capitulo 5: Corações em Conflito (parte 1)
Bruno abraçava sua irmã, Ana Beatriz, que chorava desolada em seus braços. Ela se sentia confusa, sozinha e pequena diante de tudo que vinha acontecendo em sua vida. Sem poder contar com a ajuda dos pais e sem amigas além de Nina, Ana Beatriz estava perdida em suas dúvidas, desamor e medo. As lágrimas escorriam pelo seu rosto enquanto ela soluçava, um desespero palpável em sua voz.
A ansiedade se tornara uma constante no cotidiano de Ana Beatriz, como uma sombra que a seguia. Bruno permaneceu em silêncio, observando com cuidado cada movimento da irmã. Ele a segurou com firmeza, transmitindo um pouco de segurança através daquele abraço apertado. Esperou pacientemente, sabendo que, em algum momento, ela se sentiria pronta para desabafar.
:_ não quero te ver assim, sofrendo...
O rapaz comentava , com a voz suave e cheia de preocupação. Em um gesto carinhoso, ele inclinou-se e beijou o topo da cabeça de Ana Beatriz, que estava com o cabelo ligeiramente bagunçado, os fios soltos caindo sobre seu rosto. Ele a observou com ternura, desejando que suas palavras pudessem aliviar a dor que a consumia.
:_ Eu me sinto perdida. Mais que isso, me sinto sozinha. É como se o mundo tivesse se aberto embaixo dos meus pés... Nenhum lugar me pertence, eu tô vazia.
Ana Beatriz falava entre lágrimas, a voz se confundindo com os soluços que escapavam de seus lábios. Ela levou a mão direita ao peito, pressionando-o com força, como se tentasse entender a tempestade de emoções que a assolava.
:_ isso aqui tá vazio e ao mesmo tempo carregado, eu não sei.... Sinto raiva, medo, tristeza, angústia...
Cada palavra parecia um grito silencioso, refletindo a confusão e o desespero que a invadiam.
Bruno observava em silêncio enquanto a irmã finalmente se abria para ele. Eram poucas as vezes em que ela permitia ser ouvida, e isso o deixava aliviado. Ele segurou a mão dela, apertando com força, tentando transmitir um gesto de apoio que a fizesse sentir-se segura.
:_ e tudo isso... bem, tudo isso porque eu sinto que perdi o amor da minha vida. O homem que eu amo. É doloroso o sabor da indiferença, do desamor. Dói muito ser ignorada, ser desprezada. Eu me sinto tão, tão...
Bruno pediu que ela se acalmasse, pois as palavras de Ana Beatriz haviam se perdido em meio aos soluços. Ele percebeu como a tristeza dela era profunda e angustiante. Seus pais ignoravam o real estado de saúde mental da irmã; para Estevão, a família tinha que ser uma fachada perfeita. Ele se via como o patriarca, o homem forte, dono e chefe da família, enquanto sua esposa era linda, doce, carismática e fiel. O casal de filhos, na visão de Estevão, deveria apenas seguir suas ordens, sem questionar. Não se importava com os sentimentos deles, seus amores e desamores, ou os sonhos que tinham. O fato de descobrir que Ana Beatriz era apaixonada por Otávio foi um golpe que ameaçava derrubar todo seu império de mentiras construído ao longo dos anos. , sua esposa dedicada, linda e fiel, não era diferente. Com pensamentos ambiciosos e calculistas, ela compartilhava da mesma visão distorcida de família, ignorando a dor e os anseios dos filhos.
:_ eu não sei o que posso fazer. Eu não consigo tirar o Otávio da minha mente e muito menos do meu coração. Eu tento, tento, tento, e parece em vão...
:_ Bia, você não tenta esquecê-lo. Você faz armadilhas para conquistá-lo, para ocasionar brigas no relacionamento dele com a namorada. Enquanto você insistir, nunca vai conseguir esquecê-lo
:_ não quero que a-defenda tá ? pelo menos não hoje e agora
:_ não estou a-defendendo
Ana Beatriz exclamou, a indignação evidente em sua voz.
:_ você sabia que essa mulher teve a ousadia de vir à nossa casa?
