sábado, 25 de janeiro de 2025

Corações Invencíveis - 2 temporada

 capitulo 5:  Corações em Conflito (parte 9)   



Frederico sabia exatamente do que a esposa estava falando, mas fingiu surpresa. Pior ainda, fez-se de desentendido. Em um gesto calculado para disfarçar a tensão, ele se levantou e puxou uma cadeira próxima a ele, oferecendo-a para Patrícia se sentar. Ela suspirou alto, afundando-se na cadeira. Suas pernas tremiam levemente, denunciando a inquietação que tomava conta de seu corpo. Seu olhar, carregado de desespero e nervosismo, buscava nos olhos do marido uma certeza — uma que talvez jamais encontrasse. Frederico, por sua vez, suspirava lentamente, mordendo os lábios como se isso pudesse evitar um confronto. Mas Patrícia não lhe daria essa chance. 
:_ Frederico, eu preciso saber de toda a verdade sobre a origem de Pilar 
Ele manteve a expressão impassível. 
:_ meu amor, você sabe que Pilar é nossa filha adotiva. 
:_ Quem são os genitores dela? Quem é a mãe biológica? 
:_ eu não sei, Paty. Você sabe muito bem como foram os trâmites da adoção... 
Patrícia estreitou os olhos, desconfiada.
:_ Sempre me questionei sobre essa adoção. Foi tudo tão rápido… Mas nunca havia parado para pensar no mais evidente. 
Frederico arregalou os olhos, sentindo um frio na espinha. O temor de que sua esposa estivesse chegando perto demais da verdade o fez se enrijecer na cadeira. 
:_ O que quer dizer com isso, Paty? Por que esse assunto agora? Não me diga que foi nossa filha quem questionou sobre isso… 
:_ não,. Graças a Deus, parece que a Pili esqueceu esse assunto. Mas eu, por outro lado, estive pensando. Como uma criança tão linda veio parar nos nossos braços? Como alguém teve coragem de abandonar um ser tão indefeso? E, mais do que isso…Ela se parece tanto conosco. 
Frederico sentiu o sangue fugir de seu rosto. 
:_ ah, meu amor… As pessoas são capazes de tudo. Você está sensível porque nosso caçula está prestes a se casar… E, além disso, a Pili se parece conosco porque foi criada por nós desde sempre. A convivência molda as pessoas. E, graças a Deus, ela puxou você. 
:_E os olhos dela? São iguais aos seus. 
não conseguiu esconder o incômodo. Respirou fundo, tentando pensar em uma resposta plausível, mas hesitou tempo demais. 
Patrícia percebeu. 
:_ não vai falar nada , Frederico ?
Ele forçou um sorriso, tentando soar despreocupado.
:_ Meu amor, acho que você está emotiva, só isso. Pilar sempre foi criada por nós, desde recém-nascida. É completamente normal que haja semelhanças. E, sinceramente, fico feliz por isso. 
Patrícia desviou o olhar, parecendo perdida em pensamentos. 
:_ Às vezes, tenho curiosidade sobre a origem dela… Algo não encaixa.
:_ Não faça isso, Paty. Isso só nos traria sofrimento. Se a mãe biológica dela a abandonou, é porque não merece ser lembrada, muito menos ser parte da vida dela. Você é a melhor mãe que a Pili poderia ter. Não é à toa que nossos filhos cresceram tão bem, com caráter e valores. 
Ela assentiu, mas não parecia convencida. 
:_ Pilar chegou num momento difícil para mim. Eu estava péssima, não conseguia ser mãe… E toda essa história mexe comigo.
Frederico segurou a mão da esposa com carinho. 
:_ Então, não pense mais nisso, meu amor. 
Patrícia pareceu ponderar, mas logo acrescentou:
:_ tem uma moça que trabalha na empresa da Vera, que eu acho tão parecida com a nossa filha 
Frederico franziu o cenho, o corpo enrijecendo.
:_ Eu… Eu não a conheço, acho… 
:_ Ela é muito bonita. Tem o cabelo laranja e os olhos um pouco mais escuros que os da Pili. Mas a semelhança é impressionante. 
Ele tentou disfarçar a tensão com um sorriso forçado. 
:_ Hoje em dia, muitas meninas pintam o cabelo de laranja por causa daquela atriz da Globo. 
:_ É, pode ser isso… Mas, de qualquer forma, a Pilar não gosta dela. 
Frederico começou olhar mais atentamente e com olhar visivelmente preocupado 
:_ e por que ela não gosta ?
:_Acho que é ciúmes dela com o Léo… Coisa boba. Bem, estou descendo para ver o almoço. 
:_ ta bom amor
Ele depositou um beijo nos lábios da esposa e a observou até que ela fechasse a porta. Assim que ficou sozinho, sentiu o peso do assunto o prender ao lugar, como se suas pernas se recusassem a obedecer.
Com um suspiro tenso, cruzou as mãos sobre o peito e recostou-se na cadeira. Seu olhar vagava pelo escritório, mas sua mente estava distante, mergulhada em pensamentos inquietantes. Ele sequer piscava.  ´´ o que será que a Patrícia sabe ? para vir com esse assunto agora´´ A simples possibilidade fez um arrepio subir por sua espinha. ´´e essa moça? Será que… Não, não pode ser. Isso seria impossível…" O coração martelava contra o peito, enquanto ele tentava afastar a pior das suspeitas. ´´ "Pilar não pode saber da verdade. Nem minha mulher. ´´ O silêncio absoluto do escritório parecia amplificar a tensão em seu peito. Ele fechou os olhos por um instante, mas a sensação de que tudo estava prestes a ruir não o abandonava.


