capitulo 4: tentativas em vão ( parte 5)
Helena percorria a cidade em seu carro, tentando se distrair da sensação de mal-estar que ainda persistia em seu corpo. Embora estivesse um pouco mais calma, o nó na garganta e a leveza do desconforto continuavam a incomodá-la. A noite já havia se instalado, e a escuridão envolvia a cidade, criando um cenário tranquilo
Helena observava calmamente cada detalhe da cidade que passava pelas janelas do carro. O verde vibrante das árvores e o ar puro que penetrava pela janela aberta eram um espetáculo em si, trazendo uma sensação de frescor e tranquilidade que Helena sentia falta na grande metrópole. O cenário natural parecia um refúgio pacífico, um lembrete do que ela estava perdendo em meio às construções, shoppings e prédios da capital.
Ana Beatriz ainda estava sentada na praça, observando o movimento ao seu redor. Casais passeavam de mãos dadas, algumas crianças corriam e brincavam ao redor do carrinho de pipoca, e a igreja, fechada àquela hora, parecia silenciosa e distante
Enquanto observava a cena, Ana Beatriz se perdeu em pensamentos. "Quanto tempo faz que eu não venho à igreja?" refletia, um pouco melancólica. Ela questionava a si mesma se ainda havia algum vestígio da velha Ana Beatriz que um dia fora risonha, sonhadora e pura. A menina que sonhava com o verdadeiro amor, que pensava em estudar, que usava roupas com estampas floridas e tinha o cabelo ondulado. A mesma menina que gostava de sair acompanhada da mãe, aproveitando os momentos simples e felizes da vida.
A lembrança da sua antiga inocência e alegria parecia quase como um eco distante, perdido no tempo. O contraste entre quem ela era e quem se tornara agora era doloroso e confuso.
um rapaz que estava do outro lado da praça, em um bar um pouco movimentado, percebeu Ana Beatriz. Com um saquinho de pipoca na mão, ele se aproximou dela, tentando quebrar o silêncio que envolvia a praça.
:_ tá sozinha essas horas ?
Ana Beatriz respondeu, ainda imersa em seus pensamentos:
:_ esperando meus amigos....
ele continuou, um pouco envergonhado por ter chamado a atenção dela:
:_ Faz tempo que estou te observando ali do bar ....
:_ eu nem reparei, de verdade. Agora, se puder me dar licença... estou esperando uma pessoa
:_ me desculpa, eu não quis te atrapalhar
o rapaz estendeu a pipoca e lhe ofereceu
:_ é para você
Ana Beatriz respondeu, hesitante e um pouco desconfiada, mantendo a distância:
:_ ah, obrigada. mas não aceito nada de estranho
sorriu, entendendo a reação dela e tentando desarmar qualquer tensão
:_ não tem problema, podemos nos apresentar
:_ cara, eu não tô afim de falar com você. Entendeu agora? Me deixa sozinha, tá?
:_ foi mal ai, eu só estava tentando ser educado com você
:_ não, qual é? Chega do nada, me oferecendo pipoca, tá achando que é quem?
:_ é só uma pipoca, menina. Não precisa de surto, cara
Ana Beatriz gritou, sua frustração evidente:
:_ vaza daqui, cara! Falou, vai embora, eu quero ficar sozinha!
O rapaz, surpreso e um pouco irritado com a reação dela, retrucou:
:_ a praça é via pública, menina. Abaixa a sua bola! Tá achando que é filha do prefeito ou o quê? Menina amargurada
A resposta do rapaz parecia só aumentar a raiva de Ana Beatriz. Com um impulso de fúria, ela se levantou bruscamente, pegou o saquinho de pipoca que ainda estava na mão do rapaz e, em um acesso de raiva, o jogou no chão
:_ vai embora daqui, vaza , cai fora!
ela gritava , enquanto a pipoca se espalhava pelo chão da praça
:_Qual foi , você tem algum problema ,sua vadia ?