Bruno perguntou, arqueando uma sobrancelha, surpreso.
:_ não, que dia foi isso ?
:_ hoje, ainda mais cedo
Bruno olhou surpreso, pois Helena nunca havia ido à sua casa, exceto na ocasião em que acompanhou sua avó Assunção em uma visita a Joane.
:_ ela esteve no escritório do nosso pai e teve a ousadia, o descaramento, de me afrontar em minha própria casa
:_ mais dia , menos dia, esse embate entre vocês ia acontecer
:_ Bruno, ela me desrespeitou na minha casa, me afrontou e fez questão de dizer que o Otávio está com ela porque a ama e que não me quer!
Ana Beatriz olhava com um olhar de fúria, relembrando cada palavra cruel que sua rival, Helena, havia dito. Passou as mãos pelo rosto, puxando levemente os cabelos, enquanto a memória do desentendimento a consumia.
:_ eu tive vontade de voar em cima dela, de mostrar que eu posso, sim, estar com o Otávio, que sou linda e interessante!
:_ minha irmã, você é maravilhosa! É linda, inteligente, bem-educada, tem valores e princípios. Não vale a pena deixar essa situação te corromper. Não vale a pena. Você pode até continuar essa briga, mas vai acabar perdendo
Ana Beatriz perguntou, a insegurança transparecendo em seu tom.
:_ por quê? Você também acha que ela é mais bonita que eu?
:_ Bia, eu te enxergo com os olhos de irmão. A ela, bem, eu enxergo com os olhos de homem... mas calma, vocês são lindas mulheres. Mas quando a gente disputa alguém, inevitavelmente alguém vai sair machucado. E olha como você está agora: ferida, triste, desolada.
:_ eu sinto uma raiva sem tamanho por essa mulher! ela impediu que eu pudesse conquistar o Tavinho. Antes dela aparecer, a minha vida era centenas de vezes melhor. Eu era feliz. Tinha a chance de conquistar o homem que amo, tinha minha melhor amiga: Inês, me dava bem com meus pais e com você. Ela me tirou tudo, tudo!
Mesmo que Ana Beatriz não quisesse enxergar ou admitir ,nada disso era culpa de Helena. Otávio nunca havia correspondido seus sentimentos; era apenas uma paixão platônica. Sua amizade com Inês havia chegado ao fim por causa de um erro e traição de Ana Beatriz, e ela também se afastara de Bruno por esse mesmo motivo. Até mesmo Victor, que antes era apaixonado por ela, havia desistido devido à insistência dela em Otávio. Bruno, percebendo o quanto a irmã estava desolada naquele momento, decidiu respeitar seus sentimentos. Ele sabia que, por mais que quisesse ajudá-la a ver a verdade, não poderia forçá-la a enfrentar a realidade dolorosa que a cercava.
:_ eu achei surpreendente Luísa me alertar sobre Ana Beatriz, Ainda mais porque não havia sido apresentada a ela.
Sebastiana franziu a testa, balançando a cabeça de forma negativa. Seus olhos mostravam preocupação.
:_ eu não achei legal, você já está cheia de problemas, Heleninha
Helena suspirou, cruzando os braços, enquanto observava a paisagem passar pela janela. O vento entrava pelo vidro levemente aberto, trazendo um frescor momentâneo.
:_ mas eu prefiro saber das intenções de Ana Beatriz. Além do mais, a Luísa sabe bem do que aquela menina é capaz
Sebastiana a observava, uma expressão mista de preocupação e apoio marcava seu rosto. Ela inclinou-se ligeiramente para frente, sua voz mais suave, quase um sussurro.
:_ eu tenho medo do que essa família é capaz de fazer , Heleninha. Você viu como essa moça não está bem; ela está obcecada pelo seu namorado.
Helena assentiu, um lampejo de compreensão em seus olhos.
:_ eu sei, eu também não gosto dessa situação. Mas é melhor eu saber o que está acontecendo e não ser pega de surpresa. Além do mais, amanhã estarei em São Paulo e não precisarei lidar com essa família Gomes.