Patrícia  não encontrou segurança nas palavras do marido. Havia algo que não se encaixava naquela história, e sua intuição gritava que Frederico não estava sendo totalmente sincero.  Desde o momento em que viu Manuela pela primeira vez e notou a semelhança impressionante com Pilar, um incômodo passou a crescer dentro dela. Mas, por outro lado, o amor que sentia pela filha e pelo marido fazia com que tentasse ignorar todas essas evidências. Ainda assim, o medo permanecia.  E se os pais biológicos de Pilar ainda estivessem vivos? E se, em algum momento, tentassem procurá-la? A ideia a apavorava. E se Pilar aceitasse conhecê-los? Se fossem pessoas perigosas? Ou, pior, se a mãe fosse uma mulher desesperada, tentando recuperar a filha que um dia perdera? Essas perguntas ecoavam em sua mente sem descanso. A angústia crescia como um nó em seu peito. Passou as mãos pelo rosto, sentindo a pele quente, enquanto respirava fundo, tentando se acalmar. 
Mas era inútil, O peso da dúvida já havia se instalado em seu coração.

Quem também se sentia angustiada com tudo que passava em sua mente era Sebastian aela não poderia acreditar em toda a historia que Elisabeth havia contado, ela sabia que a mulher faltava com a verdade , Ela simplesmente não conseguia acreditar na história que Elisabeth havia contado. Algo parecia fora do lugar. Ela conhecera Olívia e sabia que a falecida não tinha familiares próximos. Talvez houvesse alguém distante em Minas Gerais, mas em Portugal? Na França? Isso lhe parecia impossível.  Ainda assim, Sebastiana hesitava em afirmar suas suspeitas. Não tinha provas concretas, apenas uma intuição inquietante que lhe corroía o peito. Helena, por sua vez, percebeu o choque no rosto da antiga babá  e decidiu não insistir no assunto. Talvez a semelhança física entre Elisabeth e Olívia estivesse mexendo demais com Sebastiana. ela então subiu para seu quarto para se arrumar, Sem querer prolongar a conversa, Helena subiu para o quarto para se arrumar. Tadeu já estava começando os preparativos para o churrasco e, em breve, a família de seu namorado estaria ali.  Ao entrar no quarto, jogou o celular na cama sem se importar com as várias notificações que piscavam na tela—todas tentativas de contato de João Paulo. 

João Paulo estava visivelmente irritado. Helena não lhe respondia, não atendia suas ligações e sequer postava uma foto. A ideia de não tê-la por perto lhe tirava a paz. Ele tentava, insistentemente, encontrar uma forma de falar com sua aluna da faculdade, mas nada funcionava.  Teresa comenta com a mãe que João estava muito ansioso nos últimos dias e que ainda não havia descido para juntar-se a mesa com a família, Branca , já percebendo a preocupação da filha, apoiou a mão direita em seu ombro e respondeu 
:_ Eu o chamei há pouco. Ele disse que já vinha. 
Mesmo assim, Teresa franziu o cenho, desconfiada. 
:_ eu acho que ele deve estar envolvido com alguma namorada nova… ou interessado em alguma moça. João está muito diferente. 
Raimundo, que ouvia a conversa entre a filha e a esposa, resolveu amenizar 
:_ João já é homem.  É normal que se interesse por alguém. Além do mais, já passou da hora de arrumar uma companheira e formar uma família. Eu já estou velho e quero ser bisavô logo. 
Teresa suspirou, mas não se deu por convencida. 
:_ eu sei pai. Mas a mudança do João foi brusca demais. Ele não sai daquele quarto! Isso me preocupa. Se ele realmente está conhecendo alguém, deveria trazê-la aqui para que a gente conheça. 
Raimundo  assentiu com um leve aceno de cabeça.
:_ isso eu concordo, Teresa. Devemos saber quem é essa moça e a família dela. Afinal, meu neto tem que estar com alguém digna. 
Raimundo, como todo senhor de sua geração, possuía pensamentos arcaicos e extremamente conservadores.  O que ninguém naquela mesa sabia era que a mulher que tirava o sono e o foco de João Paulo era a sua aluna da faculdade… e pior ainda , era neta de Clóvis o primeiro amor de Branca, o homem que um dia a abandonou. 


