capitulo 5: Corações em Conflito (parte 6)
Ana Beatriz chegou ao local do evento, e logo se deparou com uma série de rostos familiares. Mas, apesar de ver tantas pessoas conhecidas, ela não encontrou ninguém com quem pudesse se aproximar e conversar. Sua busca por alguém com quem se sentir à vontade parecia infrutífera. Esperava encontrar seu irmão e a namorada, mas, para sua frustração, não os via em lugar algum. Sentindo-se deslocada, ela se afastou um pouco da multidão e se dirigiu a uma barraca, onde comprou um refrigerante de Coca-Cola. Pegou a lata com as mãos trêmulas e se sentou em um banco próximo, tentando observar o movimento ao seu redor. As risadas e conversas das pessoas soavam como uma melodia distante, quase inaudível, enquanto sua mente estava tomada por pensamentos pesados e insustentáveis. Ela queria se perder naquela festa, se perder no agito da cidade, mas algo dentro dela a impedia.
O vento suave movia os galhos das árvores lentamente, criando um ritmo tranquilo que contrastava com o turbilhão dentro dela. As palmeiras também se balançavam suavemente, como se dançassem ao som de uma música que ninguém mais podia ouvir. O frescor do vento tocava seus cabelos, e uma mecha solta se desprendia, caindo sobre seu rosto. Ela a afastou com um gesto automático, mas o movimento não trouxe alívio. Sua expressão era visivelmente triste, e seus olhos pareciam procurar algo ou alguém que a tirasse daquele lugar de angústia.
Enquanto Ana Beatriz observava o movimento ao seu redor, a festa seguia com vida. Alguns casais dançavam, se entregando à música que preenchia o ar com alegria, crianças corriam e brincavam, e famílias se reuniam, compartilhando risos e momentos de afeto. Sua mente vagava para sua própria família. A mãe, como sempre, mergulhada no trabalho, com seus plantões intermináveis e, quando não estava no hospital, se dedicava aos estudos. Era uma rotina exaustiva, que parecia afastá-la ainda mais de Ana Beatriz. O pai, igualmente imerso no trabalho, passava os dias em reuniões e jantares com conhecidos, sem nunca ter tempo para realmente estar presente. E, por último, Bruno... Seu irmão, , com a namorada, parecia ter sua vida focada nela, Ana Beatriz não podia evitar pensar no futuro incerto de Bruno. Se o teste de paternidade de Cecília desse positivo, tudo mudaria.
´´Talvez o ideal fosse que Bruno fosse pai de Cecília, mesmo", pensou Ana Beatriz, enquanto uma sensação de resignação a envolvia. "Tenho certeza de que a Gabi não me afastaria do meu irmão. Ela é apaixonada por ele, e... bem, a vida deles voltaria a se encaixar. Eu estaria ali, presente, com os dois e com a minha sobrinha." A ideia começou a fazer sentido em sua mente, como se fosse a única opção lógica diante da confusão em sua vida. Um sorriso começou a se formar em seus lábios, uma expressão de aceitação, como se ela finalmente tivesse encontrado a chave para seguir em frente, sem tanta dor.
Ana Beatriz observava o movimento ao redor, perdida em seus próprios pensamentos. Seus dedos inquietos ajustavam a barra da saia, enquanto seus pés balançavam levemente — um hábito que a denunciava toda vez que a ansiedade a visitava. De tempos em tempos, pressionava o botão do fone de ouvido para pular as músicas que não lhe agradavam. Estava tão absorta que quase não percebeu a sombra que se aproximava. Quando finalmente notou, sentiu um frio percorrer sua espinha. Virou-se rapidamente, o coração acelerado, e levantou-se do banco da praça com um movimento brusco. Mas o que encontrou a fez congelar no lugar.
Um sorriso. Não qualquer sorriso, mas um daqueles que parecia carregar a gentileza do mundo inteiro. Os olhos gentis que o acompanhavam transmitiam uma calma inesperada. Por um instante, ela esqueceu o peso dos dias difíceis que vinha enfrentando. Aquele sorriso, tão bonito, iluminava algo dentro dela que há muito estava apagado.
