sábado, 12 de outubro de 2024

my only one - 2 temporada


capitulo 4: tentativas em vão ( parte 10)  



Estevão , que estava parado assistindo a toda a cena sem que sua filha Ana Beatriz percebesse, resolveu se pronunciar sobre aquela situação. Ele ainda não conseguia acreditar no que ouvia, negando-se a aceitar que a filha tinha interesse em um peão da fazenda dos Reis. Com a voz firme, ele se impôs: 
:_ Ana Beatriz, o que tá acontecendo aqui? 
Ana Beatriz, surpresa e um misto de indignação, tentou manter a compostura. Helena, no entanto, aproveitou a oportunidade para expor a situação. 
:_ Estevão, eu estava apenas esclarecendo algumas situações com a sua filha que me questionou sobre o motivo de eu ter vindo à sua casa. Você quer conversar com ela? Eu já estou de saída. Mande lembranças à Joane, com licença
Ana Beatriz disparou, a raiva evidente em seu olhar: 
:_ não pense que isso vai ficar assim, sua piranha loira. Não quero que você volte à minha casa, muito menos que venha procurar meus pais. Não somos amigas, e se está querendo alguém para assumir a responsabilidade, veio ao lugar errado
Estevão, percebendo que a situação estava fora de controle, interveio com firmeza: 
:_ cale-se , Beatriz. A família dos Reis sempre foi nossa amiga, e minha casa está de portas abertas a todos os membros. Porém, na minha casa, não vou admitir discussões e desentendimentos.
:_ está claro como a água do mar o que está acontecendo aqui e por que isso evoluiu para um desentendimento. A sua filha está lidando com sentimentos que a confundem, especialmente em relação ao meu namorado
:_ cala a boca !Pai, isso não é verdade, essa garota está inventando tudo isso, ela me detesta! 
:_ eu não sinto nada por você, nem desprezo. É a verdade, Ana Beatriz. Você está apaixonada pelo meu namorado, e nem tente desconversar. Faz apenas alguns minutos que seu pai está ali parado ouvindo nossa "conversa". Agora, passe bem, gatinha!
Helena , ao lado de Sebastiana, se retirou da casa da família Gomes. Estevão pediu que Paulina os deixasse a sós com Ana Beatriz. Com toda a seriedade, direcionou a conversa à filha. 
:_ então era verdade o que a senhorita dos Reis falava? Eu não posso acreditar que você tem interesse em um peão
Ana Beatriz , visivelmente nervosa e desconfortável com a situação que Helena havia lhe colocado, abaixou o olhar para o chão, incapaz de encarar o pai nos olhos. Ela sabia do que ele seria capaz. 
:_ é blefe dessa garota. Como eu sou amiga da Inês, ela sente muito ciúmes e teme que exista alguma aproximação entre Otávio e eu 
:_ não vejo motivos para que Helena sinta ciúmes de você 
as palavras do pai cortaram como lâmina, aumentando a angústia de Ana. Ela se sentia inferior a Helena, como se toda a sua insegurança estivesse sendo exposta.
:_ acredite ou não é a verdade
:_ vai negar que se interessa por esse peão ?
Ana Beatriz se calou. As palavras falharam, e ela não conseguia mentir para si mesma sobre o amor que sentia por Otávio. A luta interna a consumia, e o silêncio entre eles se tornou ensurdecedor 
:_ você nem consegue me responder uma simples pergunta 
:_ ele é um cara bonito, legal, divertido, e sim, ele acaba atraindo olhares, o que faz com que essa garota sinta ciúmes dele, especialmente por ela estar tão distante. Mas é paranoia dela, eu nunca...
Estevão a interrompeu, sua voz firme.
:_ chega ! Eu ouvi muita coisa, e não é mentira ou paranoia dela. Você tem interesse nesse peão. Mas tenha em mente que isso nunca acontecerá. E se você insistir nessa teimosia e esse peão ousar colocar os olhos em você, eu te deserdo! 
Ana Beatriz sentiu um frio na espinha com as palavras do pai, mas a indignação tomou conta dela. 
:_ o Bruno pode namorar a Inês, que é irmã de Otávio e tão pobre quanto ele. Pode ter tido um filho com a Gabriela, que é filha de uma professora! Mas eu não posso ser feliz ao lado do homem que amo? Sim, pai, eu sempre amei Otávio Ferraz e sempre amarei!
:_ não se envergonha de dizer isso? Que tipo de mulher você é? Eu pensei que tivesse criado você para ter respeito, decência e dignidade, mas parece que me enganei!
Ana Beatriz sentiu a indignação queimar dentro dela, mas manteve a firmeza.
:_ agora me diga, o que essa garota veio fazer atrás de você? Não me diga que veio falar sobre Otávio, porque eu não acredito! 
:_ eu sou o seu pai, dono e chefe dessa casa, e não te devo satisfações
:_ e a Joane? Tenho certeza de que ela não vai gostar de saber que uma mulher veio lhe procurar na casa dela! 
:_ a sua mãe confia em mim e sabe do meu caráter. Helena veio tratar de assuntos do escritório de Tadeu 
:_ você acha que sou ingênua para acreditar nisso? De certo, ela é uma das suas amantes!
:_ você me respeita, menina! Essa acusação sua é infundada. Helena é filha de um dos meus melhores amigos. É uma garota que vi nascer e, acima de tudo, é uma mulher de caráter, digna de respeito e muito profissional 
:_ Profissional? Então por que você não a chamou para vir ao escritório? Por que teve que ser aqui, na nossa casa?
:_ por que hoje é sábado e o assunto tem uma seriedade profissional que não dava para adiar 
:_ é sobre a gravidez dela ?
:_ do que tá falando ?
:_ você não sabia que ela tá grávida ? 
:_ não, por que isso não me diz respeito 
:_ curioso que ela venha te procurar logo nesse período de gravidez. Sabe, papai, será que o filho não é teu? Não vou aceitar um bastardo  a essa altura do campeonato! 
:_ se me ofender mais uma vez , eu não responderei por mim! Se ela está grávida, é um assunto dela e do companheiro dela, e não nosso. Mas eu duvido muito que ela esteja grávida. Ela é uma moça decente, ajuizada, e, além do mais, não seria nenhum problema 
:_ seus olhos brilham quando fala dessa menina
:_ não diga sandices! Eu sinto muita admiração por ela, uma menina tão jovem e inteligente, promissora, tão perfeita assim
Estevão murmurou, quase para si mesmo, ao citar as qualidades de Helena 
:_ essa garota te enfeitiçou! É, pai, você realmente sente algo por ela. No fundo, somos iguais, mas você é pior, porque eu sou solteira e você casado com a Joane! 
:_ o assunto está encerrado! Quero que pare de perturbar Helena e esqueça esse peão, porque ele nunca vai ser nada seu. Se você teimar, deixo minha fortuna no nome do seu irmão e você vai ter que trabalhar, coisa que nunca tentou na vida!
Ana Beatriz sentiu a raiva subir, mas não recuou.
:_ eu ainda vou me casar com Otávio , porque ele é o homem da minha vida! E você terá netinhos com o rosto lindo dele, querendo ou não. Porque, pai, a vida é minha!
:_ , por que não se manda? Você acha que esse peão tem condições de cuidar de você, como você é cuidada em casa? Não se engane, Beatriz! Agora suba para seu quarto, que tenho mais o que fazer e já já a sua mãe chega!