Ela respirou fundo, tentando se acalmar, e então olhou diretamente nos olhos de Sebastiana.
:_ e , para você ficar mais tranquila, antes de me encontrar com Otávio, vou fazer o teste que você me trouxe.
Sebastiana assentiu , um sorriso aliviado brotando em seu rosto, mesmo ciente de que a situação era delicada para Helena. Era melhor que ela fizesse o teste e esclarecesse essa dúvida de uma vez por todas.
:_ é bom que já tiramos isso da cabeça , Confesso que tenho medo. Tudo isso mexe muito comigo. Tenho faculdade e meu emprego; não posso estar esperando um filho nessa altura da minha vida.
Sebastiana olhou para Helena, percebendo a tensão em seus ombros. Com um gesto suave colocou a mão sobre o ombro da menina, tentando transmitir calma e apoio.
:_ Heleninha , eu tenho certeza de que seu namorado Otávio não vai fugir das obrigações. E seus pais vão te apoiar muito. Além disso, eu estou aqui para cuidar da criança, assim como ajudei a cuidar de você.
Helena sentiu um calor reconfortante nas palavras de Sebastiana, e uma parte de sua ansiedade começou a dissipar.
:_ é impressionante como a minha vida mudou nos últimos meses; definitivamente, foram as férias da minha vida
Helena , com os olhos brilhando, comentava sobre as últimas férias que havia passado na fazenda dos pais, onde conheceu Otávio. Sebastiana sorriu levemente . Ela conhecia a família dos Reis há muitos anos, assim como toda a comunidade de São Jorge. De repente, lembrou-se do segredo de Nelson Ferraz, pai de Otávio. Essa memória a fez hesitar, trazendo à tona uma mistura de nostalgia e preocupação.
:_ o que aconteceu Tiana ?
respondeu Sebastiana, franzindo a testa.
:_ não entendi ,Heleninha
:_ seu semblante mudou completamente , parece que está pensando em algo
:_ não, minha linda, eu apenas fico preocupada com a reação da família Gomes
Helena então acalmou a babá
:_ não precisa se preocupar; apesar de Estevão e Beatriz terem falhas de caráter, eles não vão fazer nada.
Sebastiana por sua vez, recordava de Nelson em sua juventude, pois era apenas alguns anos mais velha que ele. As memórias vinham à tona, envolvendo Amália, Tadeu e toda a comunidade jovem de São Jorge. Ela se lembrava de Dolores Maria e Olivia, figuras conhecidas do círculo social de Tadeu e Nelson, que também haviam passado por São Jorge. Sempre suspeitara de uma possível paixão que Nelson nutria por Amália, um sentimento que pairava no ar como um mistério não resolvido.
Helena , intrigada, decidiu perguntar para Sebastiana sobre Olivia Matos :
:_ Tiana?
:_ sim Heleninha
:_ você mora a muito tempo aqui em são Jorge, né ?
:_ praticamente toda a minha vida, Heleninha
:_ você se recorda dos meus avos paternos ?
:_ me recordo de Dona Eleonora no casamento de seus pais; ela estava tão elegante e radiante. Mas seu avô, não cheguei a conhecer
:_ ah ,compreendo
:_ meus pais trabalhavam em uma das fazendas de seu avô Clóvis e dona Assunção
:_ então você não teve muito contato com minha avó Eleonora , mas Tiana ...
:_ sim , meu amor
:_ você chegou a conhecer a Olivia, falecida mãe de Otávio ?
Aquela pergunta trouxe de volta as questões que Sebastiana se lembrara há pouco tempo. Embora a suspeita de seus falecidos pais sobre Nelson estivesse sempre presente em sua mente, ela havia descartado essa possibilidade pela forma respeitosa que ele costumava tratar todos, especialmente Amália, esposa do patrão.
:_ conheci sim, uma moça muito bonita ,olhos bonitos, assim como os seus, porém mais escuros, e cabelo castanho, quase louro escuro.
:_ ela não tinha irmãos ?