A história de Branca e Clóvis era antiga, marcada por promessas desfeitas e traição. Branca, apesar de sua origem humilde, possuía qualidades que encantavam qualquer homem. Era educada, gentil, bonita e carismática. Seu nome fazia jus à delicadeza que carregava na alma. Mas tudo mudou quando Assunção entrou em cena. Ela era uma mulher de presença marcante, capaz de atrair olhares por onde passava. Seus olhos azuis contrastavam com sua postura firme e determinada, e seu sorriso não era sutil—era voraz, quente e sedutor. Assunção não queria Clóvis por amor, mas sim por obsessão. 
A família dos Reis era clássica, com uma fortuna que atravessava gerações e crescia a cada década. Assunção não suportava ser pobre. Desde jovem, mesmo sem riquezas, carregava uma arrogância nata. Tratava os outros com indiferença e se via acima de todos à sua volta. 
 Clóvis , seduzido por seu magnetismo, traiu Branca. No início, era apenas um caso. Mas logo ele se apaixonou por Assunção e rompeu o noivado às vésperas do casamento, abandonando a mulher que realmente o amava para se entregar a uma mulher fria, controladora, manipuladora e narcisista—alguém que só amava a si mesma. 
A cidade de São Jorge sempre foi palco de grandes paixões e enredos intensos. Amores não correspondidos, romances fracassados e obsessões nunca superadas faziam parte de sua história. 


Helena se arrumou com leveza e elegância para receber a família do homem que amava. Escolheu um vestido fresco, de pequenas estampas, e, por baixo, um biquíni para aproveitar o calor intenso de fevereiro no interior. Seu cabelo loiro, recém-lavado e perfumado, ainda estava úmido. Com uma toalha, retirava o excesso de água enquanto aplicava um protetor térmico, cuidando para evitar danos.  Ao terminar, parou diante do espelho e sorriu. Seu reflexo a agradava. Estava radiante, apaixonada. Pegou o celular para registrar aquele momento, mas, assim que desbloqueou a tela, veio o choque: inúmeras notificações de João Paulo.
O coração acelerou de irritação.
Incrédula com a insistência dele, rapidamente mandou uma mensagem para Maitê, contando o que estava acontecendo. A amiga não hesitou em aconselhá-la: se João Paulo não parasse com a perseguição, deveria procurar a direção da faculdade. 
Helena concordou, mas não queria que aquilo estragasse seu dia.
Calçou uma sandália rasteira confortável, borrifou uma generosa dose de seu perfume favorito e lançou um último olhar para o celular antes de desligar a internet. Seus olhos brilhavam—não de medo, mas de amor. Antes de sair, pegou a pelúcia que ganhara de Otávio e depositou um beijo carinhoso nela. 
Antes de sair, pegou a pelúcia que ganhara de Otávio e depositou um beijo carinhoso nela.