O rapaz gritou, visivelmente irritado com a atitude de Ana Beatriz, Em um impulso de raiva, ele a empurrou levemente, seu gesto refletindo a frustração que sentia.
Do outro lado da praça, um rapaz que estava indo buscar o carro estacionado perto da igreja viu a cena e ficou preocupado. Ao perceber o tumulto, ele se aproximou rapidamente da praça para ver o que estava acontecendo.
Em são Paulo , Renato aceitou sair para jantar com Vera embora estivesse decido em romper com o romance com a mulher , desde sua última conversa com Helena ele percebeu que perdeu muito ao se envolver com outras mulheres por dinheiro e que estava na hora de mudar, por ele mesmo e para tentar reconquistar o amor que um dia existiu entre ele e a menina, tinha esperança que tudo pudesse voltar a ser como antes, sem levar em conta que a confiança é como um copo de vidro, quebrado uma vez nunca mais voltará ao que foi antes e insistir pode causar muitos ferimentos.
Vera estava deslumbrante, sua aparência cuidadosamente planejada para causar uma boa impressão em Renato, o rapaz que ela estava apaixonada. Quando Renato entrou no restaurante, Vera se levantou rapidamente, com um sorriso que tentava ocultar a ansiedade
Renato cumprimentou, com um tom neutro:
:_ boa noite, Vera.
:_ boa noite, sente-se. que bom que você veio
Renato se acomodou na cadeira à sua frente, observando-a com um olhar inquisitivo
:_ vim para saber o que você quer falar comigo
Vera , visivelmente aliviada por ter Renato ali, continuou com uma expressão de leve surpresa:
:_ não atendia minhas ligações, estava me ignorando é uma surpresa estar aqui
Renato , mantendo um olhar sério, quis esclarecer a situação:
:_ me conte, Vera, o que deseja
:_ você! pensei que fosse obvio isso
:_ não é disso que estou falando, o que você queria falar
Vera sorriu vendo a garçonete se aproximar com o menu. Ela pegou o menu das mãos da garçonete e agradeceu :
:_ grata!
Renato continuava com o olhar fixo em Vera, aguardando uma resposta que parecia cada vez mais distante, enquanto ela folheava as páginas do menu distraidamente. A tensão entre eles era palpável
:_ Vera
Ela levantou os olhos do menu, um pouco desconcertada, mas com um esforço visível para manter a calma, fez uma pergunta , tentando desviar o foco da conversa
:_ hum. o que gostaria de provar hoje ?
:_ olha, não faça isso ser mais difícil e complicado do que já é. eu tentando ser firme e sincero com você, por tudo que vivemos juntos. Eu acho, na verdade, eu sei que você merece uma explicação definitiva
ela então , claramente irritada, respondeu com um tom mordaz
:_ é , você está realmente me enchendo a paciência, sendo totalmente antipático comigo
:_ eu não quero prolongar algo que não vai ser legal para nenhum de nos dois
Vera suspirou, claramente tentando manter a compostura enquanto lidava com a frustração
:_ Renato, mas eu preciso pedir algo para consumirmos, se quisermos continuar aqui. Consegui uma reserva em um lugar maravilhoso, um ambiente impecável, onde a comida é perfeita. Aliás, do jeito que você gosta. Então, ao menos tenha educação
Renato se calou, tentando controlar o que sentia e manter a calma diante da situação
:_ huuuum, já sei
:_ o que Vera?
:_ quer uma tábua de frios ou uma porção de bolinho de carne seca ?
:_ frios, é o que você gosta
:_ acertou! um vinho branco vai ser bem vindo
:_ então finalmente podemos ir ao ponto
:_ espere, vou passar nosso pedido à garçonete
:_ vamos querer, uma tábua de frios e uma porção de bolinho de carne seca, por favor. E, para acompanhar, um vinho branco
A garçonete anotou os pedidos e se retirou , Renato novamente trás o assunto
:_ bom, então Vera, novamente te pergunto: o que você quer? Por que marcou esse jantar aqui?