:_ não, bom, pelo menos a gente nunca conheceu. Sua falecida sogra engravidou ainda jovem e foi expulsa da casa dos pais. Ela faleceu quando seu namorado, Otávio, ainda era criança. Uma história muito triste
:_ e do que ela faleceu ? eu não gosto de puxar esses assuntos com o Otávio, acho indelicado
:_ sabe que eu nunca soube É um assunto que quase ninguém comenta sobre São Jorge. E como seu sogro casou-se com Iolanda, é como se Iolanda fosse mãe de Otávio
Helena , pensativa, sentia o peso das palavras. Tinha graves suspeitas de que Elisabeth mentia sobre sua origem e seu grau de parentesco com Olivia. Já chegara a pensar que as duas poderiam ser a mesma pessoa, mas descartou a hipótese por considerá-la fantasiosa demais. Sebastiana parecia perdida em seus próprios pensamentos, absorta nas memórias e nas histórias que cercavam a família. Helena decidiu não aprofundar suas suspeitas; queria mostrar uma foto de Elisabeth para Sebastiana, mas hesitou. Lembrou-se de que Tadeu havia ficado frente a frente com Elisabeth e nunca dissera nada, o que a deixava ainda mais intrigada.
Paulina havia preparado o café da tarde: bolo de milho, queijo fresco, frutas, suco natural e, claro, café fresco recém-passado, que não poderia faltar. O aroma delicioso se espalhava pela casa, criando um ambiente acolhedor. No entanto, Joane chegou e, sem parar para apreciar a comida, foi direto para o banho. Enquanto isso, Estevão não saia do escritório desde a visita de Helena e o desentendimento com Ana Beatriz, mergulhado em seus próprios pensamentos.
Bruno , preocupado com a situação, decidiu agir. Ele serviu uma bandeja com pedaços de bolo, frutas, dois copos de suco e uma garrafa de água mineral. Com a bandeja nas mãos, foi para o quarto da irmã. Ao entrar, entregou a garrafa de água e disse, gentilmente:
:_ primeiro se acalma e depois vamos tomar café juntos
Ana Beatriz sorriu ao olhar para a garrafa, deu um longo suspiro e decidiu aceitar.
:_ obrigado
Bruno colocou a bandeja na mesa do computador e arrastou os puffs para perto de onde a irmã estava sentada. Com um gesto amigável, bateu duas vezes no puff ao seu lado, convidando-a para se sentar perto dele.
:_ Paulina passou café agora mas sei que você não gosta
Bruno tentava de todas as formas ganhar a confiança da irmã e incentivá-la a mudar, buscando ajuda para sua ansiedade. Ana Beatriz tomou até a última gota de água e se sentou próximo a Bruno, que lhe entregou o copo de suco com um sorriso encorajador.
Ana Beatriz disse, rindo um pouco:
:_ depois de tomar uma garrafa de agua não tenho fome mais kkkk
:_ você tomou tudo ? Kkkkk Mas Bia, é apenas 200 ml na garrafinha!
:_ eu tô sem fome é sério
Bruno a observou com preocupação e tentou convencê-la:
:_ olha, come ao menos uma maçã. Está linda e docinha! Eu notei que você não está se alimentando direito como deveria.
Ele fez um gesto em direção à bandeja, esperando que ela considerasse sua sugestão. A intenção dele era não apenas cuidar da saúde dela, mas também ajudar a reestabelecer a conexão entre os dois.
Ana Beatriz respondeu, dando um leve sorriso:
:_ eu preferiria uma pera, mas tudo bem, vou aceitar uma metade da maçã
:_ notei que você alisou o cabelo ; tá lindo!
:_ ah, já faz algum tempinho. Eu estava enjoada dele, sabe?
:_ seu cabelo já era lindo; você puxou os cachos de nossa mãe!
Ana Beatriz rapidamente interrompeu:
:_ não me fale sobre ela, por favor
:_ tudo bem, mas você ficou linda e sempre foi e tem mudado seu estilo também
Ana Beatriz colocou a maçã mordida de lado e olhou para o irmão, envergonhada de si mesma. Não queria que ele percebesse que toda aquela mudança era para impressionar Otávio.
