capitulo 6: O Amor Sob Ataque ( parte 3)
Ana Beatriz estava decidida. Sentia, com convicção, que deveria continuar tentando uma aproximação com Otávio. E parte dessa certeza vinha da forma como Nina sempre sabia o que dizer para alimentá-la — não apenas com conselhos, mas com elogios, frases que faziam seu ego inflar e mascaravam qualquer dúvida que, no fundo, ainda teimava em surgir. Nina fazia com que ela se sentisse irresistível, como se tivesse direito a tudo que desejasse, inclusive ao coração de Otávio.
Essa influência, silenciosa e tóxica, fazia com que Bia ignorasse os conselhos mais sensatos — principalmente os do irmão, Bruno, que já tinha tentado alertá-la. Ele via que aquilo não era amor, era uma obsessão, e temia pelas consequências. E, como se o coração cego não bastasse, Ana Beatriz sequer pensava mais em Tiago. O rapaz legal que conhecera no final de semana, que tinha demonstrado interesse real nela, que a fez sorrir de verdade pela primeira vez em meses... simplesmente desapareceu de seus pensamentos. Como se fosse apenas uma distração temporária enquanto sua mente e seu coração seguiam fixos em Otávio.
Ela já não distinguia mais se o que sentia era paixão, orgulho ferido ou uma necessidade desesperada de provar que podia ser escolhida. Mas uma coisa era certa: estava prestes a se envolver ainda mais profundamente em uma história que poderia terminar em mais dor.
Ao chegar na fazenda, Ana Beatriz avistou Victor de longe. Ele estava de camiseta clara, jeans e botas, o cabelo um pouco bagunçado pelo vento, e carregava consigo aquele charme tranquilo que vinha da simplicidade e da força. Era um homem bonito — muito bonito — e interessante, com uma presença marcante. Assim que percebeu o carro estranho se aproximando, Victor precisou pará-las. Não conhecia o veículo da Nina, e, por segurança, agiu como deveria. Foi uma sensação estranha. Quando seus olhos encontraram os de Ana Beatriz, seu coração acelerou. Queimou. De paixão, sim, mas também de tristeza. Ele sabia que não poderia tê-la. E mais do que isso: sabia o que ela realmente buscava ali.
:_ boa tarde
Nina, ao volante, respondeu antes que Ana pudesse abrir a boca.
:_ oi boa tarde , viemos falar com a secretaria d o doutor Tadeu
Victor deixou o sorriso simpático cair ao ver Beatriz ali tão bonita e sabia quais eram as intenções dela
:_ boa tarde
:_ Viemos falar com a secretária do doutor Tadeu.
:_ Bom, vocês têm horário marcado? Não costumamos receber visitas, ainda mais para os funcionários...
Antes que Ana respondesse, Nina tomou a frente com seu ar de superioridade calculada.
:_ Na verdade, eu vim falar com o doutor Tadeu. Tenho uma empresa de engenharia, e a minha amiga vai falar com a cunhada. Acho que isso não seria um problema ao teu patrão, né?
Victor suspirou fundo, visivelmente irritado. Ele sabia que nada daquilo era coincidência, e muito menos inocente.
:_ eu vou confirmar com a Inês por que aparentemente não marcaram um horário
Victor abrindo o portão com relutância. O olhar que lançou para Beatriz dizia mais do que qualquer palavra: ele estava decepcionado.
Helena e Maitê conversaram sobre muitas coisas: a vida, planos para o futuro, trabalho, faculdade e sobre o namoro de Maitê com Gustavo. Maitê confessou que o relacionamento estava promissor e que, finalmente, estava se apaixonando por ele — o que era bom, já que assim ela poderia esquecer o amor que sentia pelo melhor amigo.
:_ Finalmente eu sinto que meu namoro com Gustavo decolou. Ele é um amor de pessoa, um homem lindo e sabe me conquistar.
Helena sorria enquanto mexia em uma mecha de cabelo da amiga, fazendo um carinho carinhoso e cheio de afeto.
:_ ai amiga, você não sabe o quanto eu fico feliz em saber disso. Você merece muito ser feliz.
:_ é muito legal gostar de quem gosta da gente, estar feliz... E, primeiramente, eu acho que tô me apaixonando por ele, amiga.
Uma lágrima honesta escorreu dos olhos de Maitê. Seu rosto, molhado pela emoção, ficava ainda mais fofo e delicado enquanto ela continuava.
:_ é a primeira vez que eu tô gostando de uma pessoa... quer dizer, você sabe...
