capitulo 6: O Amor Sob Ataque ( parte 2)
Helena separou as roupas que usaria naquela manhã. Escolheu uma chamise na cor púrpura, que realçava o tom da sua pele, os cabelos loiros e os olhos azuis. Por baixo, vestiu um conjunto de academia com top e short preto – uma combinação que a deixava mais confortável e segura, sem precisar expor demais o corpo. Nos pés, optou por um salto elegante da Sophia Webster, que a fazia se sentir ainda mais poderosa. Vaidosa e sofisticada, Helena valorizava sua aparência: gostava de estar sempre impecável. Era uma forma de expressar sua força, elegância e autoconfiança. Ao descer as escadas, deu um beijo carinhoso de bom dia no avô, Clóvis, que já estava à mesa. ele insistiu que ela deveria tomar o café com eles mas ela explicou que já havia marcado de tomar café da manhã com Maitê e depois irem juntas para o trabalho como era de costume todas as manhãs.
:_ mas então venha almoçar com a gente , filha.
:_ claro que sim vovô, senti sua falta esse final de semana
Clóvis sentia um carinho imenso por sua única neta. Na vida agitada da capital, ela era sua melhor companhia. Isso porque Assunção, sua esposa, nunca se tornara a mulher doce e companheira que ele sonhara. Pelo contrário, era áspera, sarcástica e tratava a todos com uma indiferença fria e comentários petulantes.
:_ eu também senti muito a sua falta , minha filha.
Helena mostrou o terço deixado na sua mesa ao lado da cama para o avô
:_ olha o que a mamãe me deixou
:_ Muito bonito, minha filha... Que ele te proteja de todo mal
Depois da breve conversa, Helena se despediu do avô e caminhou até a garagem para pegar o carro. Ao sair, mais uma vez percebeu um carro estacionado na rua, o mesmo que havia visto nos últimos dias. Não o reconhecia, e uma sensação estranha a invadiu. Sentiu um calafrio na espinha e uma dúvida inquieta tomou conta de seus pensamentos: estaria sendo seguida? Mas por quem?
ela não costumava ter inimizades. Bom... havia se desentendido com Rafaela há alguns dias, e havia também Renato — mas nada tão sério, ao menos não o suficiente para justificar aquela sensação de perseguição. Nesse instante, a lembrança da cigana que encontrara no sábado voltou com força: ´´ Aquela mulher ainda vai conseguir tirar o que você ama. A inveja dela é maligna, capaz de secar até pimenta.´´ As palavras ecoaram em sua mente como um aviso sombrio. O flashback daquele momento foi tão vívido que a fez estremecer. Helena tinha certeza de que a mulher mencionada era Ana Beatriz. Nada poderia convencê-la do contrário.
Helena fechou os vidros do carro com firmeza e, instintivamente, colocou a bolsa embaixo do banco. O medo tomava conta de seus pensamentos — aquela sensação de estar sendo vigiada, seguida, ou pior, de ser alvo de uma tentativa de sequestro, era angustiante. Seus olhos vasculharam os espelhos retrovisores com inquietação, o coração acelerado e a respiração curta.
Foi só quando viu o carro misterioso dobrar uma esquina e seguir por outro caminho que conseguiu, por um momento, respirar com mais calma. Ainda assim, um nó continuava apertando sua garganta. — Que horrível é se sentir insegura... — murmurou para si mesma, tentando controlar a ansiedade. Enquanto dirigia pelas ruas movimentadas da capital, um pensamento a atravessou como um raio: “Eu nunca havia me sentido assim... Talvez o Otávio tivesse razão. Na fazenda eu estaria protegida. Estaria com ele... e também com meu pai.” Havia algo reconfortante em lembrar da vida mais simples e segura no interior. Naquele lugar, a violência não era constante como na cidade grande. Não havia buzinas, ruas hostis ou medo em cada esquina. Ali, sim, sentia-se verdadeiramente em paz.
Mas agora, Helena enfrentava a cidade com os próprios pés — e isso exigia mais do que coragem. Exigia força emocional, discernimento... e fé. Fé de que tudo aquilo era apenas um susto. Que aquela sombra de insegurança passaria.
Helena e Maitê passaram para tomar um café da manhã juntas, como faziam em suas segundas-feiras favoritas. O ambiente leve da padaria , com cheiro de pão fresco e café passado na hora, ajudava Helena a se acalmar, embora a sombra da manhã estranha ainda pairasse em sua mente. perguntou sobre como Catarina e Thainara estavam e Maitê confessou o que sabia que as duas haviam se desentendido e Helena reclamou
:_ É incrível como o Renato, mesmo não estando no centro de nada, acaba virando sempre um problema.