O cabelo balançava enquanto ela desfilava pela casa dos seus pais, Amália elogiou a filha que retribuiu com beijos e abraços fazendo um carinho na mãe 
:_ e papai ?
:_ seu pai está na churrasqueira meu amor , você tá ansiosa ?
Helena suspirou e balançou a cabeça.
:_Não, mamãe… Só um pouco triste porque o fim de semana passou rápido demais. 
Amália observou atentamente a filha. Havia algo diferente nela. Uma inquietação sutil transparecia em seus gestos e no tom de sua voz. O coração de mãe nunca se enganava. Com delicadeza, acariciou os cabelos de Helena, que sorriu em resposta. Mas aquele sorriso, embora gentil, trouxe à mãe uma pontada de angústia. Seus olhos brilhavam de paixão, sim, mas também escondiam algo. Uma sensação estranha percorreu Amália, a mesma que sentira antes da morte de Eleonora, sua mãe. Ela apertou as próprias mãos em busca de força, tentando afastar a aflição que se instalava em seu peito. Sem dizer mais nada, envolveu Helena em um abraço apertado e beijou seu rosto com ternura.
:_ eu logo volto, mamãe… Depois do Carnaval 
Amália suspirou. 
:_ Se dependesse de mim e do seu pai, você ficaria aqui com a gente para sempre. Mas parte da maternidade é entender que os filhos crescem e tomam seu próprio caminho. 
A tristeza transparecia em sua voz. O mesmo nó na garganta, a mesma vontade de chorar que sentira no dia em que Eleonora partiu. As lembranças daquele dia voltaram a atormentá-la, mas ela se manteve firme, abraçando a filha com ainda mais força, como se quisesse protegê-la de tudo.



Léo levou Pilar para almoçar em um dos restaurantes favoritos dela. O ambiente acolhedor contrastava com a tensão discreta que ele carregava nos ombros. Pilar, por outro lado, estava deslumbrante. Sua postura era firme, a beleza sedutora e misteriosa, o que sempre o fascinava. No entanto, apesar de admirá-la, sua mente estava em outro lugar: em Vera. 
A mãe vinha se mostrando distante e angustiada, e recentemente tivera uma recaída simbólica na bebida. Isso preocupava Léo profundamente. Ele tentara conversar com o irmão mais velho, insistindo para que voltasse a São Paulo, mas recebeu apenas desculpas. No fundo, sabia que a relação de Vera com a família sempre fora conturbada. 
Assim que se acomodaram à mesa, Pilar pegou sua mão com delicadeza, entrelaçando os dedos nos dele. 
:_ Que bom que você veio, amor. Assim podemos conversar melhor. 
Léo soltou um longo suspiro. O peso que carregava era evidente, mas ali, ao lado de Pilar, sentia um alívio momentâneo. Ela era seu ponto de equilíbrio, alguém em quem podia confiar. Além disso, Vera gostava da nora e parecia se sentir segura perto dela.
:_ eu não faltaria meu amor, ainda mais sabendo da desilusão que Verinha está passando 
:_ minha mãe te falou algo?
:_ a mesma coisa que você sabe, Renato rompeu o namoro com ela 
:_ Pra ser sincero, isso me dá um certo alívio. Renato não é um homem confiável, e sabemos que ele estava interessado no dinheiro da minha família.
:_ eu sei 
Léo passou a mão pelo rosto, visivelmente angustiado. O sentimento de alívio por Renato ter saído da vida de Vera era ofuscado pela dor de vê-la sofrer. 
:_ mas , ao mesmo tempo, é torturante ver minha mãe assim… Eu sabia que isso não acabaria bem. 
Pilar suspirou, observando a expressão tensa do namorado. Ela segurou sua mão sobre a mesa, tentando transmitir conforto. 
:_ infelizmente , Renato tem esse hábito de fazer as mulheres sofrerem…  Mas a Verinha precisa passar por isso para depois se reerguer. 
:_ O problema é que ela não está reagindo. Minha mãe tem bebido demais, e eu temo que algo sério aconteça. Ela está mal, Pilar. Nem sai do quarto para fazer as refeições. 
:_ eu posso tentar conversar com ela… Talvez ajudá-la a sair um pouco, respirar novos ares. E se ela viajasse? Uma praia, algo assim… Sempre faz bem. 
Léo bufou, frustrado.
:_ Eu até tentaria organizar algo assim, mas meu irmão não colabora. Tento falar com ele, e quando atende, só diz que não pode deixar a empresa para vir a São Paulo. A verdade é que ele não se importa com nossa mãe. 
:_ meu amor e a casa de praia? olha, o carnaval tá chegando seria o ideal para sua mãe sair um pouco daqui , de perto do Renato e de tudo que lembra ele
:_ Pode ser uma boa ideia. Amanhã peço à Manu para organizar uma viagem para minha mãe… Um presente para ela. 
O nome de Manuela fez Pilar se remexer na cadeira, desconfortável. Uma pontada de irritação percorreu seu corpo, e, por mais que tentasse, não conseguiu disfarçar a mudança em sua expressão. 
:_ Manu ? 
Léo não pareceu notar de imediato.
:_ Sim, meu amor. A Manuela, que trabalha na empresa. 
Pilar cruzou os braços e desviou o olhar, sentindo seu estômago revirar. 
:_ Acho que não precisa falar com ela para isso. Vocês já têm a casa de praia, e organizar uma viagem não é tão complicado assim. 
Léo deu de ombros, tentando suavizar a situação.  
:_Eu sei, meu amor, mas ela cuida dessas coisas. Seria mais fácil.
Pilar sentiu o rosto esquentar. Ela sabia que sua insegurança era irracional, mas não conseguia evitar. 
:_ se quiser eu posso organizar. Afinal, a Verinha e eu somos amigas, não é? Conheço os gostos dela melhor do que qualquer outra pessoa. Não precisamos envolver essa Manuela nisso. Não seria legal que esse assunto chegasse aos funcionários. 
Ela manteve o olhar fixo no namorado, esperando uma resposta que a tranquilizasse. O silêncio de Léo a incomodou mais do que qualquer palavra poderia.