Vera respirou fundo antes de responder, tentando manter a calma
:_ eu sei que você gosta de bolinho de carne seca , enfim... eu preciso saber o que tá acontecendo com você, já faz dias que me ignora, não passou no loft ,Renato você sabe que não sou uma criança, nenhuma menininha boba que gosta de jogos. eu sou uma mulher!
Renato tomou uma dose da água mineral que estava na mesa, suspirou e continuou:
:_ entendosim que você é uma mulher. Então vamos ter essa conversa sem ladainhas. Vera, desde que você foi ao trabalho da Helena incomodá-la por causa de nós dois...
Vera interrompeu, , com uma expressão de surpresa e um pouco de indignação:
:_ ah , o assunto tem a ver com ela?
:_ não, ao menos não exatamente. É sobre nós dois
Vera o observou, aguardando que ele continuasse
:_ eu precisei ir pessoalmente para pedir desculpas a ela
:_ isso eu já sei
:_ tá, e ela me fez ver o quão eu errei. O quão fui baixo, e como as consequências das minhas atitudes estão me ferindo hoje
Vera respondeu, com uma mistura de sarcasmo e desdém:
:_ teve um ataque de consciência? Relaxa, isso passa
:_ em relacionamento com Helena, eu sempre quis tirar vantagem. Da garota mais bonita da faculdade, a mais promissora e inteligente, e por muitas vezes errei com ela. Ela me perdoou algumas vezes
:_ o problema é dela, né?
Renato balançou a cabeça, claramente frustrado com a tentativa de Vera de minimizar a gravidade da situação
:_ não é isso Vera. Hoje eu vejo que joguei fora um futuro promissor ao lado da mulher que eu mais amei e que mais me fez feliz, por momentos. Por luxúria, eu diria. E hoje eu vejo o quanto feri as pessoas, não apenas ela. E eu não estou bem com isso
Vera , visivelmente frustrada, respondeu:
:_ passado é passado, não há nada que possa ser feito para reverter isso
Nesse momento, a garçonete deixou a garrafa de vinho branco e duas taças na mesa. Ela se preparava para servi-los, mas Vera, com um tom áspero, a interrompeu:
:_ deixa ai! eu me sirvo
:_ calma Vera, a moça está apenas trabalhando. não preciso disso, obrigada.
Vera serviu o vinho e já tomou um bom gole para tentar esconder seus sentimentos
:_ Vera , em resumo, não dá mais para continuar, sei lá o que a gente tem, não dá! Eu não tô feliz, eu quero ser feliz, recomeçar a minha vida e, para isso, eu preciso começar por mim, começar trabalhando e...
:_ quer trabalhar? eu arrumo alguma coisa na minha empresa
Renato balançou a cabeça, negando com firmeza:
:_ é, eu quero sim. . Mas não assim. Não quero conseguir nada através de você. Quero parar de me aproveitar das pessoas.
:_ faz muito tempo que você não sabe o que é trabalho, Renato. Teve uma crise de consciência porque a sua ex-namoradinha veio lhe dar sermão, mas essa vadiazinha é passado na sua vida. Não há nada de bom para te oferecer
:_ não precisa começar com as ofensas
Renato retirou a carteira e pegou a chave reserva do loft que Vera lhe havia dado. Ele a colocou em direção a ela e continuou:
:_ é a chave reserva do loft que você me deu. Estou te devolvendo. Vera, não dá mais para continuar. Eu não tô bem e nem feliz. E é isso, não há forma fácil, mas não quero mais continuar com você. Quero recomeçar a minha vida
Vera continuou olhando para Renato, sua fúria evidente em cada linha de seu rosto
:_ mocinho , não pense que eu sou como a sua ex-namorada, que você faz o que bem entende e pronto. Eu não sou uma dessas meninas insossas que você está acostumado. Comigo, quem dá as cartas sou eu, e o jogo só acaba quando eu digo que acabou!