Maitê olhou para ela com cuidado. Sabia que Helena ainda acreditava demais em Catarina, e isso a impedia de dizer tudo o que realmente pensava — não sem provas concretas.
:_ Catarina ficou incomodada com a Nara, mas sinceramente… não vi motivo pra isso
:_ eu também não, pra mim está tudo resolvido. Renato me procurou e a Catarina, sei lá, esqueceu de me contar ou achou que não precisava. me procurar e Catarina não quis ou esquecer de me falar
Maitê suspirou bem baixinho tentando não deixar transparecer o que ela pensava de verdade a respeito de Catarina.
:_ não vi mal algum a Thainara ter me dito, ela nem conhecia Renato.
:_ eu também não, essas coisas acontecem e eu pedi que a Kate não estendesse isso. é muito ruim criar climão
:_ eu conversei com as duas e pedi que isso não acabe afetando no trabalho
:_ e acime de tudo não quero que atrapalhe, somos mais que colegas de trabalho somos amigas e eu gosto de vocês três
Maitê sorriu , sentia muito pela Helena ser tão ingenua com a Catarina mas entendia seu coração e seu sentimento, tocou o ante braço da Helena como forma de carinho e mudou de assunto
:_ e me diga como foi seu final de semana na fazenda?
Helena deu um meio sorriso.
:_ Foi bom… apesar de alguns estresses. A família do Otávio é ótima. Teve churrasco, rolê à noite, motelzinho também…
:_ huuum, fico feliz. Você tava precisando mesmo de um tempo só com ele
:_ mas umas coisas que aconteceram que me deixou muito para baixo
:_ me conta, amiga
Helena falava enquanto revirava os olhos
:_ Primeiro de tudo, o de sempre: Ana Beatriz
:_ ela não larga do seu pé mesmo
:_ a garota tentou boicotar meu encontro com Otávio, eu acho que ela deve ter ouvido o irmão falar com a minha cunhada mas não deu certo e, o pior garota tentou boicotar meu encontro com o Otávio. Acho que deve ter ouvido o irmão falando com a minha cunhada… mas não deu certo, graças a Deus. E o pior…
:_ o que aconteceu amiga?
Helena respirou fundo, como se o que viesse a seguir pesasse em sua alma.
:_ o pai dessa menina, o pai do Bruno, continua me irritando. Me mandou uma cesta de presentes… e eu já cansei de dizer pra ele parar. Eu nunca, nunca dei abertura pra isso. Ele é um homem casado, muito mais velho… me causa repulsa.
Maitê ficou séria.
:_ ele deveria se envergonhar. Você nunca deu confiança. E sendo ele pai do Bruno ainda por cima! Mas, amiga… você já falou sobre isso com seus pais?
:_ não. Só a Tiana sabe. Eu nem gosto de imaginar o que meu pai faria se soubesse. Eles são amigos desde sei lá quando… desde jovens.
Maitê segurou a mão dela com firmeza.
:_ amiga , se esse cara não parar, você tem que falar com seu pai. Cuidado. Isso pode evoluir pra um assédio moral, ou coisa pior.
Helena assentiu, visivelmente tensa.
:_ eu sei que você tem razão… e vou ficar mais atenta. Mas, em São Jorge, eu sempre estou com meus pais, com o Otávio e a família dele. Lá é tão seguro… tão diferente daqui.
Maitê olhou a amiga com carinho e preocupação. Não era só sobre segurança física — era o cansaço de lidar com situações em que se sentia invadida e sobrecarregada. Ela sabia que Helena carregava mais do que mostrava.
:_ Você não tá sozinha, viu? Se esse homem passar dos limites, a gente vai dar um jeito. Mas não guarda isso só pra você.
Helena sorriu de leve, grata pelo apoio.
:_ Obrigada, amiga. Eu precisava muito ouvir isso hoje.
Na empresa D’Avilla, Leonardo aproximou-se da recepção com passos calmos. Manuela estava ali, como sempre, impecável — era impressionante como ela conseguia estar deslumbrante até mesmo com o uniforme da empresa. Usava roupas básicas, pouca maquiagem e quase nenhum acessório, mas sua beleza natural se destacava. Mais do que isso, havia algo em sua presença: a educação gentil, a alegria espontânea, o sorriso bonito e sincero, e aquele cabelo acobreado com um perfume suave que combinava perfeitamente com o tom quente de seus olhos.
