sábado, 7 de dezembro de 2024

Corações Invencíveis - 2 temporada

    capitulo 5:  Corações em Conflito (parte 4)  



Luísa estava penteando os cabelos em frente ao espelho, as mãos tremendo ligeiramente enquanto o reflexo mostrava um semblante distante. A insegurança e a dúvida permaneciam fixas em seu olhar, como sombras que se recusavam a desaparecer, especialmente após a breve e inquietante conversa com sua tia. Ela sabia que Mercedes tinha razão, embora se recusasse a admitir por completo. Apesar de estar apaixonada e profundamente feliz ao lado de Victor, algo dentro dela não conseguia ignorar os sinais. Não podia negar para si mesma que o rapaz, mesmo com toda a afeição que demonstrava, ainda lhe dava motivos para insegurança. Sentia que se doava muito mais do que ele naquele relacionamento, e essa disparidade a consumia lentamente, criando uma inquietação que ela não sabia como explicar. 
olhar de Luísa era distante, e notava-se um misto de preocupação e medo. Ana Beatriz ainda era um fantasma que rondava a vida do casal, e, mesmo que ela não soubesse dos últimos acontecimentos daquela tarde, sua intuição falava mais alto e indicava que havia algo que o namorado não havia mencionado a ela. 
Victor também estava inquieto e distante. Como era possível que Ana Beatriz ainda despertasse interesse nele? Mesmo após a rejeição, ao saber do amor da menina por Otávio, ele ainda se atraía por ela, e ela sabia disso. Era uma paixão impossível, rompida e silenciada pela obsessão de Ana Beatriz por Otávio, mas que, mesmo assim, ainda conseguia mexer com os sentidos de Victor; E o mais doloroso: Luísa sabia disso. Ela sentia o peso daquela atração não resolvida, e, embora tentasse entender, não conseguia deixar de sentir que algo ali ainda estava fora de seu alcance. 
O rapaz estava parado, com o olhar fixo no céu cinzento lá fora, através da janela de seu quarto. O tempo parecia correr sem que ele percebesse, mas sua mente estava longe, presa a pensamentos que não conseguia afastar. As horas se arrastavam, e o semblante em seu rosto permanecia inalterado, como se o peso de suas lembranças o tivesse congelado. A imagem dos lábios de Ana Beatriz, tão próximos aos seus naquela tarde, ainda o perturbava. A sensação da suavidade de sua pele, a aproximação repentina que ele tentava negar, ainda doía como uma ferida aberta em seu peito. Ele não conseguia se livrar dessa lembrança. Cada vez que fechava os olhos, era como se os lábios dela estivessem ali, tão próximos, tão tentadores, e a dor de saber que jamais poderia ser, se intensificava. 
O tic-tac do relógio ecoava no silêncio que tomava conta do ambiente. "E se eu desse mais uma chance para a Bia? Para que nosso amor pudesse acontecer?" pensava Victor, balançando a cabeça em sinal de reprovação, como se tentasse afastar a ideia antes que ela se fixasse em sua mente. "Mas não seria justo com a Luly... Ela é tão linda, tão gente boa comigo, e além do mais, me ama, me faz feliz." A incerteza e a indecisão invadiam seu ser como um turbilhão. Mesmo gostando muito de Luísa, ele sabia que ainda não havia aprendido verdadeiramente a amá-la da maneira que ela merecia. E isso o consumia, uma sensação de vazio e desconexão, uma dúvida persistente sobre o que ele realmente sentia. No fundo, o que mais o incomodava era o medo de ficar sozinho, de não saber o que fazer com os sentimentos confusos que tinha por Ana Beatriz. Arriscar ficar com ela significava perder Luísa, e ele sabia que essa escolha poderia ser irrevogável. Ele temia que, ao seguir seu impulso, poderia perder algo muito mais valioso. No fundo, sabia que não podia continuar se deixando levar pela dúvida, mas, ao mesmo tempo, temia tomar a decisão errada.