:_ eu enjoei do meu estilo; estava muito infantil, roupa de florzinha, fluflu. Queria uma mudança radical
:_ uma mudança faz bem, principalmente para nos sentirmos bem. Sabe como é
Ana Beatriz tentou desviar o assunto pois estava constrangida
:_ eu já falei de mim; agora me fale sobre você e o triângulo amoroso. Como você está desde que a Gabi voltou por aquela porta?
Bruno suspirou, sentindo um peso no peito. Ele ainda não havia desabafado com ninguém além de Marco sobre a situação com Gabriela e Inês.
:_ não há triangulo amoroso. Minha namorada é a Inês, e é com ela que quero estar
:_ mas você não sentiu nada ao rever a Gabi? Sabe, ela foi o amor da sua vida
:_ a verdade é que sim; não tem como não sentir nada quando sua ex-namorada surge na sua sala de jantar carregando uma criança que ela diz ser sua filha mas eu não quero
Ele começou a gaguejar, a luta interna evidente em seu olhar.
:_ eu acho que seu lance com a Gabi ainda não acabou por completo
:_ acabou sim , e faz muito tempo
:_ eu acho que a Cecília é sua filha. Senti muita coisa boa vindo dela
:_ vamos realizar o exame de dna e, então, decidir como vai ficar essa situação. Eu sei que quero continuar ao lado da Inês, e ela está disposta a ficar ao meu lado
Ana Beatriz sorriu, reconhecendo o esforço do irmão e de Inês em manterem-se juntos e vencer as adversidades que surgiam. Inês em continuarem juntos e vencer as adversidades
:_ é muito bonito ver o amor que vocês sentem
A tarde já estava chegando ao final quando Victor foi buscar Luísa no trabalho. Eles haviam combinado de sair juntos para aproveitar a noite de sábado. Luísa estava muito bonita, esbanjando simpatia como de costume.
:_ oi meu amor
disse ela ao entrar no carro, cumprimentando o namorado com um beijo suave nos lábios. No entanto, ao se afastarem, percebeu que Victor estava diferente do habitual. Seu semblante carregava uma expressão de preocupação, e seus pensamentos pareciam distantes. Luísa o encarou por alguns segundos, esperando alguma reação que explicasse a frieza dele.
:_ Victor
:_ oi minha linda
:_ tá tudo bem ?
:_ sim minha linda
Luísa franziu a testa, sentindo que algo estava errado.
:_ sei lá, você tá estranho.
:_ estou sentindo uma dor de cabeça, mas já tomei um remédio
Era uma resposta estranha, e Luísa não acreditou completamente na desculpa do rapaz. Victor, que costumava ser tão alegre, parecia agora fechado e triste. A tristeza em seu olhar era evidente, e isso a preocupava ainda mais.
:_ será que está gripando ?
:_ não , amor, não se preocupa, tá bom?
Luísa continuou observando-o, sentindo que havia algo mais por trás da fachada de normalidade que ele tentava manter.
Em Paris , já passava das 22 horas, e Anette ainda não conseguia relaxar e pegar no sono. Ela havia sido aprovada para trabalhar como babá de Sophia, mas um medo profundo a impedia de descansar. A sensação de ansiedade se intensificava, especialmente porque estava convencida de que Sérgio estava de alguma forma ligado ao mistério do asasinato de sua amiga Chantal. Anette era a única que sabia sobre o relacionamento extraconjugal do milionário com a jovem, e isso a deixava inquieta.
A luz do abajur estava semiacesa, criando um brilho suave que refletia no quarto. As luzes daquela cidade linda iluminavam a noite, mas Anette não conseguia aproveitar a vista. Levantando-se da cama, calçou uma pantufa que estava em cima de seu tapete felpudo. Caminhou até a janela e começou a observar o céu nublado da noite, enquanto carros passavam rapidamente abaixo. O frio que fazia naquela noite parecia se infiltrar pelas frestas da janela, intensificando sua sensação de desconforto.