Não demorou muito para que a família de Otávio chegasse à fazenda dos Reis. Como de costume, Iolanda estava tímida, sentindo-se deslocada diante da imponência da família da namorada de seu enteado. Durante anos, os Monteiro dos Reis foram considerados o mais alto padrão da sociedade de São Jorge, e isso sempre a fazia hesitar um pouco.
Apesar disso, ela estava muito bonita. Usava um vestido fluído, simples, mas com um caimento que realçava suas curvas de maneira elegante. Seu cabelo, negro como a noite e perfeitamente liso, emoldurava seu rosto delicado. O sorriso tímido trazia um charme discreto, e ao seu lado estava sua filha, Inês. Assim que chegaram, Inês – grande amiga e confidente de Helena e Otávio – cumprimentou Tadeu e Amália com educação e, ao se aproximar de Helena, envolveu-a em um abraço carinhoso, depositando um beijo suave em sua testa.
Ainda faltava a chegada de Bruno. Ele era um convidado especial de Helena, não apenas por ser namorado de Inês, mas também porque ela fazia questão de estreitar laços com ele. Afinal, o rapaz não tinha culpa de ser irmão de Beatriz e filho de Estevão.
com discrição , Sebastiana chamou Helena para um canto e, com certa hesitação, perguntou se poderia falar com Iolanda em algum momento. 
:_ claro que pode Tiana
:_ Não precisa ser agora, menina Heleninha. Pode ser depois... Não quero incomodar vocês. 
Helena sorriu com carinho, segurando as mãos da antiga babá. 
:_ E desde quando minha Tiana incomoda? Meu amor, você jamais incomodaria. 
Sebastiana hesitou por um instante antes de perguntar em voz baixa:
:_ você também convidou o menino Gomes?
:_ Bruno ? Sim. Ele é namorado da Inês e eles estão passando por um momento difícil. Além do mais, a família Gomes sempre foi amiga da nossa, e ele não tem culpa dos erros dos pais e da irmã. 
Sebastiana sorriu com ternura.
:_ você é preciosa,  meu amor.
Mas sua mente continuava agitada. A imagem de Elisabeth não saía de sua cabeça, e ela não sabia como abordar o assunto com Iolanda. Afinal, como questioná-la sobre algo que, teoricamente, não lhe dizia respeito? ´´ Mas Heleninha é como uma filha... E se for algo que a coloque em risco? Eu preciso saber. Dona Amália também precisa saber." Sebastiana suspirou, sentindo o peso da dúvida.

Bruno pegava as chaves do carro quando a voz firme de Estevão o interrompeu: 
:_ vai sair , filho?
:_ Sim, vou à casa do Tadeu dos Reis. A Helena me convidou. 
:_ você e a loirinha?
Bruno suspirou, já prevendo o tom da conversa.
:_ é, pai. Ela namora meu cunhado, esqueceu?
Estevão ignorou o comentário e mudou de assunto:
:_ A Gabriela ligou. Foi a Paulina quem atendeu. Ela disse que precisa dos seus documentos para dar entrada no pedido de DNA.
Bruno pegou a carteira no balcão e respondeu sem se alterar:
:_ O Marco vai resolver isso. Ele tem me ajudado bastante, tanto como amigo quanto como advogado. 
:_ Agora você tem responsabilidades. Um filho é para sempre. 
Bruno, já acostumado com a pressão, manteve a calma:
:_Esse DNA ainda nem foi feito. Se Cecília for minha filha, eu vou cuidar dela, mas minha vida continua sendo ao lado da Inês. Então, pai, já encerro qualquer possibilidade de o assunto ser Gabriela e eu


Nenhum comentário:

Postar um comentário