Na fazenda dos Reis, Helena estava colocando o vestido que havia escolhido para aquela ocasião especial. Era da sua loja online, "Urban Lady", um vestido de alcinhas finas que se ajustava perfeitamente à estação do interior de São Paulo. O modelo, alongado, realçava ainda mais sua elegância e charme, e a estampa de flores vermelhas sobre o fundo preto trazia um toque de suavidade e delicadeza. O decote, discreto, dava um toque de sofisticação, enquanto o caimento perfeito acentuava suas curvas de forma sutil e natural. Seu cabelo estava solto, com as pontas onduladas de forma suave, resultado do jeito como o prendera antes, criando um visual delicado e ao mesmo tempo descontraído. Perfume no ar, Helena estava radiante, cheirosa e bonita, aguardando ansiosamente o encontro com seu amado. 

Em São Paulo, Dolores Maria se preocupava com a demora de Felipe em se aproximar de Helena. Sabia que ele estava saindo com uma moça, e isso a irritava profundamente. Seu plano era claro e direto, e não poderia ter falhas: Felipe deveria se aproximar de Helena, conquistá-la e fazê-la sofrer. Só assim Dolores Maria conseguiria se vingar da mágoa e do rancor que guardava por todos esses anos, em relação a Tadeu e a Amália. Dolores era uma amiga do passado de Tadeu. Ambos haviam tido um breve romance, mas ele terminou quando Tadeu conheceu Amália e se apaixonou perdidamente pela loira, o que levou Tadeu a romper de forma definitiva com Dolores. Mesmo com todas as insistências de Dolores em ter um caso extraconjugal com Tadeu, ele nunca cedeu, o que gerou nela um ressentimento profundo. E, embora hoje estivesse casada com Joaquim Falcão, Dolores Maria ainda não conseguia esquecer a mágoa e a rejeição de Tadeu, o que a levou a traçar esse plano contra sua única filha, Helena. 
Felipe acabava de sair do quarto com a chave da moto, um sorriso encantador, o cabelo dourado pelo sol e o charme de surfista que ele carregava. Ao passar pela sala, onde sua mãe estava pensativa, ele a notou ali, absorta, sem sequer piscar os olhos. Dolores então quebrou o silêncio que pairava na sala e chamou a atenção do filho. 
:_ Felipe!
:_ oi Dolly 
:_ onde você pensa que vai ? 
:_ é sabádo né ? vou sair com o pessoal e com a gatinha 
Dolores levantou o olhar, com uma expressão séria. Era nítido que ela não gostava da ideia de ver o filho saindo com outra moça, ainda mais uma moça pobre. 
:_ qual gatinha ? por que eu sei bem que aquela moça não está em são Paulo! 
;_ qual é, Dolly? Vou sair com outra gatinha, enquanto a mina de ouro não vem. 
:_ eupercebo que você não está se esforçando para cumprir nosso combinado, Felipe. Eu te coloquei na melhor das universidades, aguentei as reclamações do seu pai por causa dos seus gastos exorbitantes — moto, saídas e bebedeiras — e quando você vai cumprir sua parte do acordo? 
Felipe soltou um suspiro frustrado com as constantes cobranças da mãe. 
:_ estou fazendo o pré-vestibular, que era o que Joaco  queria, né? E calma, a loirinha logo eu conquisto. Ela não é fácil, sabia?
Dolores Maria soltou um palavrão em voz alta, claramente irritada 
:_ aquela vadia.... 
:_ eu nunca entendi sua obsessão por essa menina 
:_ Você não tem que entender nada, eu não te devo explicações, Felipe! Pelo contrário, sou sua mãe e você... 
Antes que Dolores Maria pudesse continuar falando, Felipe cortou a conversa, mostrando que sabia se impor e que tinha conhecimento do segredo da mãe. 
:_  você tem um passado, e essa menina tem alguma ligação com esse passado. 
Dolores Maria estremeceu, mas tentou manter a calma. 
:_ não fale besteiras! eu apenas estou pensando no seu futuro
Felipe olhou para ela com um sorriso irônico.  
:_ o sobrenome da Helena é "Dos Reis". Irônico, né, Dolly? 
Dolores Maria franziu a testa, visivelmente desconfortável. 
:_ O que tem a ver? 
:_  esse sobrenome sempre sempre aparece no seu histórico de pesquisa! 
:_ não me recordo, mas deve ser algo relacionado à compra. A família dela é empresária e eu... 
:_ não minta , que é feio, Dolly. Não minta... 
Dolores Maria arregalou os olhos e fechou o rosto, esperando o próximo movimento do filho, uma tensão crescente no ar. 
:_ você tem uma agenda muito bonita e amarelada guardada né Dolly ?
Felipe se mostrava tão manipulador quanto a mãe, com uma calma que só intensificava o desconforto da situação. 
:_ andou mexendo nas minhas coisas?
:_ foi por acaso , Dolly. Você deveria tomar mais cuidado. Já pensou, no meu lugar, o Joaquim quem mexesse? 
Dolores Maria tentou desviar, mas sabia que não poderia ignorar o que estava sendo dito.
:_ não é nada demais, é passado , recordações, fotos.... 
Felipe interrompeu com um sorriso cortante. 
:_ essa menina é filha do homem que você tanto amou
Dolores não podia mais negar diante a afirmação do filho 
:_ E aquela senhora que vem te visitar é a Assunção, a mesma que sempre foi contra o seu namoro com o pai de Helena. Eu sei de tudo, Dolly! 
Felipe aguardou uma resposta de Dolores, mas ela não teve nenhuma. Sabia que não poderia negar, pois o filho havia lido seu antigo diário. Com um sorriso sutil, Felipe então encerrou a conversa: 
:_ não se preocupe, Dolly. Eu não contarei ao Joaco, mas pare com essa cobrança. Heleninha ainda vai ser minha, tenha paciência. Você já está há mais de 20 anos esperando por uma vingança, pode esperar mais um pouco. 