O semblante de Maitê mudou, mergulhado por um instante na dor do passado, ao lembrar de Luiz Fernando e daquele amor platônico que por tanto tempo a machucou. Mas Helena, percebendo o risco da tristeza invadir aquele momento, logo respondeu com doçura.
:_ sempre tem algo bom para acontecer E você é a prova disso. A Maya e o seu cunhado juntaram vocês dois… ela é sua fada madrinha, eu acho!
As duas riram com gosto, aliviando o peso da conversa. Logo mudaram de assunto, empolgadas, começando a planejar seus looks para o baile de carnaval.
No meio da conversa, Helena não aguentou guardar tudo só para si e pediu ajuda a Maitê sobre o caso de Elisabeth. Ela estava ficando cada vez mais angustiada, e Maitê, que entendia bastante de tecnologia e pesquisa online, era a pessoa certa para isso. Maitê pensou e se lembrou de um site que não era tão conhecido e que poderia ajuda-la
:_ tem um site que pode ajudar amiga. porém é um site que ajuda mais para fazer pesquisa de brasileiros
Helena franziu a testa, visivelmente perdida, sem saber por onde começar.
:_ nossa , caramba... eu não sei mais o que fazer. A verdade é que desde que descobri que ela é prima do Otávio, a minha intuição tá gritando alto.
:_ é as coisas que ela falaram são mesmo estranhas
:_ amiga, ela é muito contraditória. Tem algo errado nas coisas que ela diz. Mai, eu já vi várias contradições: sobre a família dela, sobre a família do marido... E ela comprou uma casa lá em São Jorge, da imobiliária. Disse que é pra quando voltar ao Brasil. Mas, sinceramente, eu não consigo confiar em alguém que mente tanto.
:_ Podemos pesquisar pela Olivia, mãe do Otávio, nesse site que te falei. Vai que aparece alguma coisa linkada a ela.
:_ boa ideia. Você me passa?
:_ claro Lele.
Maitê hesitou por um segundo, mas arriscou:
:_ amiga você já pesquisou o atestado de óbito dela?
Helena suspirou, com o olhar fixo na parede por um instante, como se estivesse lutando contra um dilema moral.
:_ não. Sendo bem sincera, eu me sinto mal fazendo isso, me tornando uma stalker e tudo pelas costas do Otávio... Mas, se eu descobrir alguma coisa, vou falar com ele. Claro que vou.
Maitê assentiu com delicadeza. Elas sabiam que estavam pisando em território delicado, mas a verdade é que a intuição de Helena nunca falhou — e algo naquela mulher definitivamente não fazia sentido.
Tadeu estava em uma reunião e não poderia atendê-las, mas isso não era um problema para Ana Beatriz, que só queria mesmo conversar com Inês e, é claro, ver Otávio. As duas foram informadas de que precisariam esperar ou retornar outro dia. Enquanto Nina permanecia sentada no hall da recepção mexendo no celular, Ana Beatriz andava pelos corredores como quem sabia exatamente onde queria chegar. Quando estava quase alcançando a sala de Inês, Otávio surgiu de uma porta lateral, e os dois se encontraram de forma inesperada. Ele parou por reflexo, e ela, ao vê-lo, abriu um sorriso confiante. O coração dela acelerou. Já o dele, pesou de cansaço e frustração. Aquela insistência começava a ultrapassar todos os limites. Ana Beatriz desabotoou dois botões da camisa como havia combinado com Nina, jogou o cabelo para o lado e tentou esbanjar toda a sensualidade possível.
:_ oi , Tavinho
:_ Ah… oi, Beatriz
:_ como você está?
:_ estou bem e estou trabalhando
:_ é , eu sei. e como passou o final de semana? tentei falar com você na feira e não consegui
:_ eu estou bem. Agora, se me permite, com licença… eu estou em horário de trabalho, não posso ficar conversando.
:_ então, se quiser, a gente pode marcar um horário pra conversar… um sorvete, talvez… o que acha?
Otávio fechou os olhos por um segundo, tentando conter a irritação.
:_ Beatriz, eu tô tentando manter a educação e a cordialidade com você exclusivamente por você ser amiga e irmã do namorado da Inês. Mas essa insistência sua me incomoda demais. Eu não quero sair com você, nem pra tomar sorvete, nem pra mais nada. Eu tenho namorada. E Beatriz… eu não quero perder a educação com você, então aceite isso de uma vez por todas.