Renato, sem se deixar abalar, respondeu com uma frieza calculada:
:_ realmente , você não chega nem perto de ser ao menos parecida com Helena. E não, isso não é um elogio. Boa noite.
Renato se levanta para sair, mas Vera, em um ato de pura vingança, pegou a taça de vinho branco que estava à sua frente e a jogou diretamente em seu rosto, tentando humilhá-lo.
:_ você não éé, não foi e nunca vai ser ninguém. Apenas um garotinho. Aguarde notícias minhas!
todo o restaurante , que até então estava tranquilo, virou sua atenção para a cena dramática. Olhares curiosos e murmúrios começaram a se espalhar enquanto Renato, com o vinho escorrendo pelo rosto e uma expressão de resignação, apenas passou a língua pelos lábios e se dirigiu para a saída.
Ana Beatriz, ainda tomada pela fúria e medo, reagiu ao empurrão que havia recebido. Ela gritou e insultou o rapaz, sua voz cheia de raiva e desespero
:_Seu imbecil, por que você me empurrou? Vai se ferrar!
O rapaz , agora furioso com a reação dela e sentindo-se desafiado, levantou a mão, como se estivesse prestes a atingi-la. O clima estava tenso, e o gesto ameaçador parecia prestes a explodir em violência. No entanto, o jovem que estava buscando o carro e havia se aproximado da praça viu a cena e interveio rapidamente. Ao ver o rapaz prestes a atacar Ana Beatriz, ele correu em direção ao conflito, seu rosto expressando uma mistura de preocupação e determinação.
:_ tá ficando louco , cara?
:_ cai fora
:_ nada disso não vou deixar você fazer nada com essa menina, seu covarde!
O rapaz , furioso e desconfortável com a presença do novo homem, respondeu com desdém:
:_ da missa você não sabe a metade, não se meta
O jovem não se intimidou e se colocou entre Ana Beatriz e o rapaz ameaçador
:_ E daí? Não importa o que você acha que sabe ou não sabe. O que importa é que você não vai encostar um dedo nela!
:_ que marra é essa, mauricinho ? por acaso você é o namorado dela ? o carinha que ela estava esperando ?
:_ não é da sua conta, cai fora daqui !
:_ essa mina é uma surtada, vadia!
O rapaz , percebendo que a situação estava se tornando insustentável e que a presença do novo homem estava aumentando a tensão, decidiu recuar. Com um último olhar cheio de raiva, ele se afastou, murmurando palavras de desprezo enquanto se dirigia de volta para o bar.
Ana Beatriz ainda atordoada e com as pernas tremendo, se sentou novamente no banco da praça. Suas mãos, que seguravam firmemente a alça da bolsa, estavam tão trêmulas quanto suas pernas. Ela tentava controlar a respiração e acalmar o coração acelerado, enquanto o jovem que a havia defendido se aproximava com um olhar gentil e tranquilizador.
:_ se acalma, tá tudo bem agora
Ana Beatriz olhou para ele, sentindo um misto de alívio e gratidão. Sua voz tremia um pouco enquanto ela respondia :
:_ obrigada, de coração. Eu não sei o que eu faria
:_ imagina, não precisa agradecer. Você tá legal? Precisa de algo?
:_ não, eu só preciso respirar só isso
o rapaz estendeu a mão olhando firmemente nos olhos de Ana Beatriz com o sorriso mais lindo e iluminado disse:
:_ me chamo Tiago
Ana Beatriz olhou para a mão estendida e, após um momento, estendeu a sua para apertar a dele, um gesto que simbolizava tanto a gratidão quanto um pequeno alívio :
:_ me chamo Beatriz
Tiago , ainda demonstrando preocupação com o bem-estar de Ana Beatriz, ofereceu-se para ajudar de outra forma :
:_ se quiser posso buscar um copo de água para você
:_ não , tá tudo bem. Eu já causei demais
:_ bom, então eu já estou indo. Acho que você está esperando pelo namorado, né?