:_ Beatriz
Beatriz sentiu o coração vacilar por um instante. Aquela voz calma, acompanhada de um sorriso tão lindo e gentil, fez com que ela suspirasse quase sem perceber. Ainda um pouco surpresa, respondeu com um sorriso tímido, enquanto o rapaz pegava delicadamente sua mão e a cumprimentava com um beijo suave.
:_ oie Tiago!
:_ veio acompanhar a quermesse da cidade?
Ela piscou algumas vezes, ainda se acostumando à presença dele, e respondeu:
:_ Ah, sim... Eu vim observar um pouco. — Sua voz saiu suave, quase hesitante, enquanto seus dedos voltavam a ajustar a barra da saia, um reflexo de sua timidez.
:_ fez bem , a noite está linda
Tiago deu um passo à frente e, sem pressa, acomodou-se no banco ao lado dela. Por um instante, o mundo ao redor pareceu desaparecer. Ele a observou, notando o brilho sutil nos olhos castanhos dela, que pareciam refletir as luzes da quermesse ao fundo. O sorriso tímido de Beatriz o encantava, e ele reparou nos lábios delicados dela, realçados por um rubor suave de maquiagem, que tornava a cena ainda mais envolvente.
:_ e você está gostando da quermesse ?
Beatriz deu um leve sorriso antes de responder:
:_ ah , para ser sincera, eu só vim porque estava entediada em casa. — Sua honestidade veio acompanhada de um pequeno encolher de ombros, como se desculpasse a simplicidade do motivo.
Tiago riu baixinho, um som caloroso que fez Beatriz relaxar um pouco mais.
:_ te entendo. Eu também vim só para passear um pouco. Na verdade, também para prestigiar o evento da cidade. Sou muito devoto
Os olhos de Ana Beatriz brilharam, embora ela não percebesse. A sinceridade de Tiago a surpreendeu, e sua gentileza começava a deixá-la mais à vontade. Ele não era apenas educado; havia algo nele que transmitia segurança, talvez até algo familiar.
:_ é católico ?
:_ sou sim e você Beatriz ?
:_ eu sou, embora no momento eu esteja afastada da igreja e de tudo que ela significa ou represente
As palavras saíram com um peso que ela não conseguiu esconder. Tiago, atento, notou o leve tremor em sua voz e o modo como ela abaixou a cabeça, como se sua sinceridade a fizesse sentir-se exposta. Com dedos inquietos, Beatriz mexeu no cabelo, puxando suavemente uma mecha que caía sobre o rosto, tentando disfarçar o desconforto.
Tiago não respondeu de imediato. Ele inclinou levemente a cabeça, estudando-a com um olhar que não julgava, apenas buscava entender. O silêncio que se seguiu não era incômodo; era um espaço seguro que ele criava para que ela pudesse respirar.
:_ é totalmente compreensível Beatriz , e espero que você possa recuperar a fé logo em breve
Beatriz suspirou, olhando para as mãos no colo antes de responder:
:_ é difícil...
:_ eu sei... mas quem sabe você só precise de um empurrãozinho
Ela ergueu o olhar, surpresa com a simplicidade e a profundidade daquelas palavras. Um leve sorriso surgiu em seus lábios, quase involuntário.
:_ quem sabe
Tiago sorriu, um sorriso caloroso que iluminava o rosto dele.
:_ E quem sabe esta noite seja o começo disso?
Por um momento, ambos permaneceram em silêncio, o som distante da quermesse preenchendo o espaço entre eles. As luzes coloridas piscavam ao fundo, criando uma moldura quase mágica ao redor dos dois.
Beatriz sorriu, mais confiante desta vez. Talvez, ela pensou, Tiago estivesse certo. Talvez aquela noite fosse mesmo o início de algo novo.
A noite em São Jorge estava especialmente bonita, com as luzes da quermesse iluminando o céu escuro e o riso dos casais preenchendo o ar. Apesar da animação ao redor, uma tensão sutil pairava entre Luísa e Victor. Luísa lançava olhares discretos ao namorado, tentando decifrar seus pensamentos. Victor, por sua vez, parecia perdido em um mar de culpa, seus olhos traindo o segredo que ele guardava: ainda estava apaixonado por Ana Beatriz. Enquanto isso, Luísa, com seus cabelos caindo suavemente sobre os ombros, exibia uma beleza natural que parecia brilhar ainda mais sob as luzes da quermesse. Seus olhos grandes, expressivos, carregavam uma mistura de curiosidade e tristeza, enquanto sua boca, tão bonita, lutava para manter um sorriso. Ela já desconfiava da razão para o distanciamento de Victor, e a ideia do que poderia estar acontecendo fazia seu coração pesar. Mas, mesmo assim, ela tentava se agarrar à esperança, recusando-se a ceder à dor antes de ter certeza.