Não demorou muito para que Otávio chegasse à fazenda dos Reis. Quando foi anunciado, Helena desceu as escadas deslumbrante. A luz do seu olhar e o sorriso que se abria ao ver o amado, tão bonito, eram suficientes para iluminar o ambiente. Em suas mãos, um singelo buquê de flores — as mesmas que ele lhe havia dado no dia seguinte à primeira vez do casal. O simbolismo estava ali, nos pequenos detalhes. O perfume das flores tomava conta de todo o ambiente, enquanto a imagem de Helena, descendo as escadas sorridente e tão apaixonada, mais parecia uma cena de romance daqueles filmes que assistíamos nas noites chuvosas de outono.  
Otávio sentiu uma lágrima no olhar. Com um sorriso apaixonado, declarou-se a Helena 
:_ como você está linda, meu amor 
:_ obrigada meu amor, você está lindo 
Helena  fechou os olhos e deu um selinho nos lábios do amado, como forma de cumprimento. Sentiu o perfume das flores recém-colhidas do jardim, e os olhos castanhos  de Otávio pareciam brilhar ainda mais à luz do momento. Com um sorriso suave, ela pediu a Sebastiana que arrumasse um vaso para as flores, para que pudessem ficar expostas na casa. De mãos dadas com Otávio, enquanto Tadeu conversava com ele, Helena então se despediu dos pais. Caminhou até a caminhonete de Otávio, sentindo o coração acelerar com a expectativa da noite que teriam juntos. 
Otávio abriu a porta do carro para Helena, num gesto carinhoso. Antes de ligar o motor, deu-lhe um beijo acalorado nos lábios e, com um sorriso terno, sussurrou em seu ouvido
:_ você está tão gostosa , minha sereia 
O sorriso de Helena se alargou, ganhando mais forma e alegria. Ela adorava o jeito de Otávio, a maneira como ele a tratava com tanto carinho e atenção. Cada gesto dele fazia seu coração bater mais forte, e ela sentia, a cada dia, que o amor que nutria por ele só crescia. 
No caminho para o evento que estava acontecendo em São Jorge, o casal conversava sobre vários assuntos cotidianos e sobre a saudade que sentiam um do outro. A cada palavra, o carinho entre eles se tornava mais evidente. Otávio, com a mão livre, subiu suavemente pela perna de Helena, acariciando-a 
:_ senti muita saudade de você minha sereia 
Helena sorriu e, com um olhar apaixonado, respondeu: 
:_ eu também meu amor, e você o que achou do baile que estamos organizando ? fiquei feliz dos seus pais deixarem a Inês ir
Otávio deu uma risada baixa, ainda tocando  a pele de Helena enquanto dirigia. 
:_ vai ser legal, meu amor. Mas, sei lá... eu nunca fui muito para São Paulo. 
:_ não precisa se preocupar, amor. Eu estarei com vocês.
:_ Inês está adorando a ideia. Faz dias que a vejo mais cabisbaixa pelos cantos, triste... Você sabe de algo? 
Helena sentiu um aperto no coração ao ouvir as palavras de Otávio. Sabia exatamente o que estava acontecendo entre Inês e Bruno, mas não podia contar. Era um segredo que respeitava, e sabia que, naquele momento, a privacidade da cunhada precisava ser preservada. 
:_ não meu amor, mas vou conversar com ela 