:_ bom dia, senhor Leonardo
sua voz era doce , alegre e bonita, sua forma espontânea de conversar que encantava todos a sua volta
:_ bom dia , Manuela. Como passou o fim de semana?
:_muito bem, graças a Deus
Leonardo consultou rapidamente o celular e então falou
:_ Manuela, eu gostaria que você encontra-se passagem para a praia para esse feriado de carnaval, pode ser qualquer praia em são Paulo, qualquer uma não
ela falava e sorria e que sorria bonito e sedutor, ele continuava falando
:_ uma praia bacana. E também uma hospedagem confortável. Pode incluir restaurante, estadia… o que for possível organizar.
:_ Para o feriado inteiro?
:_ exato , nome da minha mãe
:_ faço ainda pela manhã
:_ obrigada Manuela
:_ e a dona Vera, ainda não chegou?
A pergunta o fez baixar o olhar por um instante. Leonardo sabia bem por que a mãe não estava presente, mas o assunto lhe causava tristeza e um certo constrangimento.
:_ ela tinha outros compromissos , Bom dia, Manuela. Estou indo para minha sala. Qualquer coisa, me passa a ligação.
:_ bom dia senhor Leonardo.
Anette estava trabalhando na casa da família Palhares. A sensação era estranha — havia algo naquele lugar que incomodava. Ela olhava a mobília impecável, os quadros bem posicionados, os objetos clássicos distribuídos com requinte. Era uma mansão linda, elegante, imponente… e segura. Mas fria. E não era apenas o clima ou os graus baixos daquela manhã — havia uma frieza que pairava no ar. Uma ausência de calor humano, de afeto, de vida.
Sérgio Palhares era o tipo de homem que a sociedade admirava. Estabilizado financeiramente, respeitado profissionalmente, mentalmente equilibrado, um marido presente e um pai aparentemente exemplar. Mas para Anette, havia algo errado — algo que ela não conseguia ignorar.
ela sabia que Chantal tinha um caso com ele e sua intuição falava que existia algo muito maior no caso da Chantal.
Ela sabia do caso entre Chantal e Sérgio. E mais do que isso… sua intuição gritava que havia algo ainda maior por trás, ela desconfiava que Sérgio pudesse estar envolvido no assassinato de Chantal.
Helena convidou Maitê para almoçar em sua casa naquela tarde. A aproximação entre as duas vinha crescendo a cada dia — e isso incomodava Catarina de uma forma grandiosa. Mas ela era manipuladora e dissimulada, e sabia esconder como ninguém seus verdadeiros sentimentos. Conseguia enganar quase todos à sua volta, exceto por Patrícia e Pilar. Ambas desconfiavam dela, mas sem provas concretas, tudo parecia apenas ciúmes da sogra e da cunhada.
:_ Kate
:_ oi, Heleninha
:_ estamos indo almoçar na minha casa, por que você não vem junto?
:_ ai eu adoraria mas marquei de sair com o Nando
:_ hum, e como vocês estão ? e a Pili a Paty
:_ estamos maravilhosamente bem, muito felizes e ansiosos para o nosso noivado , nosso casamento
:_ eu também e tá bem próximo
:_ e bom, a minha sogra e minha cunhada, não cheguei a vê-las , mas pelo o que o Nando tá tudo bem
:_ preciso falar com a Pili, depois eu mando mensagem. a gente tá indo almoçar , beijinhos
No caminho para a casa, Helena desabafou sobre Elisabeth já era algo que ela não conseguia mais pensar sozinha , a prima distante de Otávio que tem uma semelhança assustadoramente com a falecida Olivia, mãe de Otávio.
:_ amiga, tem alguma coisa muito errada com a prima do Otávio
:_ aquela portuguesa?
:_ isso, a mesma
:_ me conta ai o que você descobriu
:_ Primeiro, ela força um sotaque português quando fala com o Otávio.
:_ e ela não era assim ?
:_ Não. Quando fala comigo, ela tem um sotaque leve, quase imperceptível. Fala português muito bem... até demais.
:_ Tá, mas isso pode ser questão de intercâmbio, cultura... sei lá.
:_ Mas isso só acontece com o Otávio. É como se ela mudasse. Como se ela... se fragmentasse
:_ Você acha que ela tá fingindo?
:_ Sim. E tipo… ela é Elisabeth Palhares.