:_ você está realmente linda, minha gatinha, e seu cabelo te deixa maravilhosa — disse Victor, com um sorriso que parecia lutar para esconder o turbilhão de sentimentos dentro dele.
Luísa sorriu, seus olhos buscando alguma verdade naquelas palavras. No fundo, esperava que o elogio fosse sincero, que ao menos naquele momento ele realmente a visse. Victor inclinou-se devagar, seus lábios encontrando os dela em um beijo lento e delicado. Ele tentou, com cada movimento, preencher o vazio que sabia que Luísa sentia, um vazio que ele mesmo criara. Enquanto a beijava, uma dor silenciosa o atravessava. A lembrança dos beijos de Ana Beatriz ainda era um fantasma persistente em sua mente, uma presença que ele não conseguia afastar. Quando abriu os olhos, por um instante, desejou desesperadamente que fosse Ana Beatriz à sua frente. Esse pensamento o esmagou com culpa, mas ele afastou a ideia, apertando levemente a mão de Luísa como se tentasse se ancorar à realidade.
:_ você é o homem da minha vida
sua voz trêmula, carregada de uma emoção que misturava amor e dor. Luísa sabia, mesmo sem querer admitir, que estava adiando o inevitável.
Victor a encarou, sem conseguir responder. Os olhos marejados dela, brilhando sob a luz suave da quermesse, o feriam mais do que qualquer palavra. As ondas dos cabelos de Luísa caíam suavemente emoldurando seu rosto, destacando seus lábios carnudos e o brilho de quem lutava para manter uma esperança que parecia se desfazer a cada dia.
Luísa esperava, quase implorava em silêncio, que Victor respondesse. Que dissesse que ela era a mulher da vida dele. Mas as palavras que desejava nunca vieram. O que veio, em vez disso, foi um silêncio. Um silêncio insuportável, pesado como uma parede intransponível entre os dois. Era como se aquele vazio dissesse mais do que qualquer palavra poderia. o nó que se formou em sua garganta começou a apertar, uma sensação sufocante que parecia crescer a cada segundo que ele permanecia calado. O aperto em seu coração se transformou em algo tangível, uma dor física que ela não conseguiu evitar. Quando seus olhos buscaram os dele, na tentativa desesperada de encontrar alguma explicação, ela encontrou apenas incerteza. Isso foi suficiente para que as lágrimas começassem a rolar por seu rosto, suavemente no início, até se tornarem incontroláveis.
Ela não tentou escondê-las, não dessa vez. Não havia força suficiente dentro dela para lutar contra aquilo. As lágrimas desciam por suas bochechas, traçando caminhos brilhantes em sua pele, enquanto o brilho de sua maquiagem começava a desbotar.
E, naquele momento, a dor de Luísa não era apenas emocional. Era como se cada lágrima que caía levasse consigo um pedaço dela, deixando-a mais frágil, mais exposta.
Conforme a noite avançava, as pessoas da quermesse começavam a definir seus destinos. O som animado das conversas, das músicas e das risadas se misturava com a serenidade de momentos mais íntimos. Ana Beatriz e Tiago continuavam conversando sob o céu estrelado. O papo fluía tão naturalmente que era difícil acreditar que, até poucas horas atrás, eles eram dois completos desconhecidos. Cada novo assunto revelava um pouco mais de quem eram, e ambos se sentiam à vontade, como se aquele encontro fosse o início de algo especial. Enquanto isso, Helena e Otávio aproveitavam a noite à sua maneira. Caminhavam juntos, admirando a movimentação e a energia ao redor. Trocas de carinhos eram constantes — beijos delicados na mão, um toque na nuca, sorrisos que brilhavam tão intensamente quanto os olhares apaixonados que trocavam. Em um momento, Helena prendeu os cabelos, afastando-os do rosto com um gesto casual, mas que para Otávio parecia uma obra de arte. Ele a observou com fascinação, admirando cada centímetro daquele rosto que tanto amava. Os lábios macios que ele adorava beijar, os olhos azuis como o mar, que pareciam refletir todo o amor e felicidade que ela sentia naquele instante.