Ela forçou um sorriso e tentou suavizar o clima:
:_ a gente sempre foi amigos, e eu não vejo problema nisso. Você não é indiferente a mim… e você sabe disso. Eu sei que você me acha bonita, gostosa… eu sei.
:_ não.
Mas Ana Beatriz seguiu, como se ignorasse o peso das palavras dele.
:_ mas de toda forma, eu não vim aqui pra te paquerar. Eu vim pra conversar com a Inês… e aproveitar pra te parabenizar.
:_ não é meu aniversário
:_ eu sei, Tavinho. Eu vim te parabenizar porque… você vai ser pai.
Otávio arregalou os olhos, completamente perdido. Ficou pálido por um segundo e tentou entender do que ela estava falando.
:_ Beatriiz… eu e você… a gente nunca… o que você tá inventando dessa vez?
Otávio se encontrava incrédulo e um pouco assustado, sem entender o que Ana Beatriz estava dizendo. Com um olhar visivelmente curioso, ficou esperando pela resposta — foi quando Inês chegou de surpresa, questionando o irmão e a amiga:
:_ o que tá acontecendo aqui ?
Sua voz soava visivelmente irritada e preocupada com a expressão de insegurança no rosto do irmão.
:_ Bia , o que foi ?
Enquanto cumprimentava Inês com um beijo no rosto e um sorriso falso, Beatriz argumentava sobre sua presença ali:
:_ oi Inêsinha , a Nina tinha horário com o Tadeu e eu aproveitei e vim falar com você
Inês foi direta e manteve a firmeza , deixando claro que não se deixaria enganar por Beatriz
:_ É estranho, não tinha nenhuma Nina marcada pra hoje. Mas o que você disse pro meu irmão que ele ficou assim?
Beatriz, com sua cara mais cínica, forçou uma doçura na voz que não existia nela e respondeu:
:_ ah , não é nada… seu irmão que é exagerado. Eu só parabenizei ele, porque vai ser papai. Aliás, parabéns, Inêsinha, você vai ser titia.
Aquelas palavras atingiram Inês como um soco. Ela olhou para o irmão, desacreditada, mordeu os lábios e perguntou:
:_ Otávio, o que ela quer dizer com isso ?
:_ eu de verdade não sei
:_ você e a Beatriz ficaram, é isso ?
:_ Claro que não! Você sabe que não. Isso nunca aconteceu. E nem vai acontecer.
Ana Beatriz sentiu uma agulhada no estômago — o sabor de não ser querida, de ser indiferente para ele… E, pior ainda, o amargor da rejeição queimava todo o interior de seu corpo. Inês, percebendo a tensão, pediu que o irmão voltasse ao trabalho e, em seguida, que Beatriz a acompanhasse até sua sala.
:_ Otávio, melhor voltar a trabalhar
Entregou em suas mãos umas listas para ele verificar
:_ toma, é dos fornecedores , verifique para mim por favor
:_ claro Inêsinha, mas você sabe que eu nunca...
Inês interrompeu e não deixou que o irmão terminasse a fala
:_ é claro que eu sei que você e eu confio em você, e Beatriz me acompanhe até minha sala por favor.
Sua voz era calma, mas séria — na medida que o momento exigia. Otávio, visivelmente constrangido, pegou a planilha e voltou ao trabalho.
Victor, que observava tudo de longe, acompanhava em silêncio o desenrolar da cena. O olhar decepcionado era impossível de esconder. "Eu preciso esquecer de vez essa menina…" ele concluía em pensamento. ´´ Não acredito que pude me apaixonar pela garota mais egoísta, cruel e traiçoeira de São Jorge. Vai ser a última vez que penso em você.´´
Amália já estava em casa. Tadeu havia retornado ao trabalho, e ela se perdia entre as páginas de alguns livros antigos de sua coleção. Usava um vestido bonito e delicado, os cabelos soltos e cheirosos. O quarto exalava o perfume suave de uma rosa branca recém-colhida, perfumando todo o ambiente com leveza.
Sebastiana bateu à porta com delicadeza antes de entrar. Aproximou-se suavemente, puxando assunto:
:_ que lindas as rosas brancas, a senhora ainda gosta muito delas
:_ gosto sim, são as minhas favoritas
:_ são lindas e está cheirosa
:_ sente-se comigo Tiana, aceita um chá?
:_ Ah, obrigada, dona Amália.
:_ sabe que não precisa me chamar de dona, somos amigas.
Sebastiana sorriu e, ao notar a capa do livro nas mãos de Amália — Para Sempre Alice —, puxou conversa, tentando se aproximar com delicadeza:
:_ tem gostado do livro ?