:_ não me atentei a isso , realmente tudo é estranho. amiga ela é tipo uma empresa internacional muito bem sucedida e ela aparece como a prima desconhecida da sua falecida sogra
:_ me entende? olha, eu andei stalkeando a Elisabeth , o perfil pessoa dela e salvei umas fotos, mostrei para a Tiana e surreal a reação dela
:_ como foi?
:_ amiga, ela ficou tão surpresa que eu tive a impressão que a pressão dela abaixou ela ficou mal deverdade
:_ Então pode ser uma gêmea perdida da Olivia? Ou alguma coisa muito mais sinistra.
:_ Ela esconde um segredo, disso eu não tenho dúvidas. Mas agora vamos entrar… depois a gente fala mais. E quero saber de você e do Gustavo também.
Após o almoço, Ana Beatriz aproveitou que seu pai e irmão haviam saído para trabalhar e que sua mãe descansava do plantão para pedir que Nina a acompanhasse até a fazenda dos Reis. Ela queria conversar com a cunhada — e talvez provocar um pouco Otávio. Nina, que de conselheira tinha pouco e só queria prejudicar Ana Beatriz como vingança contra Estevão, sugeriu que ela deixasse Otávio desconfiado sobre Helena.
Nina falava enquanto retocava o gloss vermelho cereja em frente ao espelho do quarto.
:_ eu acho ótima ideia, Bia. Principalmente agora que você sabe que a Helena dos Reis voltou para São Paulo.
:_ eu preciso fazer com que a Inês me ajude, que fique do meu lado. Ela vai precisar de uma amiga quando o DNA da Cecília sair
Nina, enquanto falava, bagunçava a penteadeira de Ana Beatriz, invejando silenciosamente os perfumes, maquiagens e acessórios da amiga.
:_ e você poderia fazer uma visitinha ao Otávio, já vai estar na fazenda mesmo
:_É... eu poderia mesmo. Aquela garota me desaforou na minha própria casa e isso não vai ficar assim.
:_ Você não pode deixar que ela te humilhe sem reação. Essa menina tá muito abusada, se sentindo acima de tudo e todos. Você precisa mostrar que não é inferior a ninguém.
Ana Beatriz passou a prancha alisadora no cabelo, tentando conter as emoções. O peito ardia. Quando a lembrança das palavras de Helena veio à tona, ela não segurou.
:_ Foi humilhante, Nina. Ela disse na minha cara que o Otávio escolheu ela e não a mim. Que eu me sou desesperada, me arrasto por homem comprometido e que, mesmo assim, ele nunca me quis...
Aquelas palavras feriam como lanças. Sentia o gosto salgado da lágrima que escorria e desaguava nos lábios. Ana Beatriz se sentia derrotada, frágil. Nina, fingindo compaixão, aproximou-se e abraçou-a. Por dentro, mal escondia o prazer em ver a rival abalada.
:_ essa menina não sabe nada sobre a vida, Bia. E muito menos sobre os homens. Você é linda, poderosa, não perde em nada pra ela. Muito arrogante essa Helena... mas esse cara vai ser seu, eu garanto.
:_ como pode ter tanta certeza assim ?
:_ eu conheço a vida. E conheço os homens, meu amor. E, acima de tudo, eu tô com você. E vou te ajudar.
Ana Beatriz Beatriz forçou um sorriso. Um traço de esperança brotou em seu rosto. Nina então foi até o guarda-roupa, puxou uma camisa de botões e um sutiã de renda vermelho, e os colocou nas mãos da menina.
:_ toma. Veste isso. E quando for falar com o Otávio, deixa uns dois botões dessa camisa abertos. Confia em mim.
Ana Beatriz aceitou o conselho de Nina. Vestiu o sutiã de renda vermelho e a camisa de botões que deixava parte do colo à mostra — exatamente como Nina havia sugerido. Completou o look com um jeans destroyed e um coturno preto nos pés. O cabelo estava liso, solto, escorrendo pelos ombros como seda, e nos lábios um leve toque de gloss, aquele que realçava ainda mais sua beleza natural.
Ela estava linda. Uma beleza que chamava atenção por onde passava — mas que, naquele momento, carregava algo mais: uma tristeza embutida em cada gesto, uma esperança dolorida, uma tentativa de alcançar um coração que já tinha dona.
Ela sabia disso. Sabia que Helena estava firme na vida de Otávio, mas ainda assim algo dentro dela insistia. Talvez orgulho, talvez amor. Ou uma mistura dos dois, em proporções perigosas.
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