Otávio disse, com um sorriso travesso, enquanto sua mão acariciava suavemente o rosto dela.
:_ você fica ainda mais linda, suada e ofegante de tanto dançar
Helena riu, um som leve e encantador, enquanto inclinava a cabeça para ele. Ela respondeu
:_ e você fica ainda mais gostoso com seu corpo assim tão colado ao meu
Otávio não resistiu e a puxou para mais perto, seus lábios encontrando os dela em um beijo cheio de ternura e paixão, como se aquele momento fosse feito para durar para sempre.
Ao redor deles, a noite continuava viva, mas para Otávio e Helena, o mundo parecia parar. Era apenas eles dois, o amor que compartilhavam, e a mágica daquela noite inesquecível.
Helena sentia-se tão completa e feliz nos braços de Otávio que, por um instante, a realidade parecia distante, quase inexistente. A lembrança de que, no domingo, teria que voltar para São Paulo veio como uma sombra, ameaçando roubar a serenidade daquele momento. A ideia de retornar para a cidade grande trouxe consigo um turbilhão de pensamentos. O estresse constante do trabalho, a presença incômoda do professor João, as brigas intermináveis entre Catarina e Thainara, as exigências da faculdade e as complicações envolvendo Rafaela, Vera e Renato. Cada detalhe pesava como uma corrente, puxando-a de volta para um cotidiano turbulento e barulhento. Ela fechou os olhos por um momento, respirando fundo, enquanto sentia o calor da mão de Otávio segurando a sua. Aquela simples conexão era tudo o que ela precisava para se lembrar do que realmente importava.
Na fazenda, tudo era diferente. Ali ela encontrava paz, paixão, alegria e amor. Era como se cada canto daquele lugar acolhesse sua alma cansada, oferecendo um tipo de tranquilidade que nenhuma outra parte do mundo poderia oferecer. Otávio era parte essencial dessa equação, o homem que a fazia se sentir amada, segura e completa.
Helena abriu os olhos e olhou para ele, que sorria enquanto brincava com uma mecha de seu cabelo. O brilho nos olhos dele era inconfundível; ele a amava com todo o coração, e ela sabia disso.
"Por que eu voltaria para São Paulo?", pensou, com uma pontada de frustração. "Se é aqui que eu sou verdadeiramente feliz, se é aqui que eu sinto que pertenço?"
Por um instante, ela teve vontade de nunca mais sair dali. De abandonar tudo o que a esperava na cidade grande e simplesmente ficar ao lado do homem que ela tanto amava, vivendo uma vida mais simples, mas infinitamente mais plena.
:_ o que foi minha sereia ?
Helena suspirou, seus olhos encontrando os dele com um misto de amor e melancolia.
:_ Não, nada, amor. Eu apenas estava pensando... queria que essa noite nunca mais tivesse um final. Para que eu nunca precisasse sair de perto da sua companhia.
Otávio sorriu, um sorriso genuíno que iluminou todo o seu rosto. Ele segurou as mãos dela com firmeza, como se quisesse garantir que ela soubesse que ele a apoiaria em qualquer decisão.
:_ Então não vá embora, meu amor. Fique aqui. A gente se casa amanhã mesmo, eu já te disse.
Helena acariciou o rosto dele, passando a ponta dos dedos pela barba que começava a despontar, enquanto o olhava com ternura. Seus olhos denunciavam o conflito interno que carregava: o peso das obrigações em São Paulo, a vida que tinha construído lá, versus o desejo avassalador de permanecer ao lado do homem que a fazia se sentir completa.
:_ eu prometo que todos nossos sonhos vão se realizar meu amor
Otávio segurou a mão dela contra seu rosto, fechando os olhos por um momento, como se estivesse absorvendo cada palavra, cada toque. Ele sabia que Helena precisava partir, mas ouvir aquelas promessas lhe dava esperança de que o amor que compartilhavam seria forte o suficiente para superar qualquer distância.
