo, decidida:
:_ eu vou ser direta , pois não tenho tempo a perder. Quero que seja a última vez que você me mande presentinhos
Estevão se afastou da mesa, cruzando os braços com um olhar irônico
:_ então , quer dizer que você recebeu minha cesta de chocolates? Ora, Helena, foi apenas um presente de boas-vindas para a mulher mais bonita de São Jorge
O tom provocador dele só intensificou a tensão no ar. Helena revirou os olhos, determinada a não se deixar levar pela sutileza da complimentação. Estevão não fazia mais questão de esconder o interesse que sentia por ela, mesmo na presença de Sebastiana, que observava tudo com um olhar de desaprovação
:_ de você, eu não quero nada, nem mesmo seu "bom dia", se for possível. eu nunca te dei liberdade para que esse tipo de situação ocorresse, então se coloque em seu lugar
Estevão inclinou-se ligeiramente para frente, o sorriso desafiador se ampliando em seu rosto.
:_ Helena, Helena, Helena... Eu adoro mulheres difíceis. Essa sua forma de ser, sua bravura, te tornam ainda mais interessante. Eu adoro um desafio, e sempre consigo tudo o que quero. A paciência é uma das minhas virtudes
Ela balançou a cabeça, desdenhosa
:_ para mim , isso tem outro nome: falta de caráter
:_ mas me diga , o que achou dos chocolates?
:_ está no lixo. Eu nem abri
:_ nossa , Helena, assim me ofende! ao menos o vinho você provou? Eu sei que seus pais são apreciadores de boas bebidas; se você puxou a eles...
:_ todos eles estão no lixo. Vamos encerrar esse assunto por aqui. Eu quero, eu exijo que isso não se repita, porque, além de ter que conversar com a sua mulher, vou precisar agir de acordo com a justiça. Sua importunação já está passando dos limites.
:_ meu bem, eu apenas estou sendo cordial. Não há erro ou crime em um homem ser educado com uma moça, ainda mais com uma amiga da família. Você é a moça mais bonita que já pisou em São Jorge
:_ educação não inclui invadir o meu espaço ou ficar mandando presentinhos. Coloque-se em seu lugar. Com a sua idade, você tem idade para ser meu pai.
A declaração dela cortou o ar como uma faca. Estevão sentiu um misto de frustração e admiração pela audácia de Helena. Ela não tinha medo de confrontá-lo, e isso o intrigava ainda mais.
:_ eu sei exatamente que, cedo ou tarde, você não vai resistir e vai ser sim minha, somente minha. eu já disse que sei esperar. Não sou um velho, sou um homem maduro e interessante, e sei que mais cedo ou mais tarde você vai confessar isso para si mesma.
:_ ou para com a gracinha, ou o “bilhetinho” vai chegar até as mãos da sua mulher, da sua filhinha complexada que me odeia. E sabe por que me odeia? Porque ela é apaixonada pelo meu namorado
:_ do que está falando de Ana Beatriz?
:_ apenas a verdade. Estou apenas afirmando o que você não quer enxergar. Você pode achar que pode controlar tudo, mas a verdade é que não pode. O que você está fazendo não é apenas impróprio, é desrespeitoso
Estevão cruzou os braços, o olhar desafiador.
:_ sobre a minha mulher, ela não vai se deixar levar por isso. Além do mais, você jogou o presente fora, então não vou ceder às suas chantagens. E sobre a minha filha, você está nervosa, tentando me atingir.
Helena sorriu sarcasticamente
:_ não, bem que eu queria que fosse blefe, mas é a verdade. Sua filhinha é apaixonada pelo meu namorado. A falta de respeito deve estar no DNA, não é mesmo?
Ele a observou, surpreso, tentando processar a informação enquanto o impacto das palavras dela se instalava
:_ Agora, com licença, passe bem. O recado já está dado
Helena estava descendo as escadas para ir embora da casa da família Gomes. Tentou avistar se Bruno estava em casa, pois não queria causar mal-estar, especialmente levando em conta que ele namorava a sua cunhada Inês e que a convivência deles era amigável. porém ao passar pela sala de estar, ela se deparou com Ana Beatriz, que questionava Paulina
:_ ei, Paulina
:_ sim, senhorita Beatriz
:_ eu ouvi vozes vindo do escritório do meu pai. Tem alguém aqui?
:_ sim , senhorita Beatriz. São duas senhoras que vieram falar com seu pai.
:_ e quem seriam elas ?
Antes que Paulina pudesse responder, Helena apareceu na sala de estar. A presença dela causou um extremo nervosismo em Ana Beatriz, que imediatamente endireitou a postura e lançou um olhar desconfiado.
Ana Beatriz disparou, seu tom ácido ressoando na sala:
:_ o que tá fazendo aqui ?
Helena tentou ignorar a presença dela, mas não seria uma tarefa fácil; o clima entre as duas era tudo, menos amigável.
:_ Paulina, obrigada pela atenção
:_ por nada senhorita
Ana Beatriz dirigiu-se mais uma vez a Helena e desta vez foi mais crucial e feroz
:_ tá surda, garota? Te fiz uma pergunta.
Helena respondeu, a ironia evidente em seu tom:
:_ oh, meu amor, desculpa, mas não vou poder bater papo contigo. Minha saliva é gasta com quem merece, e não é com discussão, tá?
:_ você está na minha casa e exijo explicações
:_ não, a casa é dos seus pais, e não te devo explicações de nada
:_ é minha casa ,garota tola
:_mas faça assim: suba e questione o seu pai, pois meu assunto é com ele e não com você
As palavras de Helena ressoaram no ar como um desafio. Ana Beatriz sentiu a raiva subir, mas não queria mostrar fraqueza. As duas se encararam, cada uma determinada a não ceder.
:_ e o que você tem a ver com meu pai? Tá atrás dele agora? Já não basta o Tavinho?
Helena soltou um sorriso espontâneo, mas carregado de ironia
:_ ´´Tavinho´´? Para de forçar essa intimidade que você nunca teve, sua iludida!
Ana respondeu, tentando manter a firmeza, mas sua voz tremia ligeiramente:
:_ isso é o que ele diz, né?
:_ não, isso é o que o seu despeito demonstra
Ana Beatriz sentiu a raiva crescendo, mas não queria dar o braço a torcer
:_ você vem à minha casa e quer me desafiar? Que audácia a sua! Tá achando que minha paciência é eterna?
:_ eu sequer vim para falar com você; vim falar com seu pai. E se isso incomoda, talvez você devesse pensar no que realmente está acontecendo ao seu redor
:_ ah ,já sei... de certo tá querendo uma aproximação com meu pai, né? Sua aventura com Tavinho deve ter chegado ao fim, e você quer um homem para assumir a responsabilidade. Mas olha aqui: meu pai é um homem muito, mas muito bem casado
Helena soltou uma gargalhada , divertida com a acusação
:_ oh meu amorzinho,, fica tranquila, que eu não sou desesperada como você. Não sou de me arrastar por homem comprometido, nem todas são iguais a você. E quanto ao meu namoro, para de ser iludida. Tavinho e eu estamos muito bem, você viu ontem, né?
A provocação de Helena fez o sangue de Beatriz ferver. Ela se aproximou, a voz baixa e ameaçadora:
:_ Se você acha que pode entrar aqui e se comportar assim, está muito enganada. Isso não vai acabar bem para você.
:_ E se você acha que vai me intimidar, está se enganando .Eu não sou da sua laia e conheço muito bem seus teatrinhos. Meu foco é outro; você é quem não cansa de ser uma iludida
A raiva e o nervosismo faziam Ana Beatriz tremer. Ela estava prestes a explodir.
:_ eu ainda vou fazê-la se arrepender das suas palavras. Você me julga tão pouca coisa, mas saiba que não sou indiferente ao Tavinho. E sim, ele ainda vai ser meu, meu! E você vai perder. Não pense que vai sair vitoriosa dessa
:_ sua autoconfiança é tão falha quanto a sua autoestima. Você esquece que Tavinho, meu namorado, tem vontade própria, e ele já provou por A mais B onde e com quem deseja estar
:_ Você não sabe de nada! Ele pode estar hoje com você, mas o futuro a Deus pertence. E saiba que vou lutar com unhas e dentes para tomá-lo de você. Não pense que ele é um santo, meu amor. Você tão longe, e eu aqui tão pertinho, linda, cheirosa e pura.
- Ana Beatriz disparou, sua voz ecoando pela sala. ,Os gritos dela despertaram a atenção de Estevão, que descia as escadas para averiguar o que estava acontecendo
:_ não levante o santo nome em vão, meu amor. Faça o que desejar. Eu nunca fui empecilho para você estar com ele, até porque você já estava afim dele antes de eu conhecê-lo. Ele nunca te quis, nunca! E isso não é culpa minha
A tensãona sala cresceu, e Estevão parou na porta, observando a troca de farpas entre as duas mulheres. Ele sabia que precisava intervir, mas antes queria entender se o que Helena havia dito sobre sua filha era verdade.
:_ Você pode achar que está no controle, mas eu não vou desistir tão facilmente. O que você tem que eu não tenho?
Helena se aproximou também, mantendo a cabeça erguida , a confiança evidente.
:_ desculpa, mas eu sou modesta e não quero humilhá-la ainda mais. Quando você colocar a cabeça no travesseiro, reflita sobre isso, tá bom?
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