:_ tenho sim, esse foi um presente que ganhei a pouco.
:_ Helena puxou o gosto da leitura
:_ é verdade, minha menina herdou as melhores qualidades de mim e de Tadeu
:_ Com toda certeza. Dona Amália, eu não queria ser intrometida nem nada… mas tem um assunto que gostaria de conversar.
:_ pode me dizer , Tiana. Está acontecendo alguma coisa? Se pudermos ajudar...
Sebastiana pegou a xícara pela alça, fazendo movimentos suaves em zigue-zague nas bordas com a outra mão. Respirou fundo, buscando coragem para dizer o que lhe pesava no peito.
:_ dona Amáli, eu não quero ser invasiva... Mas é sobre uma preocupação que tenho. Envolve a Heleninha.
Amália sentiu um leve mal-estar ao ouvir aquilo. Franziu o cenho, mas permaneceu em silêncio, sinalizando com o olhar que Sebastiana podia continuar.
:_ No final de semana, a Heleninha me contou um pouco sobre a tal prima do Otávio...
:_ entendi, é sobre Elisabeth
:_ é sim, Heleninha me mostrou uma foto dela e eu fiquei muito surpresa
Amália soltou um longo suspiro, piscando lentamente, como se buscasse tempo para processar o que acabara de ouvir.
:_ eu também fiquei muito intrigada com a semelhança dessa mulher, com Olivia
:_ eu fiquei assustada, sendo bem sincera. Tenho uma sensação muito estranha com essa história. Há algo errado nisso, dona Amália. Não parece coincidência.
Amália fitou a xícara em suas mãos, o rosto sério, mas sereno. Sua voz saiu firme, mas baixa, como quem mede as palavras com cuidado:
:_Eu estou de completo acordo. Essa mulher me intriga desde que descobri da sua existência e da aproximação com a minha filha... É tudo muito suspeito.
:_ A semelhança dela com a falecida Olivia é assombrosa. E a filha dessa Elisabeth...
:_ É como se Olivia e Elisabeth fossem... irmãs gêmeas. Surreal.
:_ e eu conheço a Olivia desde antes de ter o Otávio. Ela nunca me falou sobre irmã, prima... ainda mais uma prima de outro país.
:_ Essa história toda é muito fantasiosa. A prima francesa que fala português, aparece do nada no Brasil, se aproxima da Helena... e depois se diz prima do Otávio?
:_ E o seu Nelson? Nada disse?
:_ Que eu saiba, não. Mas a Heleninha está muito desconfiada dessa história. Ela quer investigar a fundo, mas também tem medo. Eu demorei para aceitar o namoro dela com o Otávio...
:_ Otávio é uma boa pessoa, dona Amália.
:_ Eu sei, Tiana. Hoje eu sei. Não me orgulho disso... mas enfim. Eu pensei em uma coisa. Pode parecer fantasiosa demais...
:_ quer compartilhar comigo o seu pensamento ?
:_ Tiana... ou essa mulher é uma irmã gêmea de Olivia... ou é a própria Olivia.
Sebastiana arregalou os olhos e sentiu um calafrio. A xícara quase escorregou de sua mão.
:_Foi exatamente o que eu pensei... mas... a Olivia morreu. E tem muitos anos.
Na fazenda dos Reis,, Inês entrou na sua sala acompanhada de Ana Beatriz. Sentou-se com firmeza na cadeira atrás da mesa e, sem disfarçar a mágoa que já lhe pesava no peito há tempos, indicou a cadeira à frente . enquanto Inês tomava um gole de água e começava a falar, com a voz firme e olhos que não desviavam.
:_ Bia, o que veio fazer aqui ?
:_ eu vim acompanhar a Nina, eu já disse
:_ a tal Nina, está esperando até agora por que não tem horário marcado com o seu Tadeu e ele possivelmente não poderá atende-la
:_ ah, mas ela resolveu arriscar e eu aproveitei e vim te ver
:_ Você sabe que eu não posso ficar recebendo visitas no meu trabalho. Poderia ter passado na minha casa à noite, ou pelo menos me ligado.
:_ eu sei, desculpa. mas como eu estava de carona com a Nina, a gente vai passear por são Jorge
:_humrum , tá. então por que você está incomodando meu irmão?
Ana Beatriz mexeu nos cabelos, tentando disfarçar o incômodo.
:_ eu só passei por ele e cumprimentei. Só isso. Nossa, não precisa desse exagero... eu só fui educada!