:_ o que eu preciso eu já tenho meu amor, você. a gente se ama e vamos ficar juntos para sempre , ter nossa vida, nossos filhos
Luísa secou rapidamente as lágrimas que involuntariamente escorriam por seu rosto, tentando recuperar a compostura. Com um gesto decidido, ela prendeu seus lindos cabelos cacheados em um rabo de cavalo alto, como se buscasse controlar não apenas os fios, mas também os sentimentos que a dominavam. Pegou a bolsa que estava ao seu lado na cadeira, ajeitando a alça sobre o ombro com movimentos firmes, e fez menção de se levantar. Antes que pudesse dar o próximo passo, Victor segurou suas mãos, suas palmas firmes envolvendo as dela com suavidade, mas o suficiente para impedi-la de ir embora. Ele a olhou, seus olhos carregados de confusão e preocupação. Fingindo-se de desentendido, ele perguntou, a voz mais baixa, quase um sussurro:
:_ Luísa, o que você tem?
A pergunta pairou no ar, mas para Luísa, soou quase como uma afronta. Ela desviou o olhar, tentando evitar aqueles olhos que, por tanto tempo, a haviam feito se sentir especial, mas que agora pareciam incapazes de enxergar a profundidade de sua dor. Ela respirou fundo, sua garganta ainda apertada pelo nó emocional que insistia em não desaparecer.
Depois de alguns segundos, respondeu, sua voz trêmula, mas carregada de mágoa
:_ é sério que você ainda pergunta Victor? eu sinto sua indiferença, sinto como você está distante. Eu vejo a forma vazia como você olha nos meus olhos. Não adianta tentar disfarçar... Eu entendi que algo aconteceu, mesmo que você não queira dizer nada.
Ela parou por um momento, respirando fundo para conter as lágrimas que ameaçavam voltar.
Victor ficou mudo. Suas mãos ainda seguravam as dela, mas ele parecia incapaz de responder. O peso das palavras dela o atingiu como uma onda. Era como se cada frase carregasse uma verdade que ele tentava desesperadamente evitar.
Luísa percebeu a hesitação e não perdeu a oportunidade de continuar, sua voz agora mais firme, mas ainda tingida de dor
:_ No começo, eu quis te dar o benefício da dúvida. Pensei que você pudesse estar cansado, com enxaqueca, ou talvez algum mal-estar. Mas não é verdade, não é?
Ela puxou suavemente suas mãos para longe das dele, criando uma barreira invisível entre os dois.
:_ Eu não vou fingir que não percebo, Victor. E também não vou fingir que está tudo bem entre nós. você andou vendo aquela menina, não é? A Ana Beatriz!
Os olhos de Victor ficaram fixos nos dela, mas ele não encontrou palavras para se defender. Tudo o que ele queria era evitar aquele confronto, mas era impossível escapar.
Os olhos de Victor se fixaram nos dela, mas ele permaneceu em silêncio. Seu rosto expressava uma mistura de culpa e constrangimento, como se cada palavra dela fosse um espelho refletindo aquilo que ele tentava esconder até de si mesmo.
:_ você não consegue sequer me responder, Victor. Nem negar, nem admitir. Eu esperava outra reação de você. Aliás, você sempre foi um homem de atitude... e agora fica nesse completo silêncio.
Victor desviou o olhar, sua respiração pesada denunciando a batalha interna que travava.
:_ Isso não tem nada a ver, Luísa. Moramos na mesma cidade, é praticamente impossível evitar que os encontros aconteçam.
Luísa questionou, sem rodeios, suas palavras cortantes como uma lâmina.
:_ então você esteve com ela?
Victor respirou fundo sabia que não poderia mais negar e admitiu
:_ não estive com ela. Eu a encontrei à tarde, foi por acaso. Não foi algo planejado.
:_ e por que você não disse nada ?
:_Porque eu sabia qual seria sua reação, Luísa. Você tornaria isso um grande problema.
:_ Isso deve ser alguma piada, só pode. Victor, o problema não é você vê-la! Até porque, como você mesmo disse, moramos na mesma cidade.
Ele tentou interrompê-la, mas ela ergueu a mão, não permitindo que ele falasse.
:_ então Luly, você sabe que não tenho nenhum contato com ela mais
Luísa bufou, cruzando os braços com força enquanto olhava para ele.