:_ ah, não. Eu só falei isso para espantar aquele cara. Na verdade, marquei com a galera, mas pelo jeito eles não vêm mais
:_ cuidado ao ficar sozinha assim, São Jorge anda perigosa. Se quiser, posso esperar alguém vir te buscar ou até fazer uma escolta para garantir que você chegue em casa em segurança
:_ eu vou ligar para o meu irmão e meu pai me buscarem, obrigada
:_ tudo bem , é mais confiável a família mesmo. estou indo Beatriz
Ana Beatriz levantou-se do banco, ainda um pouco trêmula, e deu um beijo no rosto de Tiago, um gesto de gratidão que parecia ser um hábito para ela. Ela sorriu com um toque de alívio e novamente agradeceu
:_ mais uma vez , obrigada.
:_ não foi nada
Antes de pegar o telefone para chamar alguém para buscá-la, Ana Beatriz hesitou por um momento e, com uma expressão pensativa perguntou:
:_ Tiago ?
:_ sim?
:_ você é daqui mesmo de são Jorge, eu nunca te vi por aqui
:_ sou sim, na verdade voltei a pouco
:_ ah sim, entendo.
:_ e você mora há muito tempo aqui?
:_ nasci aqui , eu queria te pedir uma coisa?
:_ aceita a água ? eu busco na farmácia ou no bar , se quiser...
:_ não, valeu. não é isso
:_ ah. então o que seria ?
Ana Beatriz um pouco hesitante, mas decidida, respondeu:
:_ se não for incômodo, claro, você poderia me dar uma carona?
:_ claro não é incômodo nenhum. Mas onde você está indo?
Ana Beatriz hesitou por um momento antes de responder, tentando ser o mais direta possível:
:_ onde você estiver indo... quero dizer, pode me deixar no Gonçalo se puder
Tiago confirmou com um sorriso compreensivo
:_ claro que sim. .Vamos lá, então
Helena chegou na casa dos pais com o coração ainda palpitando forte, o que causou grande preocupação em Sebastiana. A senhora, com seu jeito acolhedor e maternal, a recebeu com um olhar atento. Enquanto revirava as gavetas da cozinha atrás de um remédio, Helena tentava disfarçar o desconforto
:_senhorita Heleninha
:_ Tiana , oi ?
:_ está procurando algo ?
:_Não, na verdade, nada específico
:_ se quiser , posso pegar para a senhorita
Helena olhou para Sebastiana, sua expressão era um misto de gratidão e desconforto. Com um sorriso fraco e um tom cansado, disse:
:_ nada de “senhorita Helena”, lembra? Mas não, Tiana, estava apenas procurando um estomazil ou até mesmo um Dramin. Estou com um mal-estar, sabe?
Sebastiana, preocupada, aproximou-se de Helena e tocou a testa dela com a ponta dos dedos. A sensação de frieza e a palidez da jovem fizeram com que sua preocupação aumentasse
:_ Heleninha ,, você está pálida e gelada. Está se sentindo mal?
:_ pior que sim Tiana , um mal estar repentino sabe?
:_ me explica o que você tá sentindo filha, qualquer coisa seu Tadeu pode chamar o médico da família
:_ não precisa de médico meu amor, eu apenas senti o coração pular forte e um frio na barriga, mas deve ser emoção mesmo
Sebastiana olhou para Helena com desconfiança. Desde criança, Helena sempre foi saudável e forte, e a ideia de que ela estava se sentindo mal fez com que a preocupação de Sebastiana aumentasse. Ela continuava mexendo nas gavetas da cozinha, procurando por um remédio apropriado, mas interrompeu sua busca para questionar a moça
:_ meu bem , você tomou algum tipo de bebida hoje?
Helena hesitou antes de responder, sabendo que a antiga babá ficaria preocupada e possivelmente repreenderia se soubesse a verdade
:_ bebida alcoólica? Ah, não, faz muito tempo que não bebo
franziu a testa, claramente não convencida pela resposta de Helena. Ela sabia que a moça raramente mentia, mas algo na forma como Helena estava agindo a deixava inquieta
:_ hum, tem certeza Heleninha ?
:_ tá bom Tiana, eu bebi um pouco, mas foi só um gole com meu namorado. Nada demais, realmente
:_ então é melhor não tomar nenhum remédio agora. Tenho um efervescente que seu pai sempre compra e que fica por aqui. Vou buscar para você
:_ gratidão, meu amor
Sebastiana estava caminhando quando parou na porta e olhou a moça aquele olhar estava mais brilhante e iluminado, a pele apesar de pálida e gelada estava linda , voltou até a moça que sorria em sua direção
:_ oi, Tiana, aconteceu algo?
Sebastiana se aproximou de Helena, que estava sentada à mesa, e lançou um olhar preocupado para a moça. Seus passos eram leves, mas seu semblante revelava uma mistura de curiosidade e preocupação
:_ meu bem, a Tiana pode te fazer uma pergunta?
Helena, um pouco intrigada, levantou a sobrancelha e respondeu prontamente:
:_ sim, claro que pode. Você está tão estranha, o que está acontecendo?
então Sebastiana puxou uma cadeira e sentou-se ao lado de Helena, mantendo a voz baixa e um tom sussurrante para garantir que ninguém mais pudesse ouvir:
:_ meu bem, eu não quero me meter na sua vida, nunca. Mas, eu preciso perguntar algo
Helena olhou para Sebastiana com um olhar compreensivo e afetuoso:
:_ eu sei, meu amor. Pode falar, estou ouvindo
Sebastiana hesitou por um momento, procurando as palavras certas. Seu olhar estava fixo em Helena:
:_ mas fala para a Tiana... suas regras estão certas?
Helena parou por alguns minutos, sua mente começando a processar a conversa e a sensação de mal-estar que havia sentido. Embora não tivesse pensado em uma possível gravidez, não podia ignorar que havia um tempo considerável desde que estivera com Otávio e, além disso, sabia que nem sempre usavam proteção.
:_ estou sim, bem para ser sincera ainda não é meu dia , entendeu?
:_ entendo sim meu amor. você está com a pele tão linda e olhar iluminado, e eu precisava antes de lhe dar um remédio
:_ tá tudo certo meu amor , eu não estou grávida .
Sebastiana buscou um efervescente para Helena e pediu que se ela não melhorasse , avisasse pois assim chamaria o médico da família , Helena agradeceu e subiu para o quarto mas ainda pensando no que a antiga babá havia dito
´´ será ? não, não surta Helena Dos Reis! você toma o remédio certinho, e sua já desceu , não há motivos para alarde , você bebeu aquela dose no madness e acabou que não caiu bem, é isso.´´
Tiago estacionou o carro em frente ao Gonçalo e fez uma pausa. Ana Beatriz, ainda um pouco abalada após o incidente na praça, virou-se para ele com um sorriso sincero e um olhar de alívio. Ela o abraçou, expressando sua gratidão, e antes de se afastar, depositou um beijo carinhoso em seu rosto
:_ obrigada mais uma vez, Tiago
:_ não tem o que agradecer , de verdade
:_ tenha uma boa noite, tá ?
Tiago, ainda com um olhar preocupado, perguntou:
:_ tem certeza que está segura aqui ?
:_ estou sim, não é muito longe da minha casa
Tiago deu um último sorriso encorajador e, após um breve aceno, deu partida no carro. Ana Beatriz observou-o partir, sentindo-se aliviada por ter recebido ajuda tão gentil. Ela então caminhou em direção ao Gonçalo o comércio bem frequentado de são Jorge.
Enquanto Ana Beatriz andava em direção a sua casa, olhava o horário no seu celular ´´caramba , eu vou acabar me atrasando´´ pensava a moça
Helena já havia tomado um banho revigorante e vestia uma roupa fresca e confortável. Apesar do cansaço acumulado da viagem, ela tentava relaxar. Com um suspiro de alívio, pegou o celular que estava carregando na mesa do quarto e o colocou no suporte. Enquanto ajeitava os travesseiros na cama, decidiu fazer uma chamada de vídeo com Maitê para saber como havia sido a sexta-feira dela, especialmente no shopping.