Ao chegar no evento, Otávio precisou estacionar a caminhonete um pouco mais longe. O evento no interior era encantador e cultural, com uma energia única. Helena estava admirada, pois já fazia alguns anos que não participava de festas como aquela. A música ao vivo, as barraquinhas de jogos, vendas e outras atrações — toda a população de São Jorge estava reunida, criando um clima vibrante. Helena sentia-se deslumbrada, mas também um pouco desconfortável. Por onde passava, as pessoas continuavam a observá-la, e ela logo percebeu que havia algo de estranho nos olhares. Um murmúrio entre elas estava no ar, e aquilo a deixou um tanto incomodada. Ela olhou para Otávio e, com uma expressão desconfortável, comentou 
:_ esse pessoal não para de me olhar 
Otávio respondeu, brincando com o cabelo dourado de Helena, que caía lindamente sobre seu ombro. 
:_ esse pessoal é assim mesmo meu amor , são todos curiosos
Helena sorriu, embora ainda sentisse um leve desconforto. 
:_ hoje fui ao vilarejo com a minha mãe e percebi isso também, mas deixa pra lá... Minha noite está tão linda, não vou deixar que isso estrague. 
Otávio sorriu de volta, aliviado por ver que ela tentava se divertir apesar dos olhares curiosos. Então, sem pensar duas vezes, beijou suavemente os lábios de Helena. 
:_ isso mesmo minha sereia linda
De mãos dadas, caminharam até uma barraca expositora, enquanto a atmosfera do evento parecia envolvê-los mais a cada passo. O casal estava indo até a barraca de tiro ao alvo quando passaram diante de uma cigana que estava oferecendo consultas. A mulher, com olhar penetrante e um sorriso enigmático, pediu que Helena permitisse que ela lesse sua mão. Helena, educadamente, recusou. 
:_ hoje não, muito obrigada. 
A cigana no entanto, não parecia se importar com a recusa. Sem pestanejar, olhou fundo nos olhos de Helena e disse, de forma direta e misteriosa 
:_ hoje você está por cima, mas a roda gigante ainda vai girar e provar que você não está tão segura quanto pensa. 
Helena, agora curiosa e um tanto desconcertada, encarou o rosto da cigana, tentando entender as palavras que acabara de ouvir. 
:_ é isso mesmo , loirinha. Aquela mulher ainda vai conseguir tirar o que você ama. A inveja dela é maligna, capaz de secar até pimenta. E ela vai tentar até destruir o amor de vocês! 
Aquelas palavras ecoaram na mente de Helena como um aviso, mas ela não queria acreditar. No entanto, uma onda quente de calor invadiu seu corpo, queimando seu interior. O olhar de Helena se encheu de lágrimas, e uma sensação de amargor se instalou em sua boca. Seus olhos se arregalaram, enquanto seu estômago se revirava ao recordar a ameaça de Ana Beatriz mais cedo. 
Otávio percebeu imediatamente o impacto que as palavras da cigana tiveram sobre Helena. Sem hesitar, ele entrelaçou os dedos nos dela, apertando levemente sua mão, como quem oferece apoio silencioso. Aproximando-se, inclinou-se delicadamente e depositou uma série de beijinhos suaves em seu rosto, cada um carregado de carinho e proteção. 
com um sorriso que buscava acalmá-la. 
:_ meu amor, que tal irmos até a bilheteria? Podemos tentar a sorte no tiro ao alvo. Deixa isso para lá 
Helena olhou para ele, tentando reunir forças para sorrir. A voz dele era como uma melodia reconfortante, mas algo dentro dela ainda estava abalado. Ela respirou fundo, segurando a mão dele com mais firmeza, como se precisasse daquele contato para se recompor. 
:_ sim, meu amor vamos...