No caminho para a casa, a tensão ainda pairava no ar. Sebastiana, com a preocupação estampada no rosto, não pôde deixar de opinar sobre toda a situação envolvendo Estevão e Ana Beatriz. Sebastiana ficou muito preocupada com a reação deles e o que eles poderiam fazer com Helena
:_ minha filha, você não acha que foi muito incisiva com essas pessoas? 
:_ eu estou cheia dessa família sempre causando transtorno para mim e para as pessoas que eu amo que acabei de passando do ponto, reconheço que fui desaforada e de certa forma até acabei humilhando a Beatriz, mas estava com tudo isso engasgado na garganta a muito tempo
:_ eu compreendo completamente, minha filha, mas temo que você saiba que Estevão não é qualquer pessoa. Ele é um homem poderoso e pode agir para prejudicar vocês
:_ eu não tenho medo desse homem. De verdade, acho que agora ele vai ter muito o que conversar com a filha dele. E, como amanhã à noite viajo de volta para São Paulo, não quero me envolver mais nessa situação 
Sebastiana suspirou, sua expressão carregada de preocupação. Ela sentiu que precisava abordar um assunto delicado 
:_ minha filha,  e quanto ao teste de gravidez? Você já realizou? 
:_ não, ainda não. Estive muito cansada ontem e hoje saí logo pela manhã com a minha mãe. Não tive tempo para isso
:_ filha, é impressão minha ou você está adiando isso? 
Sebastiana olhou para Helena, preocupada, mas a jovem parecia determinada. 
:_ não, não é isso. Eu apenas descarto essa possibilidade de gravidez e não quero criar um drama me precipitando à toa. 
Sebastiana , percebendo a firmeza na voz de Helena, silenciou-se. Não queria ser invasiva nos assuntos pessoais da jovem.