Anette havia pedido muito em oração , como o padre a aconselhara no dia de sua confissão. Ela sabia que não poderia deixar que o caso de sua amiga fosse engavetado e tratado apenas como um assalto; não poderia permitir que isso ficasse impune. No entanto, temia o poder de Sérgio, o milionário que tinha uma habilidade impressionante de manipular a massa e moldar a opinião pública. enquanto observar o sereno da noite tentou recordar-se do ema-il que Chantal usava mas não se recordava.
Enquanto observava o sereno da noite, com as luzes da cidade piscando ao longe, Anette tentou se recordar do e-mail que Chantal usava, mas a memória parecia lhe escapar. A pressão aumentava, e a incerteza a deixava angustiada. Como poderia ajudar sua amiga se não conseguia sequer lembrar de um detalhe tão simples? Ela respirou fundo, buscando clareza em meio ao turbilhão de pensamentos. A determinação de não deixar o caso de Chantal cair no esquecimento era forte, mas as dúvidas sobre como agir eram ainda mais intensas.
Helena chegou em casa e justificou aos pais o motivo de sua ida ao povoado com Sebastiana. Depois de dar um beijo no rosto da mãe, subiu rapidamente para seu quarto. Ao abrir a porta do guarda-roupa, começou a observar as roupas que havia deixado na fazenda dos pais. Em breve, sairia para aproveitar a noite com Otávio e queria estar linda. Otávio ainda estava radiante pela surpresa que Helena havia feito na noite anterior; ele estava completamente feliz e apaixonado por ela. Estudava para cursar engenharia, mas sentia uma certa insegurança em relação ao futuro, preocupado com a possibilidade de ter uma vida financeira inferior à de Helena.
Enquanto observava os vestidos cuidadosamente arrumados e organizados no guarda-roupa, Helena decidiu colocar uma música suave em seu computador, que estava no quarto, um som familiar que a confortava. Retirou os calçados dos pés e caminhou descalça sobre o tapete macio do quarto, sentindo a textura suave sob os pés. O cheiro do seu cabelo se misturava com o aroma do protetor solar que ela havia passado em sua pele clara, criando uma fragrância leve e ensolarada no ambiente.
Sebastiana Enquanto isso, na cozinha, Sebastiana colocava água para ferver, preparando um café para os patrões. Helena continuava a olhar entre os vestidos até que encontrou um modelo que ainda não havia usado. Era um slip dress simples, mas perfeito para o evento, da coleção primavera-verão da sua loja , Urban Lady. O vestido apresentava um decote leve e uma estampa vibrante que combinava perfeitamente com a estação, ressaltando ainda mais seu tom de pele, cabelo e olhos. Helena sorriu, imaginando como ficaria naquele vestido, e a empolgação pela noite com Otávio aumentou.
Segurando-o nas mãos, começou a modelar na frente do espelho, visualizando sua própria imagem. Enquanto girava e se movia, falou para si mesma, com um brilho de confiança nos olhos:
:_ eu vou ficar incrivelmente gostosa!
Helena deixou o vestido separado em um cabide e começou a procurar em seu guarda-roupa as outras peças para compor seu look, assim como os acessórios. Enquanto estava concentrada nessa tarefa, o celular tocou. Era o professor João. ´´ caramba, você é uma das últimas pessoas com quem quero ter contato ´´pensou Helena, sentindo uma leve frustração. “Não vou te responder nem tão cedo, João.” Ela colocou o celular de volta em cima da cama, desejando ignorar aquele lembrete de problemas. ela só queria aproveitar a noite com namorado e não queria mais saber sobre problemas, incluindo João.
Foi até o banheiro e separou alguns produtos para lavar o cabelo. “Vou dar uma hidratada, secar e finalizar com um baby liss. Quero estar deslumbrante para meu amor”, pensou, animada com a preparação. Enquanto organizava os produtos, abriu a gaveta do armário e encontrou a caixinha do teste de gravidez que Sebastiana lhe comprara na noite passada. Helena hesitou, lutando contra o medo do resultado. Olhou fixamente para a embalagem, seu coração acelerando.
:“É melhor eu fazer e sanar essa dúvida. Não posso adiar para sempre”, refletiu, a ansiedade crescendo dentro dela. Ela sabia que precisava enfrentar essa situação antes que a noite pudesse realmente começar.
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