:_ oi, Maizinha
:_ oi Heleninha! Boa noite!
:_ boa noite, meu amor. Como você está?
:_ estou bem, organizando algumas coisas da faculdade apenas
:_ você não para nunca né Mai ?
Maitê riu,, um sorriso leve de quem se acostumou com a correria do dia a dia. Ela ajustou os óculos e virou a câmera para mostrar o ambiente ao fundo, cheio de livros e papéis espalhados
:_ como foi de viagem, Heleninha?
:_ ah foi tudo bem , Mai.
:_ você tá bem abatida
:_ tive uma queda de pressão, eu acho, ou foi o vinho que tomei. Mas não é nada demais
:_ hum, tem certeza amiga?
:_ tenho sim meu amor, Mas me fala aí, como estão as coisas no shopping?
:_ tudo muito tranquilo As vendas para o carnaval estão a mil. Mas algo me preocupou hoje...
:_ o que meu amor ?
:_ eu senti a Catarina e a Thainara meio que afastadas , Não sei, elas não quiseram me contar nada, mas o clima não estava dos melhores
:_ hum deve ser por causa daquela situação do Renato e tal, Mas não é legal que essa conversa esteja repercutindo até hoje
:_ eu também acho , e muito menos que elas levem isso para o trabalho
:_ concordo com você , amiga. Além do mais, somos amigas e estamos no mesmo grupo. Imaginar que tudo isso foi causado por culpa do Renato me dá uma raiva..
Maitê suspirou fundo enquanto prendia o cabelo em um coque solto. Ela observava Helena atentamente, tentando processar tudo que a amiga estava desabafando. Embora soubesse que Renato não era uma boa pessoa, Maitê não confiava totalmente em Catarina e estava preocupada com a situação.
:_ amanhã vou tentar falar com a Thainara. Ela me dá mais abertura para termos uma conversa do que a Catarina. Quero tentar entender o que realmente aconteceu
:_ tudo bem Mai, e agradeço demais.
:_ magina, Heleninha. Até porque me sinto um pouco culpada por tudo isso ter virado uma bola de neve
:_ amiga você não teve culpa alguma! tira isso da sua cabeça
:_ mais ou menos, né, Heleninha? Afinal, fui eu quem trouxe a conversa à tona.
:_ não, não teve erro nisso. Você fez bem em esclarecer a situação. A Thainara só comentou porque não sabia que o Renato era meu ex-namorado, mas já está tudo resolvido. Acredito que a Kate deve ter chegado na Nara ainda magoada com isso, e as duas podem ter se desentendido
:_ é, a Catarina disse que faria isso
Helena se recostou na cama e suspirou, olhando para o teto enquanto pensava nas palavras de Maitê
:_ pois é, mas chegando ai , vou conversar com ela. Não é algo que quero no ambiente de trabalho e, para ser sincera, esse assunto já deu o que tinha que dar. Já foi esclarecido e precisamos seguir em frente.
:_ estou de acordo
:_ E Maizinha, por favor, não se sinta culpada. O que aconteceu foi uma consequência das ações do Renato, e não sua.
:_ gratidão, minha linda, por sua confiança
:_ eu quem tenho que agradecer a minha BFF, braço direito e amiga mais top deste mundo
Maitê sorriu
:_ e aí, já conseguiu encontrar com seu namorado?
:_ já simamiga. Ai, que delíciaaaaaaaa. Foi perfeito, como sempre foi e vai ser. Estou muito feliz
:_ que bom meu amor , e está mais aliviada?
:_ sim kkkkk e em todos os sentidos
Maitê riu do duplo sentido
:_ Mas é sério, Mai, eu precisava dessa folguinha e de estar ao lado dele. Essas semanas foram complicadas: Renato, Rafaela, a Vera... e o professor!
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