:_ Não é sobre contato, Victor. Eu não a-suporto, e também não suporto o fato dela fazer piada de mim. Você sabia que ela vai até o meu trabalho para debochar de mim?
:_ não sabia disso
:_ Pois é. Mas quer saber? Posso relevar. Afinal, isso só mostra a imaturidade dela.
Victor tentou se aproximar, estendendo a mão para tocá-la, mas Luísa deu um passo para trás, mantendo a distância.
_ mas isso não é sobre ela, É sobre você. Sobre o fato de que você está tão distante e tão indiferente que me faz sentir que já não tenho espaço no seu coração.
:_ Me desculpa, Luísa, se minha reação te fez sentir assim. Eu te asseguro que isso nunca foi a minha intenção.
Luísa balançou a cabeça lentamente, seus olhos cheios de dor enquanto ela o encarava.
:_ É sua indiferença, Victor. É a sua falta. Você mudou, e não foi aos poucos. Foi como um estalo, como se de repente algo dentro de você tivesse mudado. E depois desta tarde... depois que esteve com ela.
Victor abriu a boca para falar, mas Luísa o interrompeu, seus olhos fixos nos dele.
:_ fala a verdade, Victor. Olha nos meus olhos e me responde com sinceridade. Você ainda sente algo por essa menina?
Ele desviou o olhar por um instante, mas sabia que não poderia evitar a pergunta. O peso do momento era quase palpável, e ele sentia como se cada segundo de silêncio apenas aumentasse a tensão entre eles.
:_ não, Luly. Eu não sinto nada por ela. Ela foi, sim, importante para mim. Eu nunca escondi isso de você, e você bem sabe.
:_ continua
:_ mas não, Bia é uma lembrança do passado, um passado que eu não queria nem ter vivido. meu presente é você Luly, eu não tenho nada com ela
Victor decidiu omitir a informação que ainda pensava e sentia atração por Ana Beatriz, sabia que isso evitaria uma dor ainda maior em Luísa e que estava disposto a aprender ama-la e corresponder seus sentimentos.
Ana Beatriz caminhava ao lado de Tiago, sem perceber que o tempo parecia voar ao redor deles. A música, as risadas, as luzes da quermesse... tudo parecia estar em sintonia com a felicidade que ela estava sentindo. Fazia tanto tempo que ela não sorria de forma tão genuína, sem amarras, sem preocupações. O sorriso que escapava de seus lábios era espontâneo, algo que Tiago não pôde deixar de notar. Ele estava encantado com ela, com a naturalidade com que se entregava àquele momento, e o brilho nos olhos dela o fazia sentir algo que ele não imaginava que fosse possível em tão pouco tempo. Tiago, com sua simplicidade e jeito tranquilo de ser, estava totalmente envolvido pela companhia de Ana Beatriz. Ele era um homem do interior, acostumado com a calma e a serenidade da vida no campo, onde os gestos eram mais lentos e as palavras mais sinceras. E ali, na agitação da quermesse, ele se sentia à vontade. Ana Beatriz, sem saber, estava tornando a noite dele ainda mais especial.
Enquanto esperavam na fila de uma barraquinha, Ana Beatriz e Tiago trocavam sorrisos e conversas. O papo fluía de forma tão natural que parecia que eles se conheciam há muito tempo, embora fosse a segunda vez que se encontravam. Tiago, encantado pela beleza e inteligência de Ana Beatriz, decidiu fazer uma pergunta que a deixou pensativa.
:_ Beatriz
:_ sim
:_ me diga uma coisa, como uma moça tão bonita e inteligente faz sempre sozinha ?
Ana Beatriz olhou para o lado, desviando o olhar da pergunta. Sua cabeça abaixou levemente, como se tentasse esconder um pensamento, e seus olhos ficaram fixos no chão, como se o peso das palavras a tivesse feito refletir sobre o que estava acontecendo em sua vida.
:_ digamos que ultimamente eu tenha apenas a minha solidão como companhia , eu não andei sendo uma boa pessoa
Ana Beatriz pegou seu refrigerante e levou o canudo aos lábios, seu olhar ainda cabisbaixo, incapaz de encarar Tiago. A dor era evidente, mas ela tentava disfarçar. Ela sentia vergonha, uma vergonha profunda dos passos errados que havia dado no passado, tanto em relação ao amor quanto à amizade.