Seguiram em silêncio por alguns minutos mas Helena interrompeu informando que precisava passar no mercado 
:_ vou dar uma passadinha no mercado, mas é rápido eu vou ver se acho uma coisa que a Maitê me pediu 
:_tudo bem minha linda 
:_ assim também consigo explicar para a minha mãe o motivo de eu ter saido novamente 
Helena suspirou ao ver as ruas, o verde e aquele céu azul da tarde em são Jorge
:_ essa cidade é muito linda e arborizada. Eu gosto daqui. Apesar de ser uma cidade do interior, é um lugar encantador. Não sei, mas algo passou pela minha cabeça. 
:_ me conte minha filha 
:_ quero tirar férias aqui em São Jorge. Quando eu terminar de mobilhar meu apartamento, posso fazer um financiamento para comprar uma casa aqui
Sebastiana sorriu, os olhos brilhando com a ideia: 
:_ ah, minha linda, você sabe que seu pai te daria a casa que você desejasse. Nós ficaríamos muito felizes se você decidisse morar aqui em São Jorge. 
:_ eu sei, Tiana, mas quero conquistar as coisas por mim mesma. Ando pensando muito sobre São Jorge. Meu avô quer voltar para cá. O casamento dele com a minha avó já não anda bem há muito tempo, e ele está em São Paulo somente por minha causa
:_ é , minha filha, o senhor Clóvis sempre foi muito apaixonado por essas terras. Esta fazenda é parte da história da nossa família, vem de geração em geração 
Helena suspirou pensativa
:_ pois é, Tiana. Ando pensando muito nisso. Não é justo que ele se sacrifique por mim dessa forma. Mas é algo que preciso refletir com mais calma e tempo


Ana Beatriz subiu para seu quarto, sentindo o coração saltar no peito. A ansiedade dominava seu ser, e a vontade de gritar a consumia. Ela queria enfrentar Helena, provar de uma vez por todas que poderia conquistar Otávio. Sentada na beirada da cama, uma onda de frustração a invadiu; seu coração tremia de raiva, e a humilhação causada por Helena e, ainda por cima, pelo seu pai, a fazia sentir-se pequena.  A cabeça começava a doer, e sua barriga se contorcia em um turbilhão de emoções: raiva, medo e surpresa se misturavam, formando um nó apertado. As lágrimas ameaçavam escorregar, e a mudança de humor tornara-se uma constante em sua vida. Enquanto tentava sufocar o choro, para que ninguém a ouvisse, arranhava uma almofada com força, buscando liberar a raiva sem causar dano a si mesma.
Ela murmurava para si mesma, com os lábios apertados em uma linha tensa: “Ainda vou calar a boca da Helena. Vou fazê-la engolir seu orgulho e essa confiança arrogante.” A cada palavra, a raiva pulsava em suas veias. “Otávio será meu, meu e somente meu! Ele vai me amar como nunca te amou.” A determinação crescia dentro dela, ferocemente. “Não importa o que eu tenha que fazer para isso. Você vai me pagar com juros por sua petulância, sua piranha loira.”
Ana Beatriz levantou-se da cama, os pensamentos turbilhonando em sua mente. Com um suspiro, abriu o guarda-roupa e começou a examinar suas roupas. A presença de Helena sempre a fazia sentir-se insegura e inferior. Para todos, Helena era um exemplo de juventude; não apenas pela aparência, mas pela forma como lutava por seus objetivos, amava a família e respeitava as pessoas. Mesmo sendo uma herdeira de um berço de ouro, ela conquistava tudo com sua própria dedicação. Enquanto Ana Beatriz puxava alguns vestidos organizados no cabide, uma onda de frustração a invadiu. “Esses vestidos são bregas, muito infantis. Eu sou uma mulher!” pensou, com raiva de si mesma. “Se eu quiser que Otávio se interesse por mim, preciso ser mais interessante aos olhos dele.” Lembrou-se do conselho de Nina, que ecoava em sua mente: “Siga isso à risca.” moça não percebia o quanto estava adoecida por essa obsessão de ter Otávio para si. Cada pensamento sobre ele era como uma sombra que a envolvia, obscurecendo seu julgamento. Mesmo com as tentativas de ajuda de seu irmão Bruno, de Inês e de Victor, ela se agarrava a um sentimento que parecia mais uma ilusão. As palavras de carinho e apoio ecoavam em sua mente, mas ela ignorava. A verdade é que sua paixão por Otávio era uma busca incessante por algo que nunca fora correspondido, uma aproximação fadada ao fracasso. Ele nunca havia demonstrado o mesmo interesse por ela, mas, mesmo assim, Ana Beatriz se via presa em um ciclo de esperança e desilusão, sem conseguir abrir os olhos para a realidade.


chegaram do mercado e imediatamente notaram a ausência da filha e de Sebastiana. Amália franziu a testa; Helena sempre aproveitava qualquer oportunidade para relaxar na piscina, especialmente em um dia tão ensolarado, especialmente por que  a rotina agitada a impedia de ir ao clube.  ,Enquanto Tadeu guardava as compras, Amália pegou o celular e abriu o WhatsApp. Uma mensagem da filha apareceu na tela, justificando sua ausência 
:_ Heleninha precisou ir no povoado 
:_ ah por que ela não foi conosco ?
:_ não sei meu amor, talvez ela precisou de algo e esqueceu de nos avisar , mas tenho certeza que ela logo estará em casa , talvez foi cuidar dos cabelos, fazer a unha para sair hoje anoite com Otávio
Tadeu sorriu para a amada enquanto observava a forma que seus olhos brilhavam ao falar da filha do casal 