Otávio tentava, com todo o esforço, fazer Helena esquecer as palavras da cigana. Ele a conduziu até a barraca do tiro ao alvo, esperando que se distraísse, se divertisse. Mas, por mais que tentasse, nada parecia aliviar o peso que pairava sobre ela. As palavras da mulher, carregadas de mistério e de um pressentimento inquietante, continuavam a ecoar na mente de Helena. Cada vez que ela tentava se concentrar no som dos tiros, no riso de Otávio, o rosto da cigana surgia em seus pensamentos. E, mais ainda, a ameaça sussurrada contra ela. Algo dizia a Helena que a tal mulher mencionada pela cigana não era apenas uma figura qualquer, mas sim Ana Beatriz. Aquelas palavras da tarde passada – a ameaça que a outra fizera com tanta determinação – estavam martelando em sua cabeça. 
Helena respirou fundo, tentando se libertar da pressão crescente. Olhou para Otávio, que sorria tentando animá-la, e tentou forçar um sorriso. Mas a preocupação ainda dominava seus pensamentos. “Não posso deixar que isso estrague nossa noite”, pensou. Porém, a angústia não se dissipava. A cada riso, a cada movimento ao redor, ela sentia a sombra da ameaça mais forte. Como se Ana Beatriz estivesse mais perto do que nunca, esperando o momento certo para agir. 
Otávio , com um sorriso travesso, acertou o alvo com facilidade, conquistando o prêmio: um ursinho de pelúcia fofo e delicado. Embora os prêmios fossem simples — chocolates e pequenos bichinhos de pelúcia —, eles carregavam o encanto de uma festa cultural típica do interior. O evento era uma verdadeira celebração das famílias de São Jorge, uma noite repleta de músicas e danças típicas, com artistas locais que traziam à tona as tradições da cidade.  Ele estendeu o ursinho a Helena, que olhou para ele com os olhos brilhando, esquecendo por um instante as preocupações que ainda pesavam em sua mente. O gesto simples de Otávio fez seu coração aquecer. Ela sorriu, um sorriso genuíno, e em um impulso, se aproximou dele, selando aquele momento com um beijo doce nos lábios de Otávio. 
:_ para você ,minha linda!
 disse ele com ternura, olhando para ela com um brilho nos olhos. Helena sentiu um calor suave em seu peito, como se aquele pequeno gesto fosse o que ela precisava para se sentir mais leve, mesmo que a sombra da ameaça ainda estivesse à espreita.
Otávio segurou o rosto de Helena com as mãos, olhando-a nos olhos com uma expressão de ternura e preocupação. Ele sabia que as palavras da cigana ainda estavam rondando a mente dela, e isso o incomodava profundamente.
:_ minha linda, não quero que fique mal por causa do que aquela mulher disse, ela fala o mesmo para todos é clichê, você sabe que nosso amor é abençoado por Deus que a gente se ama , vamos formar nossa família e vamos ser muito felizes eu tenho certeza disso 
Helena sorriu, sentindo um peso se dissolver dentro de si. Ela sabia, no fundo, que não podia sofrer por antecipação. Não fazia sentido deixar-se consumir por uma estranha que nem sequer conhecia, com suas palavras misteriosas e ameaçadoras. O futuro era, sem dúvida, um grande mistério — ninguém podia prever o que viria. Mas o que importava naquele momento era o presente, e seu presente estava repleto de luz, de carinho e de amor ao lado de Otávio.
Ela olhou para ele com um sorriso tranquilo, sentindo-se grata por ter o homem que amava ali, tão próximo, tão presente. A ansiedade que a cigana havia deixado em sua mente começava a desaparecer, e, por mais que o futuro fosse incerto, ela sabia que, naquele instante, estava vivendo algo real e precioso. "Vou aproveitar cada minuto ao seu lado", pensou, sentindo uma paz interior que há muito não experimentava.


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