Tiago, percebendo o sofrimento de Ana Beatriz, não disse nada de imediato. Ao invés disso, ele estendeu a mão e, com um gesto suave, arrumou uma mexa de cabelo dela, colocando-a atrás de sua orelha. A delicadeza daquele toque fez Ana Beatriz se arrepiar, e por um momento, ela olhou para ele, surpresa com o carinho simples, mas significativo.
:_ isso acontece. Todos nós temos momentos difíceis, e a solidão às vezes é uma companhia que nos faz aprender. Mas isso não significa que você tenha que carregá-la sozinha.
Otávio e Helena e Helena se despediram da quermesse no melhor estilo, felizes e cantarolando. Ele lhe entregou uma rosa, e ela a segurou com carinho, junto à pelúcia que havia ganhado dele naquela noite. Helena, com um sorriso curioso, perguntou
:_ onde vai me levar meu amor ?
Ele sorriu em silêncio, aproximando-se dela, beijando seus lábios de forma suave e, em seguida, dando-lhe uma leve mordida no lábio inferior, provocando um sorriso travesso nela.
:_ É surpresa, minha linda!
Otávio dirigia por um caminho escuro, onde poucas luzes públicas iluminavam a estrada. O som do carro tocava suavemente uma canção bonita e apaixonada típica do interior, criando uma atmosfera acolhedora. Helena sorria ao sentir o vento fresco tocar-lhe a pele, um alívio após um dia difícil e quente, tão comum naquela época do ano. Seu penteado começava a se desfazer, e as pontas do cabelo caíam suavemente sobre sua nuca. A alça do vestido escorregava delicadamente por seu ombro, enquanto o cheiro de seu perfume floral adocicado misturava-se levemente ao suor que a noite quente havia trazido. Ela e Otávio conversavam sobre diversos assuntos, sem nunca perder o sorriso que iluminava seus rostos apaixonados. A felicidade transbordava no ar, reflexo de uma noite que havia sido repleta de momentos especiais, risos e cumplicidade.
Masa felicidade daquela noite não terminava ali. Ao estacionar o carro e deixar as luzes acesas, Otávio desceu, contornou o veículo e abriu a porta para Helena. Com um gesto firme e carinhoso, segurou as mãos dela e, com um sorriso cúmplice, pediu
:_ tira os saltos meu amor
Ela obedeceu, retirando os sapatos altos com delicadeza. Então, ele a surpreendeu novamente
:_ feche os olhos me dê as mãos e confie em mim
Helena sorriu, meio desconfiada, mas deixou-se guiar. Ainda de olhos fechados, ela sentiu o chão sob seus pés descalços e ouviu o som suave da água ao longe. Otávio conduzia-a com cuidado, certificando-se de que cada passo fosse seguro.
:_ pronto meu amor, pode abrir seus olhos
Ao abrir os olhos, Helena ficou sem palavras. Diante dela estava a cachoeira iluminada pela lua, o lugar que ela tanto sonhara visitar à noite desde o primeiro encontro dos dois. Era mágico, como um cenário tirado de seus sonhos.
Ela virou-se para Otávio, que a observava com um sorriso cheio de satisfação e amor. Ele sabia o quanto aquele momento significava para ela e estava radiante por ter conseguido realizá-lo ao seu lado.
:_ a cachoeira meu amor, que linda
:_ você achou que eu havia esquecido do seu pedido né sereia ? eu jamais esqueceria
Helena sorriu ainda mais, tocada pelas palavras dele. Ela aproximou-se devagar, selando um beijo suave em seus lábios, carregado de gratidão e amor. Otávio retribuiu o gesto, envolvendo-a com delicadeza.
nquanto o beijo prolongava-se, ele subiu uma das mãos para acariciar os cabelos dela, os dedos deslizando gentilmente pelas mechas que caíam livres sobre os ombros. Lentamente, deixou sua mão descer até suas costas, criando um toque íntimo e cheio de ternura.
Otávio retira o vestido da moça, deixando-a apenas de lingerie ela lhe olha apaixonada naquele cenário lindo pronta para ama-lo.
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