Helena , acompanhada de Sebastiana, passou pelo supermercado na divisa com a fazenda dos Reis. Havia prometido levar uma encomenda para sua amiga Maitê . No entanto, ao caminhar pelos corredores, começou a notar que as pessoas a encaravam. Esse olhar constante a incomodava, como se soubessem de algo que ela não sabia, e uma sensação de desconforto começou a crescer dentro dela. Os olhos pareciam segui-la, criando uma atmosfera de perseguição que a deixava inquieta.
 A moça então comentou com a Sebastiana sobre os olhares
:_Desde cedo, quando fui ao vilarejo com a minha mãe, percebo que as pessoas ficam me encarando. É muito desconfortável isso 
Sebastiana assentiu, compreendendo 
:_ as pessoas dessa cidade tem esse hábito chato mesmo
Helena suspirou, franziu a testa 
:_ isso me causa muito incomodo, será que é alo relacionado ao Estevão Gomes?
Sebastiana respondeu , tentando confortar Helena 
:_ acho que não, minha linda. Esse senhor sempre teve essa fama, e as pessoas de São Jorge são assim, ainda mais porque você é visitante e filha do senhor Tadeu, um dos Reis 
Helena suspirou, hesitando, enquanto sua mente se perdia em pensamentos 
:_ olha achei o que a Maitê havia me pedido 
Helena, então segurou  um frasco de produto capilar para cabelos descoloridos que foi a encomenda de Maitê, Estava absorta na leitura do rótulo quando ouviu uma voz chamar seu nome. Ao se virar, deparou-se com um rosto desconhecido  
:_ oi?
:_ oi Helena, eu sou Luísa a namorado do Victor
Helena deu um sorriso tímido, ainda confusa sobre o motivo de Luísa tê-la chamado; 
:_ ah sim, Luísa eu já havia falar de você
Luísa acenou com a cabeça
:_ eu te reconheci por causa de Sebastiana, eu sei que você não me conhece mas eu precisava falar contigo 
:_ tudo bem, pode me dizer
:_ bom,, eu vou ser direta, porque eu trabalho aqui
Luísa olhou fixamente nos olhos de Helena, enquanto soltou um grande suspiro 
:_  você conhece a Beatriz Gomes? 
:_ sim, conheço
:_ então, tome cuidado com ela. Essa moça tem uma inveja doentia de você.  ela passa os dias te difamando por toda são Jorge 
:_ eu já esperava por isso, essa menina e eu nunca nos demos bem, o motivo bom...
Luísa interrompeu, a expressão séria
:_ o motivo é que ela ama seu namorado, Helena eu sei de tudo. 
Helena mordiscou os lábios, desviando o olhar para o chão. Embora não fosse culpada pelos sentimentos de Ana Beatriz, a situação era totalmente desconfortável. 
:_ eu falo isso porque sou sobrinha da Mercedes, e essa moça já tentou me tirar do sério por causa do Victor 
:_ é ela é realmente complicada de lidar
:_ Anote meu WhatsApp. Se puder, me mande uma mensagem para conversarmos mais sobre isso. Preciso voltar ao trabalho agora
Helena anotou o número de telefone de Luísa, ainda sem entender o real motivo dela ter lhe contado aquilo, já que não eram exatamente amigas. No entanto, sentiu-se grata
:_ obrigada ,Luísa 
:_ por nada eu apenas não gosto de injustiças 
Helena assentiu, sentindo uma mistura de gratidão e confusão. O que Luísa tinha a ganhar ao se envolver na situação? Mas, de qualquer forma, a informação era valiosa. 


Estevão estava em seu escritório, a raiva fervendo dentro dele após o desentendimento recente com a filha. Ele não conseguia entender como Beatriz poderia se apaixonar, justamente, por Otávio. “Que azar eu tenho,” murmurou para si mesmo, frustrado. “Minha única filha apaixonada por um peão.”  enquanto rolava as páginas da internet para passar o tempo, suspirou desanimado. “Esse Otávio se tornou meu maior rival. Além de roubar a mulher que eu quero, ainda deixou a minha filha apaixonada. Ele é realmente um caça dotes.” O desprezo na voz de Estevão era palpável, e ele se sentia impotente diante da situação. “Mas eu não vou deixar que ele fique com a minha gostosa , e muito menos com a Bia, minha filha,” prometeu a si mesmo, a determinação começando a tomar conta de seus pensamentos. 

Bruno desceu as escadas em direção à cozinha, atraído pelo aroma do café que Paulina havia preparado. Ao olhar ao redor, notou a ausência de sua família. Bia ainda estava trancada em seu quarto, e Estevão não saía do escritório 
:_ Paulina
:_ sim ,senhor Bruno ?
:_ meus pais não desceram para o café?
:_ não, seu pai está no escritório, e sua mãe chegou há pouco. Ela me pediu para preparar um café 
:_ ah então ela já vai descer ?
:_ creio que sim 
:_ e Beatriz , não deu noticias?
:_ ele desceu a pouco porém já retornou ao quarto, quer que eu leve um suco, um copo de leite?
:_ bom, meu pai pediu que as refeições fossem feitas em família. mas vou tentar falar com ela, obrigada Paulina 
:_ por nada senhor Bruno
Bruno subiu as escadas, determinado a ir até o quarto da irmã. Parou em frente à porta e deu três batidas suaves, ainda imerso na missão de tentar ajudá-la. Ele sabia que Beatriz estava passando por um momento difícil e não queria que ela se sentisse sozinha. Bruno havia cometido muitos erros no passado, mas, ao quase perder Inês, sua perspectiva mudou completamente. A dor da perda o levou a refletir sobre suas ações, e ele se esforçava para ser uma pessoa melhor. Agora, mais do que nunca, ele sentia a necessidade de cuidar da irmã, preocupado com a saúde mental dela e seu estado psicológico.
a voz de Beatriz soou do outro lado da porta, hesitante 
:_ quem é?
:_ sou eu, Bruno. posso entrar?
Esperou alguns segundos, ouvindo apenas o silêncio do outro lado da porta. A inquietação aumentou em seu peito, mas ele manteve a voz suave.
:_ eu só quero saber como você estar, se precisa conversar com alguém eu estou aqui
Silêncio novamente. Bruno fechou os olhos por um instante, sentindo o peso da situação. Ele sabia que Beatriz estava enfrentando dificuldades e queria ser o irmão que ela precisava, mas a resistência dela o deixava preocupado.
:_ Bia, só me diga como você está. Ao menos me responda. Se não quiser conversar, eu vou embora. Te juro que não vou incomodar 
Finalmente, após o que pareceu uma eternidade, ele ouviu um suspiro
:_ tudo bem, pode entrar

Ao entrar , Bruno se deparou com Beatriz sentada em um puff no chão, os fones de ouvido conectados ao celular, completamente alheia ao mundo ao seu redor. O quarto estava desorganizado; algumas peças de roupa estavam jogadas no chão, e ele notou com preocupação alguns rasgos em vestidos que ela antes estimava muito. Um suspiro escapou de seus lábios enquanto ele assimilava a situação.  A ansiedade de Beatriz era palpável. Uma grande mecha de cabelo caía sobre seu rosto, ocultando parcialmente suas expressões. Mas o que mais o atingiu foi a expressão em seu rosto—um visível sabor amargo de desilusão. Bruno sentiu uma onda de empatia, o coração apertado ao ver sua irmã assim. Ele se aproximou lentamente, adotando um olhar gentil
:_ oi, Bia, posso ficar aqui com você?
:_ se quiser, pode sim, mas eu só tenho um puff 
Bruno sorriu novamente, se aproximando do puff onde a irmã estava sentada. Ele se abaixou, soltando pequenos suspiros enquanto ponderava sobre como poderia ajudá-la. Sem hesitar ou questionar, simplesmente a abraçou. Ana  Beatriz não recusou. Envolvida em seus pensamentos bagunçados, ela aproveitou a presença de um ombro amigo e, num instante de vulnerabilidade, desabou a chorar. As lágrimas escorriam livremente, liberando a dor acumulada que ela guardara por tanto tempo.
Bruno a segurou firmemente, o coração apertado ao perceber a fragilidade da irmã.
:_Estou aqui, Bia. Estou aqui
 ele murmurou suavemente, permitindo que ela se entregasse à emoção, sem pressa para que a dor fosse embora.




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