:_ não! você causou constrangimento e incômodo. E você sabe disso, Beatriz.
:_ nossa... não foi minha intenção...
:_ não precisa fingir. Sua intenção foi exatamente essa. Agora me diz: que história maluca é essa que você inventou?
:_ Que o Otávio vai ser papai? Não é invenção. É verdade.
Inês arregalou os olhos, surpresa e irritada.
:_ Otávio me disse, na sua frente, que você e ele nunca ficaram. Que loucura é essa, Beatriz?
Ana Beatriz, com um sorriso frio e triunfante nos lábios, soltou a bomba:
:_ Inês... não sou eu quem está grávida. É a sua cunhada. A Helena. Você não sabia?
Inês surpresa respondeu
:_ não, eu não sabia. Bom... isso é um assunto particular dos dois. Mas, se for verdade, fico feliz. Afinal, meu sobrinho vai ser lindo e muito amado.
Ana Beatriz cruzou os braços, com um sorriso vago, quase debochado.
:_ são Jorge inteiro sabe disso... e sua cunhada não contou pra vocês?
Inês franziu o cenho, como se finalmente entendesse as intenções por trás da visita.
:_ ah, então é isso. Você ouviu fofoca dessa gente desocupada e veio confirmar se era verdade.
:_ não é fofoca. É verdade. A Sebastiana, que trabalha na casa da sua cunhada, comprou um teste de gravidez na farmácia na sexta à noite.
:_ você viu isso com os seus próprios olhos? Claro que não. Beatriz, são só boatos que esse povo gosta de espalhar. E você sabe disso. Agora me diz, o que você ganha com isso? e daí se meu irmão engravidar a namorada? Eles são adultos, namoram, se gostam... Qual o escândalo?
Ana Beatriz respirou fundo, como se se preparasse para se vitimizar.
:_ você é muito grosseira comigo, Inês. Eu pensei que fôssemos amigas...
Inês a olhou por um segundo, séria e sem paciência para aquele jogo.
:_ Eu também pensei isso...Mas você traiu a minha confiança. Me fez passar por uma humilhação horrível na frente dos meus pais e do seu irmão. Só que, olha... há males que vêm para o bem. Depois daquilo, comecei a trabalhar aqui, amadureci... e meu irmão firmou o relacionamento com a Helena. Ela é maravilhosa comigo e com ele. Eles se amam. E você sabe disso.
Ana Beatriz revirou os olhos, tentando esconder o incômodo.
:_ Você não precisa jogar isso na minha cara. Além do mais, eu já pedi desculpas. E você aceitou. Ou era mentira? Foi só pra ficar bem com o Bruno?
:_ não era mentira. Eu não preciso disso. O Bruno e eu nos amamos. Eu te desculpei de verdade. E você sabe que eu gosto de você.
:_ eu também gosto de ti, Inêsinha... você é minha melhor amiga
Inês sorriu, sem humor. Os olhos denunciavam a decepção.
:_ melhores Amigas? Bia... amiga não joga sujo com quem confia. Amiga não aparece no trabalho da outra pra plantar discórdia na família dela. Você confundiu amizade com oportunidade.
:_ você não precisa agir comigo, eu apenas vim te ver... falar com você
:_ não, Bia. Já faz tempo que venho percebendo você. — Inês balançou a cabeça, decepcionada. — Eu pensei que nossa amizade pudesse continuar… de verdade. Mas esse sentimento que você nutre pelo Otávio tá te fazendo mal. Você foi até a Golden tentar boicotar a surpresa da Helena. E agora isso? Ai, Bia… eu lamento, mas nada do que você fizer vai fazer meu irmão se apaixonar por você.
O silêncio que se instalou era denso, carregado de tudo que nunca foi dito. Ana Beatriz sentiu o baque. Rejeitada — de novo. Engoliu o orgulho, mas não pôde evitar o tom amargo.
:_ Inês… eu errei contigo, sim. E me arrependo. Tentei retomar nossa amizade. Você tá com o Bruno agora… mas olha, eu não vou ficar me rebaixando por causa disso. Se você escolheu a Helena, então pra que a gente vai continuar fingindo que é amiga?
Inês respirou fundo antes de responder, sem raiva, apenas com a firmeza de quem já estava cansada.
:_ não fui eu quem escolheu a Helena, Bia. Foi o Otávio. E foi uma escolha maravilhosa. Agora… se você só quer ser minha amiga pra tentar se aproximar do meu irmão… então, sinceramente, não tem por que manter essa amizade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário